10 - O quartinho do castigo

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De tudo que passava em sua mente, Elisa estava apavorada com a possibilidade de reencontrar Fernando. Felizmente não se viram durante o jantar, os servos disseram que ele estava indisposto e por isso não esteve presente. Ela sabia que encontrar com ele não seria algo fácil, pois seu corpo ainda queimava com a lembrança do beijo que haviam trocado. Além do mais, ter seu atual marido e a megera da mãe dele a mesa não facilitava em nada as coisas.

Elisa sentiu falta das meninas, elas também não estavam presente, quando perguntou por elas, Edna mudou de assunto imediatamente, Elisa tentou insistir mas foi bruscamente reprimida por Manuel que deixava claro que era o assunto de sua mãe e que ela não deveria inssistir. Porém não pôde deixar de notar o semblante triste em Mazé que acompanhava o jantar em pé como outros criados, sentiu um nó na garganta, por algum motivo sabia que algo estava errado.

Elisa se alimentou muito mal naquela noite, talvez devido sua ansiedade com tantas coisas que haviam acontecido ou devido as péssimas companhia da noite, Percebeu o quão parecidos eram, Edna e Manuel, sempre arrogantes e soberbos do tipo que se achavam superiores ao mundo. Ela se vestiu e preparou para se deitar. Já era tarde da noite quando ouviu um sussurro vindo do corredor principal. No primeiro momento ela até ignorou, achando estar ouvindo coisas, porém ao notar uma angústia esmagadora no tom de voz feminino do outro lado da porta, ela teve certeza de que não se tratava de sua imaginação.

- Elisa...! - sussurrou novamente.

Se levantou e foi conferir suas suspeitas, era Antônia. A jovem vestia suas abtuais roupas de dormir, e uma touca na cabeça. Mas o que mais lhe chamou atenção era tamanha aflição que a jovem carregava então a colocou rapidamente para dentro do quarto antes que fossem vistas e era nítido que este era o maior medo da jovem.

- Antônia!- falou Elisa quando já estavam dentro.

A menina parecia pálida e seus enormes olhos claros, a observavam em agonia.

- Elisa, eu não consigo dormir. Estou muito angustiada.

Elisa segurou a mão de Antônia e notou o quanto estavam frias. Começava a se preocupar que algo sério estivesse acontecendo, puxou a jovem lhe convidando a sentarem em sua cama ficando frente uma da outra.

- Pelo amor de Deus, Antônia, o que está acontecendo?

A menina respirou fundo como se procurasse coragem para falar, era visível que temia algo.

- É que... Joana está sendo castigada. Mamãe viu suas unhas cheias de terra, já havia deixado claro sua proibição quanto a isso.

Até então Elisa não conseguiu compreender tamanha agonia, pois acreditava que provavelmente a menina tinha sido punida com algum castigo bobo, já que se tratava de um motivo bobo e a menina era demasiadamente levada.

- E de que forma a puniram?

Antônia engoliu seco e olhou para suas mãos em seu colo depois encarou Elisa:

- Ela está no quartinho.

Elisa já tinha ouvido falar sobre esse tal quartinho, e havia até mesmo ficado curiosa sobre o que se tratava, ela começava a ficar mais preocupada, sentia que não era algo bom.

- E que quartinho é esse?

- Mamãe e Manuel nos punem quando desobedecendo alguma ordem, na verdade Joana é quem passa mais tempo lá e... Fernando também esteve quando criança, a senhora Mazé disse que mamãe o deixava lá por dias e até semanas.

Se o fato de ter uma garontinha sendo castigada em um lugar com este nome já lhe deixava pesarosa, saber que Fernando também havia experimentado aquilo quando criança a deixara mais angustiada.

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