9 - Beijo proibido

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Quando chegaram do passeio a senhora Mazé levou as meninas para o banho, ela parecia desejar se afastar urgentemente de Elisa e Fernando. Para Elisa era impossível não ficar temerosa que rumores surgissem, mas sabia o quanto a serva era discreta e sentia que se tratava de uma pessoa de confiança.

O silêncio se instaurou entre os dois quando estavam a sós, e Elisa achou melhor se retirar para não ter que tocar no assunto do passeio e de como ficou a vontade nos braços dele.

Elisa chegou em seu quarto sentindo suas pernas ainda bambas, Fernando a deixava confusa, num momento lhe chamara de interesseira e oportunista, entretanto, agora lhe tratava de forma doce e gentil.

Logo tomou seu banho e descansou um pouco. Ao acordar, se sentiu um tanto entediada, além do mais sua mente vagava o tempo todo em um Valença, porém se tratava do Valença errado. Sabia que era incorreto nutrir qualquer que fosse sentimento por Fernando. Mas tudo isso que estava sentindo estava fora do seu controle, mas sabia que em breve ele iria embora e talvez tudo isso passasse. Elisa viu o livro que havia pegado na biblioteca em cima da mesa. Não estava a fim de ler romances, talvez não fosse uma boa ideia tendo em vista tudo que estava sentindo. Iria até a biblioteca e buscaria um livro de aventura, uma boa leitura iria lhe ajudar a curar do tédio.

A casa estava vazia e silenciosa, certamente Manuel e Edna não haviam retornado. Ela seguiu até a biblioteca e abriu a porta, quando viu que a sala não estava vazia, pensou em retornar e voltar imediatamente, Fernando estava concentrado entre os papéis, ela ficou paralisada suas pernas simplismente não lhe obedeciam, ficou ali o observando, estava completamente distraído entre alguns livros de contabilidade e outros documentos, seu cabelo estava úmido e um fio insistia em cair em sua testa trazendo um certo charme, ele parecia bem a vontade sem o casaco, usava apenas uma camisa de linho branca. Se seu corpo lhe obedecesse, seria tudo mais fácil sair dali. Ela engoliu seco quando os olhos dele se direcionaram ao seu. Fernando ficou surpreso com sua presença e não desfarcou sua satisfação em vê-la.

- Me perdoe, pensei que estivesse vazia - ela pediu tentando se virar para sair, mas nem todo esforço era o suficiente para conseguir se mover.

- Pode ficar á vontade.

- Não desejo atrapalhar o senhor.

Ela o viu engolir seco. Fernando colocou a caneta que segurava na mesa e se ergueu.

- Não irá me atrapalhar, mas se quiser posso sair para que fique á vontade.

Por um instante Elisa pensou que não era nescessário aquilo tudo, poderiam sim ficar juntos no mesmo ambiente de forma civilizada. Então deu um passo a frente e adentrou a biblioteca.

- Tudo bem, o senhor pode continuar com seu trabalho, apenas vim devolver este livro.

Ele fitou o objeto de capa dura em suas mãos, mas logo seus olhos estavam sobre os de Elisa novamente, era como se um imã os atraísse. Então resolveu fazer algo que desejava urgentemente entre outras coisas, que eram completamente proibidas, e falou:

- Senhora Elisa, eu preciso muito me desculpar com você.

Ela respirou fundo temendo que ele desejasse falar sobre o que aconteceu no piquenique. Fernando deu um passo a frente saindo por detrás da mesa de madeira, mas ficou ali parado olhando para ela e buscando coragem, pois se sentia muito envergonhado por tê-la julgado mal alguns dias atrás.

- Desejo pedir que a senhora me perdoe pelos insultos naquele jantar há dias atrás. Eu não a conhecia muito bem e no calor da discussão acabei exagerando.

Elisa ficou surpresa com aquelas palavras, não esperava que ele se desculpasse.

- Está tudo bem - falou tímida.

RAZÕES PARA NÃO TE AMARWhere stories live. Discover now