Capítulo 2

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— Bom dia — Namjoon cumprimentou-o.

Seokjin recuou um passo. Jamais culpara os Kim pelo que lhe tinha acontecido no passado. Aceitara tudo sem reclamar. Mas nunca se sentira à vontade perto de nenhum dos integrantes daquela família, principalmente os alfas.

Ansioso para se livrar o mais rápido possível do incômodo visitante, ele indagou num tom seco:

— O que é que você quer?

Com uma expressão muito calma, ele respondeu:

— Estou vindo do cemitério, fui visitar o túmulo de meu irmão. — O alfa retirou o chapéu fedora preto que usava e o segurou em frente ao corpo. Seokjin observou-o por um momento, ele estava vestido completamente de preto, desde as botas até o casaco. Realmente parecia alguém de luto. — Está sozinho? 

— Por quê?

— Vi Soobin dobrando a esquina ainda há pouco. — Namjoon fez uma pausa. Estava impassível, o que contrastava com a evidente inquietação de Seokjin. — Preciso conversar com você, a sós — anunciou, por fim. E avançou.

Seokjin teve de se afastar de lado para não colidir com ele. "Que audácia!", seu lobo gritou em sua mente, ao ver o alfa entrar como se fosse dono daquela casa. 

De súbito, o ambiente pareceu-lhe pequeno demais para ele e Namjoon. Namjoon era um alfa grande, assim como os demais Kim. Sua presença era imponente e esmagadora, o que incomodava o ômega.

Estavam ambos na sala, mas Seokjin não quis convidá-lo a sentar-se. Não o incentivaria a ficar muito tempo.

— Você não é bem-vindo aqui — sentenciou, num tom frio.

— É tempo de chegarmos a um acordo — ele afirmou, com uma expressão determinada nos olhos negros. E no jeito simples e direto, típico dos Kim, indagou: — Você já contou a Soobin que ele é filho de Joohyuk?

Um golpe em pleno estômago não o teria chocado tanto. Por que Kim Namjoon estava ressuscitando esse assunto agora?

Seokjin nunca revelara o nome do pai de Soobin a ninguém, guardara esse segredo a sete chaves por anos. Apenas ele e a família Kim sabiam que fora Joohyuk quem o engravidara. Na época, o Kim tinha dezenove anos. O ômega, apenas dezesseis.

Retesando-se, Seokjin disse a si mesmo que era preciso ter calma, não poderia demonstrar medo diante do inimigo. Sua voz soou estranhamente rouca, ao responder:

— Não.

— Mas suponho que ele já tenha feito perguntas sobre o pai alfa... — Namjoon retrucou. E, como Seokjin não respondeu, insistiu: — O que você lhe disse a esse respeito?

Seokjin não se deixava intimidar com facilidade, mas tinha de reconhecer que estava sendo difícil enfrentar Kim Namjoon. Aquele homem era grande demais, forte demais... E não só fisicamente. Ele possuía um carisma, uma autoridade nata que todos respeitavam na cidade.

Por isso Seokjin teve de armar-se de uma boa dose de coragem para dizer:

— O que eu e meu filho conversamos não é da sua conta.

— Só quero saber se você o indispôs contra minha família, como é costume entre a sua gente.

Uma onda de indignação invadiu Seokjin, que sem querer acabou respondendo à pergunta de Namjoon.

— Eu disse a Soobin que cometi um erro no passado, mas que não posso me arrepender disso, já que o resultado foi o nascimento dele, que é a pessoa mais importante do mundo para mim. Quanto ao ódio que os Choi têm pelos Kim, não é um assunto que nos diga respeito. Apesar de ainda termos o sobrenome deles, há muito tempo deixamos de fazer parte daquela família. Além disso, eu jamais permitiria que meu filho crescesse com esse preconceito irracional e absurdo.

Casamento por conveniência | NamjinOnde as histórias ganham vida. Descobre agora