12- Novos vestidos

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Antônia ficou eufórica quando recebeu a notícia de que iria a cidade com Elisa. Ambas estavam animadas, pois quem lhes acompanharia seria a senhora Mazé.

Naquele dia, Fernando organizou suas coisas e após a discussão com Manuel e Edna ele partiu para cidade com dois propósitos antes de ir para Vargem. Precisava procurar um amigo que lhe devia um favor, o major Gregório Sonata, queria saber quais eram as chances de encontrar o irmão de Elisa, e sabia que Gregório seria útil. Também se encontraria com o senhor Menezes seu advogado, ele estava empenhado em busca de respostas, e Fernando precisava urgentemente de um argumento legal para tentar parar Manuel e Edna, aqueles dois a frente dos negócios da família eram capazes de levá-los a falência em pouco tempo. Seu meio irmão não entendia nada de administração, e sua querida mãe era descontrolada nos gastos.

A visita ao Major lhe rendeu alguma notícia, ele havia lhe dito sobre um grupo de soldados que tinha sido enviados a trincheira de Santana, o grupo havia caído em uma emboscada e o local em que estavam fora encontrado queimado, porém não havia corpos. Como se tratava de uma missão especial pouco se sabia sobre o paradeiro dos soldados. Mas Gregório era imensamente grato a Fernando que havia lhe salvado em combate, então prometeu que usaria de sua influência para conseguir mais informações.

Já com Menezes não havia sido tão satisfatório assim.

— Fernando, você sabe que seu pai desejava que você administrasse tudo. Ele sempre deixou isso claro. Mas Edna o atormentava indignada com tal situação, por isso o senhor Valença o deixou a cargo de tudo até que um dos dois se casassem, ele acreditava que Manuel não tomaria nenhuma mulher... — ele gaguejou constrangido com o assunto. Menezes fora o melhor amigo do pai de Fernando e sabia bem das suspeitas do homem a cerca da sexualidade do meio irmão.

Fernando fitou o chão também envergonhado. Aquele também era boatos que rodavam a cidade, o de que Manuel não se afeiçoara as mulheres, porém agora estava claro que se tratava de uma grande fofoca, já que Elisa já era sua de fato, o casamento tinha sido consumado, e tal ideia o deixava tenso.

Menezes concluiu:

— Mas de toda forma, seu pai acreditava que seria você quem protestaria a dívida com os Alvares, por isso deixou a cláusula.

Fernando engoliu seco, se sentia arrependido, talvez se tivesse se casado com Elisa não teria sido tão ruim, mas naquele tempo, acreditava ser algo desnecessário. Mas agora, imaginá-la como sua mulher, lhe recebendo cheia de carinho, em seu leito, o deixava louco.

— Eu jamais o teria feito, chegamos a ter a discussão sobre isso senhor Menezes.

— Sim Fernando, e na ocasião eu lhe disse que no momento em que seu pai fechou o acordo com o João Alvares ele havia dito que o faria para que Elisa fosse sua esposa. Sabia que seria um bom marido pra ela.

Fernando bufou, realmente havia tido aquela conversa. O senhor Menezes havia lhe dito que seu pai estimava o pai de Elisa, e que desejava o casamento, e que o acordo havia sido uma forma de ajudar o amigo para que não precisasse pagar a dívida ou ser preso por ela. Mas Fernando nunca concordou, porém agora tudo fazia sentido. O casamento entre ele e Elisa havia sido planejado pelos pais de alguma forma. Ela estava destinada a ser sua. Estava, no passado pois agora ela pertencia ao irmão.

— Mas senhor Menezes... O senhor me disse que Talvez pudessemos argumentar diante do juiz que eu era o administrador da família, e que Manuel não poderia ter protestado pelo pagamento da dívida.

Menezes olhou para Fernando.

— Se não houver consumação do casamento, Elisa poderá pedir anulação e alegar ter sido enganada se casando com o Valença errado.

RAZÕES PARA NÃO TE AMARWhere stories live. Discover now