Casamento por conveniência | Namjin

Capítulo 22

Anoitecia quando Seokjin, depois de terminar as tarefas do dia, resolveu preparar o jantar enquanto cantarolava baixinho, dominado por uma disposição e alegria incomuns. O prato principal seria uma saborosa sopa de aspargos.

O som de um carro aproximando-se pela estrada despertou-lhe a curiosidade.

"Talvez seja algum conhecido de Namjoon", pensou, enxugando as mãos no avental e caminhando até a sala. O alfa chegara da viagem de quatro dias à Nonsan-si naquela manhã, então seria natural que alguém estivesse vindo procurá-lo para tratar de assuntos pendentes. Pelo tempo que passou longe, algumas obrigações haviam se acumulado, tanto que Seokjin mal tinha conseguido vê-lo desde que ele voltara. O alfa passara a manhã ocupado com negociações na cidade e à tarde estava verificando cada setor da fazenda, junto a Soobin. O único momento que conseguiram conversar minimamente foi no horário do almoço, em que o alfa sorrira docemente para ele e perguntara como foram os últimos dias, e ele pode compartilhar sobre o encontro com Yoongi e que ele lhe mandou lembranças. Não entrou em detalhes, fora uma conversa breve, mas foi o suficiente para o ômega perceber que já havia se acostumado com aqueles pequenos diálogos à mesa com o alfa, tanto que sentira falta deles nos últimos dias. 

Abriu a porta e então avistou a velha caminhonete de Choi Kwang-soo.

— Oh, não — murmurou, estremecendo.

O veículo estava agora a cerca de cinquenta metros de distância. Com um suspiro de alívio, Seokjin reconheceu Choi Sejin, seu irmão caçula, no acento do motorista.

Apesar de não ter mais contato com ninguém da família, o ômega sentia um carinho especial em relação a Sejin. Cuidara dele desde que era um bebezinho. E apesar de Sejin não ter se preocupado em defendê-lo quando o velho Kwang-soo o expulsara de casa, Seokjin ainda o estimava mais do que a todos os outros Choi.

Observando-o descer da caminhonete, Seokjin sentiu aquele orgulho que Soobin provocava-lhe com frequência. E não era para menos. Ele praticamente criara Choi Sejin. E agora o via homem feito, forte e vigoroso.

— Sejin! — exclamou, caminhando ao seu encontro. — Há quanto tempo não nos vemos... Nem parece que moramos na mesma cidade.

De fato, Seokjin só avistara o irmão umas poucas vezes nos últimos dezessete anos. Quando o via aproximar-se, o beta sempre desviava o rosto ou puxava o boné que costumava usar sobre a testa, deixando bem claro que não queria conversa.

A princípio, Seokjin sofrera muito com essa atitude de Sejin. A diferença de idade entre eles era de oito anos, então o ômega quase o criara junto aos pais. Era o seu bebê, seu irmãozinho, o último dos cinco filhos dos Choi.

Depois, acostumara-se e acabara compreendendo que o rapaz tivera de tomar um partido. E escolhera o lado do pai, obviamente. Diferente da mãe e de seus irmãos mais velhos, Sejin era apenas uma criança naquela época, o que ele poderia fazer? Nada mais natural que seguisse as ordens do pai, e, desse modo, que o evitasse.

"Talvez Sejin tenha decidido reatar nossas relações agora que já é adulto", Seokjin pensou, esperançoso.

Mas a expressão de Choi Sejin nada tinha de amigável.

— Pelo muito que você fez por mim, na infância, acho que lhe devo um favor — disse, bruscamente.

— Do que está falando? — Seokjin indagou, confuso e decepcionado.

— Vim avisá-lo que seu marido tem um amante em Nonsan-si.

— O quê?

— É um ômega viúvo, um pouco mais velho do que ele. Os dois mantém um caso há muitos anos. Não é algo escondido, todos por lá sabem.