Capítulo 12

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Ao voltar do campo, Namjoon despediu-se do sobrinho e se dirigiu para os próprios aposentos. O dia havia sido longo, precisava urgentemente de um banho longo e relaxante. Retirou o chapéu, deixando-o sobre a mesinha na ante-sala do cômodo, e começou a desabotoar a camisa enquanto se encaminhava até a enorme porta de vidro que dava acesso a varanda. 

Observando o céu escuro, suspirou, enfim deixando a ficha cair totalmente. Estava casado, agora era oficial. 

Retirou a camisa por completo, jogando-a de qualquer modo sobre um dos móveis, e abriu completamente a porta de vidro. Deu alguns passos para frente, sentindo a brisa da noite atingi-lo. Esticou os braços e depois movimentou o pescoço, buscando aliviar a tensão de seu corpo.

Não só estava oficialmente casado, mas estava casado com Choi Seokjin. Ou melhor, com Kim Seokjin. Àquele que, há algumas semanas, nem mesmo se dignava a trocar algumas palavras com ele. Àquele que era pai do seu sobrinho. Àquele com quem estaria eternamente em dívida. 

Apoiou os antebraços no parapeito, curvando um pouco as costas, sentindo-se ser invadido por lembranças que achava que não existiam mais.

A primeira delas, da primeira vez que se recordava de ter visto Choi Seokjin. Era uma lembrança curta, mas bastante significativa. Devia ter por volta de uns cinco anos de idade na época. Acompanhava o pai alfa, o qual estava de passagem pela cidade. Enquanto o progenitor conversava com um velho conhecido, o pequeno Kim mantinha-se ao lado dele, observando a rua. 

Um pouco mais a frente, notara um grupo de crianças que tinham aproximadamente a sua idade. Como estudava em casa e passava boa parte de seu tempo na fazenda, não convivia com muitas crianças, apenas com seus irmãos. Por isso, o pequeno grupo que ria alto e corria despertara sua curiosidade rapidamente. Dentre eles, um em especial captou sua atenção. Era um garotinho magro, de cabelos castanhos e sem os dentes da frente, que parecia ditar as regras da brincadeira para os demais. 

Namjoon ainda lembrava-se com clareza do desejo que sentira de brincar com elas, aproximar-se. Mas, ao mesmo tempo, sentira bastante receio. Não os conhecia, e se eles não o deixassem brincar? Joohyuk nunca queria brincar com ele, dizia que ele era um bobão chato. Àquelas crianças também achariam isso dele?

De repente, um homem mais velho se aproximou do grupo com uma carranca. Ele começara a gritar e a aumentar os seus feromônios no ambiente, o que assustou o pequeno garoto Kim. Namjoon se agarrou a perna do pai, que, percebendo o olhar assustado do filho, olhou em volta, deparando-se com a cena. Para confortá-lo, o alfa lúpus afagou as costas do filho.

— O Choi não tem jeito mesmo... — Kim Minseok comentou, casualmente, com o conhecido com quem conversava.

O alfa carrancudo puxou uma das crianças bruscamente pelo braço, justamente o garotinho de cabelos castanhos. O menininho fez um pequeno bico com os lábios, como se quisesse chorar, mas não disse coisa alguma, apenas deixou-se ser arrastado pelo mais velho.

— Sinto pena dos filhos dele. Ele nem ao menos deixa-os brincarem por aí. Faz todos trabalharem. — comentou o homem que estava com o seu pai. 

— Aquele é um dos filhos dele, certo? — o Kim perguntou.

— Sim. Um dos mais novos. Choi Seokjin.

Choi Seokjin. Esse nome ficara gravado na sua mente por algumas semanas, assim como a expressão chorosa, porém orgulhosa, do garotinho enquanto era arrastado por aquele homem. Contudo, com o passar dos dias, Namjoon fora apagando aquele breve encontro da sua mente, e aquela lembrança foi esquecida, revivida apenas no ano seguinte, quando encontrou o garotinho de cachos castanhos novamente.

Casamento por conveniência | NamjinOnde as histórias ganham vida. Descobre agora