Capítulo 22

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Lucien

Emily passou a manhã incrivelmente calada desde o percurso até sua empresa que, graças à Deus - ou a Emily - Posso finalmente acompanhá-la como seu segurança. Já estava começando a me sentir como uma pária ao ficar em casa durante dois dias. Ontem, a mesma ficou o dia inteiro sem proteção e quase foi atropelada.

o motivo: ela viu uma nova floricultura e atravessou a rua correndo.

Sinceramente, não sei por quanto tempo essa menina iria sobreviver sem alguém por perto.

Tiro meus olhos do celular após checar alguns e-mails e olho para ela, que está sentada em sua mesa com uma carranca péssima como sempre está desde aquela noite. Os dedos com suas unhas pintadas em um esmalte branco apertam a caneta com força, quase como se ela quisesse furar a cabeça de alguém em vez de pressioná-la no papel.

Relembro daquela noite, em como Emily estava tão perto de mim e tão ofegante, as pupilas dos seus olhos dilatadas e escuras com intensidade e ardendo com nossa proximidade.

a noite em que fui um covarde.
a noite em que eu deveria ter beijado Emily.

Mas, novamente, meus medos falaram mais alto, minhas inseguranças se tornaram parte de mim depois de um tempo, controlando todas as minhas ações e me impedindo de muitas coisas.

Palavras de Christopher, não minhas.

Eu quis dizer que todas aquelas palavras eram verdades, que cada maldito segundo que passei longe de Emily foi como enfiar uma faca em meu peito e empurrá-la aos poucos até que me atravessasse. Que pensar em seus olhos era a coisa que me mantinha de pé, que pensar nela e ouvir suas mensagens era a minha carga.

porra, eu sou idiota pra caralho.

Me concentro no livro que estou lendo, a arte da guerra, porém, ouço uma batida na porta e minha cabeça se levanta automaticamente junto com a de Emily, que aperta mais seus dedos ao redor do lápis até as pontas ficarem esbranquiçadas.

Um homem passa por ela, branco, alto, olhos azuis e toda aquela porra padrozinada, como se fosse a desgraça de um boneco da barbie, não gosto disso. Não gosto nenhum pouco.

As palavras de Hawk me acertam em cheio.

"você vai odiar quando ver"

Hawk filho da puta, eu vou matá-lo.

O garoto entra com o peito estufado, meus olhos captam cada pequeno movimento dele, uma sacola está em suas mãos, ele sorri para Emily que..

ela estava corando para ele? o que diabos?

- Você não precisa ficar trazendo meus almoços, Dylan - diz com um sorriso meigo, o que ela sempre dá quando está meio nervosa quando fico perto demais dela.

Dylan. Mais um nome para a minha lista.

Aperto mais o meu livro que está em minhas mãos, se ele pudesse falar, com certeza estaria pedindo socorro agora. A raiva desce pela minha garganta queimando como o inferno e rasgando meu peito.

- Você precisa se alimentar direito, chefe - diz ele colocando a sacola em sua mesa, a olhando como se ela fosse um pedaço de carne saboroso.

- Não precisa se incomodar com isso.. - os olhos de Emily estão brilhando, e eu quero matar o desgraçado, pior, quero fazer ele gritar de dor por colocar esse brilho nos olhos dela tão facilmente.

eu os coloquei, eles pertencem à mim.

Uma onda possessiva cresce em meu peito e aperto mais meu maxilar, tentando cavar meus pés no chão para não fazer besteira. Vamos lá, Lucien, você não tem nada haver com isso.

HERDEIROS #3 - TENTAÇÃO IRRESISTÍVEL Where stories live. Discover now