Capítulo 12

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• A y l a •

Pisco meus olhos observando Alice se arrumar com calma.

Levantamos mais cedo por conta de um alarme que ela esqueceu de desativar. Ela aproveitou disso para poder lavar o cabelo, e eu, já que não tinha dormido mesmo, fiz companhia à ela. Eu estou com sono.

—Toma. -Murmura me entregando o uniforme. Sugo minha chupeta lentamente e coço meus olhos sentindo meu corpo um pouco pesado.

Preciso dormir.

— Meninas? Estão acordadas? -Ouço a voz de Seb do outro lado da porta e viro minha cabeça em um movimento leve, por medo de ficar tonta.

— Pode entrar, Seb. -Aly autoriza, terminando de pentear o cabelo.

— Eai, o que... Ayla, ainda não está pronta? -Pergunta preocupado se aproximando e ajeitando meus fios lisos, e levemente ondulados, atrás da orelha.

Pisco novamente e bocejo ainda focada na loira que veste alguns acessórios se olhando no espelho. Seu olhar encontra o reflexo do meu no vidro, porém ela rapidamente desvia.

Eu só não queria que ela se preocupasse tanto...

___♡___

Copio a matéria de história e pego um marca-texto amarelo/laranja para marcar um trecho do livro.

Olho para o lado e arqueio a sobrancelha ao ver Alice dormir.

Fui eu que passei a noite acordada e é a bonita que dorme na aula?!

Seb está pegando um garoto no fundo da sala.

Gays...

Acaricio o cabelo de Alice enquanto presto atenção na matéria. Ela solta um suspiro baixinho e protege o rosto com o antebraço, ainda dormindo.

Tão fofa.

Empurro minha cadeira um pouco mais pro lado, ficando ao seu lado, e abraço seu corpo, deixando minha mão embaixo de sua cabeça. Ela suspira novamente e aconchega a cabeça no meu braço, com seus fios loiros espalhados pela mesa.

Perfeita.

— Entra! -O professor manda para alguém que bateu na porta. — Aisha? O que faz aqui? A Sophia não veio.

— Eu queria falar com o senhor, posso? -Pede baixinho, quase um sussurro. A Aisha é tão tímida... As vezes parece que ela tem vergonha de respirar perto de outras pessoas.

— Ah... Claro, aconteceu algo? -O professor parece preocupado. Ele adora a Sophia.

"O tímpano direito da Sophia quase estourou por causa dos fogos de um vizinho nosso, e no momento ela está internada. Vim entregar o atestado e justificar." -Consigo entender pela linguagem labial da ruiva.

— Ai, meu Deus, você jura?! Eu sinto muito, vocês devem estar surtando. Se precisarem de algo é só me avisar, ok? Obrigada por me avisar, querida. -E então Aisha vai embora após pedir licença.

— A aula acabou? -Alice pergunta coçando os olhos. Sorrio levemente e acaricio sua bochecha negando com a cabeça.

— Ainda não, querida. -Sussurro e ela assente voltando a dormir. Ela segura minha mão e respira fundo não a largando.

Meus olhos estão pesados, e eu estou morrendo de sono.

Eu quero a minha chupeta.

___

— Toma. -Seb me entrega um sanduíche natural e uma garrafa de suco. — Cadê a sua namorada?

Dou de ombros não sabendo a resposta. Alice depois da aula foi pra não sei aonde e até agora não voltou.

— Hm... Quer a sua chupeta, pequena? -Pergunta acariciando meu rosto, e eu nego com a cabeça.

— Se eu usar a chupeta eu vou acabar dormindo... Ainda falta duas horas para acabar as aulas. -Murmuro abraçando ele, encostando a cabeça no peito dele.

— Você não dorme direito há dois dias, qual o problema de dormir em uma aula? -Questiona em um tom um pouco frustrado.

— É aula de física, não posso perder. -Murmuro sentindo ele me levantar em seu colo e sentar no banco alto de pedra comigo.

— Dorme enquanto estamos no recreio. Na hora da aula eu te acordo. -Ele coloca a chupeta entre meus lábios e começa a me balançar lentamente, me fazendo fechar os olhos e suspirar.

Estamos no fundo da segunda quadra, que é abandonada. É raro alguém vir aqui, e mesmo se vier, não tem problema. Tem algumas pessoas com infantilismo aqui, então não é tão raro verem pessoas usando chupeta nesse lado da cidade.

— Ela está bem? -Ouço a voz de Alice e franzo a sobrancelha, ainda com os olhos fechados.

— Onde você estava, garota?! -Seb pergunta sussurrando, tampando meus ouvidos com o braço para que eu não "acorde" com o barulho.

— Na biblioteca. Não acho que Ayla queira falar comigo. -Alice toca meu rosto e coloca uma mecha de cabelo minha atrás da orelha. Sugo de forma ávida a minha chupeta e me mantenho imóvel. — Ela comeu?

— Não... Eu comprei um lanche pra ela, mas ela estava tão cansada que me deu dó e eu deixei que ela dormisse. Parece um bebezinho, coisa fofa.

— Será que ela quer mamar? Ela não mamou essa noite.

Eu quero.
Muito.

— O leite já saiu? -Questiona o Seb. Leite?

— Ainda não... Meus peitos estão doendo. -Choraminga se sentando ao nosso lado, acariciando meu rosto e cabelo.

— Já tentou estimular você mesma? Massageando. Falam que funciona.

— Quem falou que funciona? -Alice sussurra curiosa.

— Ah... Sabe o garoto que eu tô ficando? A namorada dele produz para ele. Ele tem infantilismo...

— SEB, VOCÊ É AMANTE?! -Exclama surpresa e assustada. E eu também estou bem surpresa.   

— NÃO! Eu fico com os dois!

— Ah, claro. Quem come um come dois.

— ALICE! -Seb a repreende. Resmungo pela dor de cabeça que tive após o grito e me levanto, indo para o colo de Alice.

— Oi, meu amor... -Sussurra me abraçando, e eu deito a cabeça no ombro dela escondendo o rosto no seu pescoço. Ela acaricia minhas costas e beija meu rosto e cabeça diversas vezes. — Quer mamar?

— Quero. -Sussurro e ela abaixa a blusa, expondo o seio que eu cubro rapidamente para que ninguém além de mim e do Seb veja. — Hmm...

— Minha neném. -Acaricia minha bochecha e beija minha testa. Ela está bem carinhosa hoje, né?

— Own, vocês são tão gays. -Seb choraminga. — Ah, THÉO! Vem cá, amor. Cadê a Giulia?

Oi... Nû xei. -Murmura o garoto. Conheço essa voz... É o garoto quietinho da minha sala, que o Seb está pegando.

— Hm... Você está bem? -Pergunta e eu abro os olhos vendo ele pegar Théo no colo abraçando a cintura do garoto.

Saudadi da Giu. Nû axu ela. -Resmunga com um biquinho, deitando a cabeça no ombro do Seb.

— Nós vamos acha-lá, ok? Ela deve estar no banheiro tomando insulina. Até mais, meninas!

— Tchau, Seb. -Alice murmura concentrada em acariciar meu rosto. Pisco lentamente e encaro ela, sentindo um alívio em olhar para seus olhos azuis como o céu, com seu contorno azul como o mar e suas pupilas vazias como minha vida antes dela. 

Acho que eu amo ela.

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My (rejected) PrincessWhere stories live. Discover now