Capítulo 14

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♧ S E B A S T I A N ♧
G I L B E R T

- Boa noite, loirinha. -Beijo a bochecha de Alice que sorri e me abraça de lado, já que Ayla está como uma criança em seu colo. - Tchau, ruiva.

Ela me olha enquanto chupa a chupeta azul claro que combina com se pijama de estrelas e sorri levemente com os olhos quase fechando de sono.

Alice entra no quarto dela e eu volto para o meu. Ao abrir a porta encontro Giulia parada de pé exatamente como quando eu sai. Théo dormiu então eu o deixei na cama.

- Ei, Giu, pode deitar. A cama é grande, sabe? Mas se quiser eu posso pegar um colchão pra você e o Théo ficarem na cama sozinhos. -Digo pegando uma escova para pentear meu cabelo que no momento está bem bagunçado.

- Não, eu... Olha, Sebastian, eu não quero dar trabalho, sabe? Eu não sei por que o Théo te ligou, eu só tive uma queda de pressão, não foi nada demais. -Ela começa a dizer enquanto pisca diversas vezes e esfrega o braço esquerdo com a mão direita. Dois tiques nervosos que ela possui. - Eu... eu não vou passar a noite aqui, não se preocupa. Vou acordar o Théo e ir embora.

Oi? Uma menina de quinze anos e um garoto ingênuo sairem sozinhos às quatro da manhã?

- Você está louca, Giulia? Esse horário? E como você iria? -Questiono me sentando na cama e a chamando, mas ela não se mexe. - E, queda de pressão? Giulia, você desmaiou. Imagina se acontece isso agora? Você indo para casa e de repente desmaia?!


- Eu vou de táxi... Eu tenho dinheiro aqui, cinco dólares. Para a minha casa esse horário é quatro. -Ela murmura parecendo insegura, olhando para o chão. - Eu... não se preocupa, vai ficar tudo bem.

- Querida, eu não vou te enfiar em um carro de um desconhecido esse horário, sendo que você pode muito bem ficar aqui. E você não come há horas. Por que está agindo assim? -Pergunto preocupado. Ela sempre se alimentou bem, segundo Théo, e nunca se demonstrou assim insegura.

- Não é nada... Eu só quero ir pra casa. -Sussurra e percebo seu corpo tremer.

- Giulia... Vem aqui. -Me aproximo dela e suas pálpebras parecem pesadas. - Cadê seu monitor de glicose, querida?

- Na bolsa. -Murmura começando a ficar ofegante. Pego sua bolsa que está na cadeira e o monitor que estava no bolso da frente.

- Ei, ei, ei, aqui, senta. -Ajudo ela a se sentar na cama quando a mesma quase cai. Pego o aparelho e furo a ponta do seu dedo, retirando o sangue com um palitinho que vem no kit, seguindo suas instruções que ficam cada mais inaudíveis.

Ótima hora para não saber nada de medicina, porra!

- Abaixo de 85 é... hipoglicemia... -Sua voz é fraca e ela parece aos poucos perder o sentido.

Espero aparecer o nível de glicose e meu coração aperta ao ver o resultado.

65.

- Tá, você precisa de açúcar. Vem, vamos ver o que tem de doce na cozinha. -Pego ela no colo e entrelaço suas pernas na minha cintura. Giulia suspira e deita a cabeça no meu peito, e eu apresso o passo para chegar logo na cozinha. - Ouvi dizer que o correto é tomar suco da laranja ou refrigerante. Eu não tenho laranja, serve refri? -Questiono e ela não responde, parecendo fraca. Dou de ombros e tiro a garrafa da geladeira, enchendo meio copo após deixar Giu sentada na bancada. - Aqui, querida, bebe.


Ela faz uma careta e resmunga ao engolir o líquido, bebendo só metade do que coloquei.

- Ei, você tem que beber... é a quantidade certa para o seu tipo de diabetes.

- Ela não gosta de refrigerante. -Ouço a voz de Théo e arregalo os olhos arqueando a sobrancelha virando para ele. Oxi, ele não tinha regredido? - Pera aí, amor. -Diz baixinho para Giulia e beija a testa dela.

Ele segura a mão dela massageando seu dorso e volta a entregar o copo pra ela, que bebe entre choramingos e afasta o copo quando acaba. Giulia abraça o namorado fortemente e lágrimas caem de seus olhos.

- Eu quero ir pra casa... -Chora se encolhendo.

Eu nunca vi essa garota chorar, desde que eu entrei nessa escola.

- Por que esse desespero, meu amor? -Théo, o ex-neném, pergunta preocupado.

Eu nem chego perto. Vai que fui eu que fiz ela se sentir assim?
Ae, Sebastian! Agora a culpa está me consumindo.

- Eu não quero dar trabalho, Théo. Você sabe que ele é só ficante... Foi o que ele nos disse quando nos conhecemos. Não quero que ele pense mal da gente. Não quero que ache que somos iludidos. Vamos pra casa, por favor! -Implora baixinho.

Então ela se sente assim por causa disso...?

Por algo que eu falei há mais de um mês?
Se eles não importassem para mim eu não ficaria tanto tempo assim com eles... No máximo uma semana e partia pra outra.

- Oh, Giu... -Ouço Théo suspirar e ele me olha de relance e volta a olhar para Giulia. Respira fundo e volta a me olhar. - Acho que vamos embora. Muito obrigada, de verdade, por tudo, mas a gente precisa ir.

- Mas... -Paro de falar ao olhar para Giulia e a encontrar me encarando enquanto tenta prender o soluço. - Tá, eu... vou levar vocês.

- Não, não precisa.

- Tá doido? É claro que eu vou. Vou pegar a chave e um casaco para ela. -Digo ao me tocar que ela está apenas de legging e um cropped.

Entro no meu quarto novamente e pego um casaco grosso de pele, junto com um cachecol e a chave do carro que estava na bolsa.

Voltando para a cozinha eu paro atrás da parede ao ouvir uma conversa.

- Você também tem sentimentos por ele? -Théo pergunta e um soluço se faz presente.

- Acho que sim... -Sussurra Giulia. - Ai, que saco, eu odeio quando o nível minha glicose desce! Eu não consigo parar de chorar depois. -Reclama após soluçar de novo.

- Não devíamos gostar dele, não é? -Pergunta o Théo com um tom magoado na voz.

- Claro que não... Ele não gosta da gente, meu neném. Somos só nós dois juntos pelo resto da eternidade.

- Pelo resto da eternidade?

- Até o fim do universo.

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My (rejected) PrincessOnde histórias criam vida. Descubra agora