Fogo, Gelo, Sangue - Aemond Targaryen (CONCLUÍDA)

34. Os lobos do inverno

As quatro primeiras noites foram as mais difíceis para Lyanna, por conta dos pesadelos que ela tinha com Aegon e Cole a perseguindo, além de Alicent cortando sua barriga com uma adaga e arrancando seu filho de lá. A Lady acordava aos berros e só conseguia respirar aliviada quando entendia que estava segura.

Baela e Rhaena foram essenciais nesse período, já que não se incomodavam com os gritos e sempre dormiam de mãos dadas com Lyanna, até que ela conseguiu passar duas noites sem ter pesadelos.

Apenas no sétimo dia ela saiu do quarto, acompanhada por sir Erryk e as amigas e caminhou até a sala do Conselho da Rainha, onde estavam Rhaenyra, Daemon, Corlys, Rhaenys, Jace, Luke e Laenor.

—Boa tarde. —Ela os cumprimentou, um pouquinho tímida, porém simpática.

—Que bom te ver aqui! —Rhaenyra sorriu e trouxe Lyanna para dentro da sala. —Vem, sente-se aqui.

—Muito obrigada, Vossa Graça. —Ela respondeu e encarou Lucerys. —Você realmente está vivo!

—Meu tio me salvou. —Ele respondeu com um sorriso. —Ele contou para você do Balerion?

—O cachorro com quem você dividiu a comida? —Ela perguntou e não segurou a risada. —Me contou sim.

—Ele ficou puto pra caralho. —Luke riu.

—Luke... olha o vocabulário. —Rhaenyra o corrigiu.

—Foi mal, mãe. —Ele respondeu e arregalou os olhos. —Vossa Graça.

—Eu peço desculpas pelo o que o Aemond fez, eu não fiquei nem um pouco satisfeita com isso. —Lyanna respondeu e se sentiu envergonhada.

—Ele errou, mas quis que eu pudesse ao menos dar um fim digno ao meu filho e acabou o encontrando vivo. —Rhaenyra explicou. —E cuidou dele. Luke não sobreviveria se meu irmão não tivesse cuidado dele, então isso me fez perdoá-lo.

—Muito obrigada pela bondade, Vossa Graça. —Lyanna respondeu. —Como o Luke chegou? Aemond nunca me contou direito, parece que tem horror a ser lembrado por ter feito algo bom.

—Primeiro ele mandou que eu não contasse que ele cuidou de mim, me fez subir na Vhagar e depois me colocou dentro de um barco para eu remar até aqui. —Luke respondeu e Lyanna arregalou os olhos. —Mas eu vi que ele me acompanhou do alto até onde era seguro. Depois a frota Velaryon me encontrou e me levaram pra minha mãe e eu contei tudo para ela. —Luke sorriu. —Afinal, o que ele poderia fazer caso eu contasse? Nada, então eu contei mesmo. E ainda fiz questão de mencionar quantas vezes ele saiu para trazer mais remédios e ficava me carregando de um lado para outro antes da minha perna ficar boa o suficiente para eu usar as muletas que ele improvisou para mim.

—Foi como se o mundo tivesse voltado ao eixo. Sir Erryk chamou o Daemon para que ele me contasse, afinal, ainda estava tudo muito confuso e ninguém sabia a real situação do Luke.  —Rhaenyra voltou a falar. —Eu desci correndo até a praia e, quando vi, tinha entrado no mar antes que o barco chegasse à areia e abracei o meu Luke. Só assim eu senti que meus cacos foram restaurados e que eu não estava alucinando.

—Sentimos muito por você ter perdido o seu filho com o choque da notícia. —Daemon falou pela primeira vez e Lyanna notou que ele estava com o cabelo amarrado num coque. —Nós também perdemos a nossa Visenya.

—Não foi por causa do choque... —Lyanna olhou para o chão e deslizou os dedos sobre os braços da poltrona, um pouco ansiosa por falar aquilo em voz alta. —Era só uma questão de tempo para eu perder.

—Por que você fala isso, Lyanna? —Rhaenys perguntou e Lyanna assumiu um olhar sombrio.

—Aquela maldita... —Ela respirou fundo, juntando forças. —Aquele jacaré verde que pariu o Aemond e a Helaena... Não sei como eles saíram de dentro dela.... Ela me dava chás abortivos em segredo e eu, tola, sempre tomava, achando que ela queria se aproximar e que gostava de mim... Na véspera do retorno do Aemond de Ponta Tempestade, eu achei o chá muito doce e tive várias pontadas na barriga.