19. O Senhor das Marés

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Lyanna tinha saído do quarto após se aprontar para encontrar a Rainha, pois todos os dias desde que descobriu a gravidez, a Lady era convidada para tomar um chá com Alicent Hightower. Isso a deixava feliz, por finalmente ter uma boa relação com a sogra. Ela tinha escolhido um vestido vermelho que Aemond adorava e desceu um pouco mais cedo pois queria ir até o Bosque Sagrado agradecer pela vida do filho, já que foi a primeira vez que ele se mexeu em seu ventre.

A Lady pediu para sir Erryk voltar com os lobos para o quarto e seguiu o caminho até a Rainha sozinha. Mais tarde ela se encontraria com Aemond, que tinha ido ver Vhagar e, por isso, estava fora da Fortaleza Vermelha.

—Vossa Graça! —Lyanna cumprimentou Alicent assim que cruzou com ela e sorriu. —Eu já estou pronta para nosso chá, tenho que contar uma novidade. —Ela se referiu a primeira vez que o bebê mexeu.

—Você está desconvidada. —Alicent foi direta e Lyanna arregalou os olhos, guardando o sorriso. —Use seu tempo livre para bajular visitantes que acabam levantando suspeitas contra mim.

—M-mas... —Lyanna gaguejou.

—Não sei se algum dia te convidarei novamente. —Alicent continuou com desdém. —Talvez possa se dedicar a pedir ao seu paganismo que não sofra outro aborto, já tivemos muitos problemas por conta disso.

A Rainha nem deu oportunidade de Lyanna responder e saiu dali acompanhada por Criston Cole. Mesmo que pudesse falar qualquer coisa, a Lady não conseguiria, porque o nó em sua garganta para segurar o choro foi capaz de sequestrar sua capacidade de formular alguma resposta.

Alicent já tinha sido desagradável com Lyanna algumas vezes, mas dessa vez ela foi cruel, muito cruel.

Lyanna conseguiu segurar o choro até o Bosque Sagrado e só se permitiu desabar ali, curvada sob a Árvore-Coração e aos Deuses Antigos. Era ali que ela se sentia bem e não se envergonhava por isso.

Ela se envergonharia se relacionasse a fé de alguém para a humilhar e ainda usar de uma questão delicada para isso.

Se a Rainha era volátil, Lyanna não seria. Aquela foi a última vez que Alicent Hightower a iludiu e, a partir daquela noite, suas conversas com as Rainha seriam limitadas a convivência por causa de Aemond e se ele perguntasse o motivo daquela mudança, dessa vez Lyanna não esconderia.

—Ah, você está aqui. —A voz da princesa Rhaenyra ecoou e Lyanna se virou com pressa, enxugando as lágrimas para tentar disfarçar o choro.

—Eu posso sair para te deixar a vontade, princesa. —Lyanna respondeu e tentou se levantar apoiando no tronco da árvora.

—Não precisa, eu estava te procurando, na verdade. —A princesa respondeu e se aproximou de Lyanna, estendendo o braço. —Na sua condição não é bom ficar próxima dessas raízes, é perigoso tropeçar.

—Obrigada pela ajuda, princesa. —Lyanna agradeceu. —Estava me procurando, entendi certo?

—Sim, gostaria de agradecer por ter nos recebido mais cedo, mas acabei ouvindo sua conversa com a Alicent. —Rhaenyra falou e a encarou. —Ela sempre fala desse jeito com você sobre o bebê?

—Nós nunca fomos próximas, na verdade. —Lyanna respondeu. —Com a gravidez começamos a nos aproximar, mas ela preferiu voltar ao início.

—Peço desculpas, acho que você acabou se sacrificando quando foi me receber. —Ela respondeu.

—Era ao meu dever, princesa. —Lyanna respondeu. —Um dia você será a minha Rainha e é minha obrigação te receber bem. —Ela juntou coragem para falar mais algumas coisas. —Sinto muito que a razão de sua visita seja essa petição ridícula de Vaemond Velaryon. Driftmark já tem herdeiro estabelecido.

Fogo, Gelo, Sangue - Aemond Targaryen (CONCLUÍDA)Where stories live. Discover now