Tudo pelo Luthor

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Uma semana após a morte de Supergirl

... — Justo é o Senhor em todos os seus caminhos, e santo em todas as suas obras. Perto está o Senhor de todos os que o invocam, de todos os que o invocam em verdade. Ele cumprirá o desejo dos que o temem; ouvirá o seu clamor, e os salvará. O Senhor guarda a todos os que o amam; mas todos os ímpios serão destruídos. A minha boca falará o louvor do Senhor, e toda a carne louvará o seu santo nome pelos séculos dos séculos e para sempre (Salmos 145.17-21)... — O padre falou.

Todos estavam reunidos na praça dos heróis, onde antes possuía uma enorme estátua do Superman e quando eu digo todos, eu me refiro a cidade toda.

Mas dessa vez, era para se despedir do único ser que foi realmente capaz de acabar com aquela guerra e trazer a liberdade para cada cidadão do mundo, mais uma vez...

O exército americano estava ali também, como se Supergirl tivesse sido um dos seus membros e demonstravam todo o respeito à sua casa.

A Ponte do Queensboro exibia uma enorme bandeira preta com o símbolo que ela carregou no peito durante as suas poucas aparições e enquanto encarava o céu cinza, Alex se perguntou o quão hipócrita as pessoas poderiam ser.

— Eles não fazem ideia de quem ela foi... — Disse amargurada, limpando uma lágrima que escorreu de seus olhos ao encarar o caixão vazio.

Ouviu um suspiro do seu lado, mas não se abalou.

— Eles só querem alguém como salvador porque jamais serão capazes de se salvar sozinhos. — Uma voz rouca foi ouvida ao seu lado. — Os humanos nunca estão preparados para lutar suas próprias batalhas, por isso eles necessitam de pessoas poderosas sendo aliadas de suas próprias nações.

— Quem é você? — Encarou o jovem rapaz e o analisou dos pés à cabeça. Loiro, olhos azuis e tinham fisionomias que remetiam a sensação de pertencer a alguém, mas a dor em seu peito tornava tudo menos favorável para aquele instante.

— Sou Liam, um dos novos recrutas do Departamento. — Disse mais baixo, com receio de que outras pessoas pudessem ouvi-lo.

— E o que faz aqui? — Ela questionou, conhecia todos os novos recrutas, mas aquele... Bom, ela estava cansada.

— Eu também preciso de um símbolo para onde retornar. — O garoto disse em silêncio, e Alex tentou puxar um assunto porém Lena surgiu em sua vista e Alex esqueceu totalmente da presença do desconhecido.

— Ei, Luthor... Eu sinto muito.

Lena não havia dito muitas palavras durante toda aquela perda de tempo. Nem quando Alex e Eliza passaram dias no laboratório submetendo o cadáver de Kara com os mais experimentos que ela conhecia. Lena nunca se afastou do lado do corpo de sua irmã, nem pra dormir.

— Você já disse isso, Danvers. — Lena respondeu sem demonstrar nenhuma emoção. — Disse isso quando as lâmpadas amarelas curaram cada ferida do corpo dela, mas não foram capazes de trazê-la de volta. — Alex engoliu em seco. — Você disse isso também quando Hera rodeou o corpo dela de flores embaixo do sol para que o mesmo pudesse absorver o que quer que pudesse de energia. Sua mãe também disse isso para a minha quando precisamos dizer ao Lex que ele não voltaria a andar e quando ele entendeu que Kara estava morta. — Lena encarava o padre falando na frente de todos. — São apenas palavras, Danvers... Eu compreendo a sua necessidade de afirma-las o tempo todo, mas não há necessidades para fazê-las.

— Kara... Ela foi... — Alex tentou, mas foi interrompida mais uma vez por Lena.

— Kara foi muitas coisas que nenhuma dessas pessoas ali presentes jamais saberão. — E era verdade. — Kara foi minha fiel escudeira nos anos após a sua chegada. Não conseguia dormir sozinha porque quando fechava os olhos, era como se ela voltasse para dentro daquela nave minúscula e olhasse para o vazio do espaço.  Minha mãe sempre permitia que ela corresse para a sua cama nas noites em que o medo a atingia. Kara foi também o motivo para que Lex contribuísse com inúmeras pesquisas sociais sobre os extraterrestres em nosso planeta, porque por mais sigiloso que o governo pudesse ser sobre a presença deles, a existência era real e nem todos tinham a sorte que Kara teve ao viver com uma família que possuía recursos. Kara foi o motivo para evitar gatos em casa, quando ela chegou... Eu tinha um de estimação... — Se lembrou. – Ele se chamava Thomas, o gatinho mais dócil que eu poderia ter, eu só tinha ele, antes dela... Então quando ela chegou a terra e se adaptou com a atmosfera. — Engoliu em seco, queria chorar. — Ela estava em seu quarto, tomando banho para jantar... Acabou esquecendo a porta aberta e Thomas tinha livre acesso a casa, bem... Ele entrou no quarto dela e ela simplesmente surtou. Foi a primeira vez que ela viu um gato. Foi a maior gritaria e quando minha mãe e eu chegamos até ali para entender o que estava acontecendo, eu vi a cena mais adorável que meus olhos chegaram a lagrimar. — Limpou uma lágrima que escorreu. — Kara usava um tênis preto, calças jeans pretas e um moletom azul e apontava para o Thomas, ela ficou paralisada quando viu ele se aproximar do dedo dela e pedir um carinho... Ela surtou porque ainda não tinha controle da força e estava começando os treinamentos, ela achava que poderia esmagar qualquer coisa que tocasse... Ela fechou o olhinho esquerdo e observou atenta com o direito a forma que Thomas gostava daquele carinho esquisito que recebia, então ela nem notou quando acabou se sentando no chão do seu quarto e o gatinho se acomodou entre suas pernas. Ela ficou um tempão ali acariciando o gatinho, nem percebeu que Lillian e eu estávamos ali... — Confessou.

The Luthor's - Supercorp Where stories live. Discover now