Capítulo 8

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Trêmulo e pálido, Seokjin deixou-se cair sobre o sofá.

Sem uma palavra, Namjoon foi até a cozinha e trouxe-lhe um copo de água.

— Beba devagar — recomendou. — Assim se sentirá melhor.

Com as mãos trêmulas, ele levou o copo aos lábios. O simples movimento de sorver a água causou-lhe uma dor terrível, devido ao golpe que havia recebido no maxilar.

— Obrigado — Seokjin agradeceu, depositando o copo sobre a mesinha de centro. 

Levantou-se e caminhou até o banheiro. Mirou-se no espelho e não pôde conter uma queixa. O local atingido estava vermelho, prenunciando a formação de um hematoma. 

— Oh, merda — murmurou, derrotado. Resolveu ir até a cozinha preparar uma compressa de gelo.

Quando chegou lá, percebeu que Namjoon já havia pensado nisso. Envolvendo algumas pedras de gelo num pano de prato limpo, o alfa quebrou-as de encontro ao balcão da pia com dois golpes precisos.

— Sente-se — recomendou. E deu-lhe a compressa. — Coloque-a sobre o queixo. Assim evitará o inchaço.

Murmurando um agradecimento, Seokjin baixou os olhos.

— E o seu ouvido, como está? — perguntou, já inclinando-se para olhar.

— Está bem, só doeu um pouco na hora. — disse, antes de aplicar a compressa. — Sua chegada foi providencial. Não fosse por você, eu nem sei o que teria acontecido.

— Provavelmente Choi Kwang-soo o espancaria.

— Não — Seokjin discordou, com voz trêmula. — Seria pior, pois eu teria reagido. Já faz muito tempo que jurei a mim mesmo que nunca mais apanharia de ninguém, nem mesmo de meu pai.

— Compreendo — Kim Namjoon assentiu, num tom de profundo respeito. — Ouvi parte de sua discussão com Kwang-soo. Nunca pensei que você soubesse a verdade sobre o início da discórdia entre os Choi e os Kim.

— Deu para deduzir — Seokjin afirmou. — Afinal, aquela história de seu bisavô Jae-suk ser um feiticeiro era muito estranha. — Com uma careta de dor, Seokjin aplicou a compressa sobre o local ofendido.

Namjoon fitou-o com estranheza por um longo momento antes de indagar:

— Por quê, Seokjin? Se você sabia da verdade sobre aquela questão das terras que os Choi tomaram da minha família... Se sabia que fomos apenas vítimas, então por que fez questão de manter Soobin longe de nós?

— Já respondi que queria criá-lo à minha própria maneira, sem a ajuda de ninguém — disse Seokjin, afastando a compressa. — Era uma questão de orgulho, eu creio. Além disso, você tinha razão àquele dia... Não é como se eu gostasse de lembrar que Joohyuk é o outro pai de Soobin. E isto não é apenas por ele ser um Kim. — o ômega suspirou, decidido a dizer tudo logo de uma vez — Quando contei-lhe pela primeira vez o que aconteceu, você disse que sentia muito e que entendia que Joohyuk não tinha agido corretamente comigo. Mas... Você sabe que ele abusou de mim, não é? Entende que ele se aproveitou da minha vulnerabilidade naquele momento, certo?

Namjoon assentiu, com uma expressão culpada, diante dos olhos brilhantes do ômega, que o fitavam buscando compreensão. 

— Eu já suspeitava... Depois que nos falarmos naquela caverna, anos atrás, e você se mostrar tão irritado, e, ao mesmo tempo, com tanto medo, me fez pensar um pouco melhor na situação. Vocês não se falavam, não frequentavam os mesmos lugares, não faziam parte do mesmo grupo de amigos. Não fazia sentido você estar grávido dele... Ainda mais com a rixa entre as nossas famílias. Comecei a suspeitar que havia algo de errado nisso tudo, mas não queria perguntar diretamente. Acho que, no fundo, preferia acreditar que minhas suspeitas eram falsas, que o meu irmão não seria capaz de algo assim.

Casamento por conveniência | NamjinOnde as histórias ganham vida. Descobre agora