Capítulo 38

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Emily

Muitos lugares podem trazer a você a sensação de estar em casa, de estar segura e longe de toda a maldade que o mundo pode lhe causar. O colo dos meus pais e familiares é um deles, mas acrescente mais um na minha lista. Como estar sendo abraçada por Lucien como se ele estivesse com medo de que eu pudesse fugir enquanto ele dorme.

Uma onda de satisfação ruge em meu peito por saber que ele dormiu a noite inteira, sem acordar desesperado por causa de uma crise de pânico ou ansiedade e levanto a cabeça, admirando a forma serena com que ele respira, o jeito como sua pele bronzeada fica bonita com o sol da manhã que entra pelas enormes janelas.

Meus olhos observam atentamente as cicatrizes do seu peito, os rabiscos e queimaduras misturadas entre si como uma pintura, como.. arte. Pura, crua e realista.

Deslizo as pontas dos meus dedos pelas queimaduras pequenas e depois pelas maiores, feitas em um formato de círculo e suspiro trêmula, não querendo imaginar como haviam sido feitas e como deve ter doído.

Lucien agarra minha mão abruptamente me fazendo parar com as carícias e olho em seus olhos metálicos, que agora estavam tão.. calmos. Nada comparado com o que vi na noite passada.

- O que você está fazendo? - sua voz rouca pelo sono alcança meus ouvidos e engulo em seco, minha nuca se arrepia com seu tom mais grave que o normal e limpo minha garganta.

- Admirando você. É tão calmo e parece até um anjo quando está dormindo, nada parecido com o homem ameaçador que você é - digo, vendo-o gargalhar.

O som é gutural e divino, como uma canção grave calma e gostosa para os seus ouvidos. Seus olhos brilham conforme seus dentes se abrem mais, tão brancos e ofuscantes.

Sinto uma imensa vontade de correr até meu quarto e tirar uma foto do seu sorriso, para guardá-lo à sete chaves ou desenhá-lo, para mostrar ao mundo inteiro como Lucien é lindo sorrindo, como ele transmite tantas emoções apenas rindo.

Meu coração acelera dentro do meu peito e acho que estou o olhando como uma tola agora, sentindo minhas bochechas quentes.

- Você deveria rir mais vezes - digo, ainda em estado de êxtase.

Uma droga, um vício.

Lucien nega com a cabeça, o sorriso saindo aos poucos dos seus lábios e suspira, arqueando uma sobrancelha grossa e escura como seu cabelo.

- Meus sorrisos pertencem à você - diz, entrelaçando nossos dedos e beijando o dorso da minha mão.

Meu lado possessiva grita dentro de mim em saber que sou a única ao vê-lo gargalhar tão abertamente, sem receios e sem sua armadura brilhante e dura que ele mostra ao mundo. É errado gostar de saber que somente eu posso ver seu lado vulnerável e somente eu coloco um sorriso em seus lábios?

- Você dormiu a noite inteira.

- Fazia tantos anos que isso não acontecia - Lucien suspira - Tinha me esquecido em como é bom e saudável.

- Acho que seu bom humor essa manhã deve ser por isso.

Ele ri - O que eu tenho que fazer para convencê-la de ficar o dia inteiro deitada aqui comigo?

Nego com a cabeça, me afastando à contra gosto de seus braços e do seu calor confortável. Sento na beira da cama, Lucien se aproxima de mim beijando meu pescoço e suspiro, me levantando antes que tudo termine comigo pedindo por mais.

- Algum problema? - suas sobrancelhas se formam em um bolo quando ele as aperta e nego.

- Não, nenhum.

HERDEIROS #3 - TENTAÇÃO IRRESISTÍVEL Where stories live. Discover now