20 - Entrega

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Quando chegaram a fazenda da Vargem, já era quase tarde. Os servos que Fernando havia contratado para trabalharem na casa principal eram pessoas simples e de confiança, o próprio padre os havia indicado. Por isso não se importou que vissem Elisa ali, e juntos. Adelaide a governanta se apressou em recebê-los, não esperava que o patrão viesse tão rápido. Elisa não a conhecia, afinal a mulher viera de outro país, falava apenas o nescessário em outra língua.

Fernando ordenou que lhes preparassem um banho e algo para se alimentarem. A viagem havia sido exaustiva, e Elisa estava em uma espécie de choque ao entrar na casa. Era estranho pisar ali, onde nasceu e cresceu, nem sequer parecia ser sua casa, por um instante se sentiu como uma intrusa. Fernando já havia começado a reforma, a sala estava um pouco maior, o piso parcialmente trocado. Mas ela se sentiu feliz em saber que ele era quem cuidava de tudo.

- Seu quarto ainda está como antes.

Ela estava emocionada, abatida, eram muitas emoções, e certamente voltar ali lhe trazia saudades.

- Obrigada por cuidar de tudo por aqui.

- Ainda tenho muitos projetos.

- Meu pai sonhava em fazer esta reforma - falou andando pela sala agora ampla e se aproximando da vidraça principal. - ele sempre dizia que iria colocar uma fonte bem ali na frente - apontou o pequeno pátio ao lado de fora.
- eu passava horas sentada aqui observando aquele espaço e imaginando a fonte. Mas ele não tinha recursos financeiros para isto, a falência o pegou de jeito, foram muitos planos arruinados.

Elisa ficou quieta, abraçou seu próprio corpo sentindo uma dor cruel, a saudades de sua família era algo doloso. Então Fernando se aproximou e a abraçou.

- Venha, vamos para seu quarto, você precisa descansar.

Às lágrimas ainda insistiam em descer, Elisa fungou e permitiu que ele a conduzisse, devagar subiram até o segundo andar da casa. A parte de cima da casa, ainda lhe causavam muitas lembranças, ver a porta do quarto principal lhe fazia retornar ao momento em que seu pai morreu bem ali há poucos meses. Fernando a guiou até o seu quarto antigo, abriu as portas e ela entrou devagar observando a parte intacta. Seus móveis de mogno, sua penteadeira, a cama com dossel, a tapeçaria e as cortinas ainda eram as mesmas. Ela ficou parada no mesmo lugar em meio a toda nostalgia.

Adelaide bateu na porta de leve Fernando autorizou que entrasse, juntos a outros servos que carregavam baldes com água quente. Passaram por eles e encheram a enorme banheira. Ao sair, Adelaide perguntou se Elisa precisava de algo, ela dispensou, porém Fernando ainda estava ali, ele não queria deixá-la assim, tão perdida em meio a sua dor. Desejava cuidar dela, estar ao seu lado, havia um instinto protetor muito grande naquele instante. Então pediu de forma protetora:

- Me deixe cuidar de você?

Ela balançou a cabeça em afirmação, era visível que não havia nada que quisesse tanto. Seus olhos ainda estavam vermelhos e inchados pelo choro.

Fernando se colocou por detrás dela e devagar abriu os botões de seu vestido um a um. Como ela não o impediu continuou o trabalho lentamente a fim de que tivesse espaço caso não desejasse tanto contato. Quando chegou no último botão notou que o espartilho estava visível, e mesmo sentindo um desejo desenfreado em tocá-la, naquele instante seu instinto de amor e cuidado era maior que o desejo canal. Ele deixou o vestido cair ao chão. Os hematomas que já estavam quase desaparecendo ficaram expostos, e Fernando engoliu seco cheio de toda raiva que sentiu por Elisa ter passado por aquela violência, vê-la assim era doloroso, ele se sentia culpado por não poder ter impedido que ela fosse agredida daquela forma. Com ternura, beijou cada marca demonstrando todo seu amor. Elisa fechou os olhos recebendo as carícias de Fernando, aquilo era como um bálsamo para ela, estar tão intimamente com ele lhe preenchia por completo e trazia alívio para sua alma. Ele então desamarrou e retirou o espartilho, depois abriu a camisa debaixo a deixando apenas de camisola, não a despiu por completo. Ainda estava por detrás dela, e ansiava vê-la de frente, mas isso a constrangiria e ele não desejava se aproveitar da fragilidade daquele momento em que ela estava.

RAZÕES PARA NÃO TE AMARWhere stories live. Discover now