Capitulo 11 Jogadores de Saia

335 45 46
                                    

O sinal tocou e eu suspirei, me esticando na cadeira. Eu tinha levado Valentim para sua sala e a deixado lá. Ela timidamente acenou para mim antes de se sentar ao lado de Dominic. Suas bochechas estavam coradas e os lábios dela estavam mais rosados porque, talvez, eu tivesse roubado alguns beijinhos dela no dormitório antes de irmos para a sala.

Roubar beijos de Valentim havia se tornado um hábito que eu tinha desenvolvido durante a semana, mas estava apenas tendo resultado positivo quando estávamos no dormitório. Se eu tentasse fora do quarto, ela fugia de mim e eu não conseguia mais capturá-la. Beijá-la era uma delícia e eu queria fazer isso o tempo todo. E eu estava animado naquele dia porque nossa turma teria aula de gastronomia e nelas minha turma se juntava com a de Tina, e eu estava decidido a ser seu parceiro de mesa naquela aula.

— Benjamin, vamos? — Ian me chamou e eu afirmei com a cabeça, pegando minha bolsa. Ele se esticou, suspirando. — Cara, estou todo quebrado por causa dos treinos.

— Se você se alimentar melhor, estaria menos — falei, fazendo-o revirar os olhos. — Fora que você pula os alongamentos. Eu fiz boxe em Durham, o fisioterapeuta da academia dizia que o mais importante é nos alongar e aquecer se quisermos sentir menos dores depois.

— Por que fez boxe? — Ian me perguntou e eu dei de ombros.

— As garotas achavam legal — disse e ele riu. — Eu era tímido quando mais novo, então Mina me colocou no boxe e nas aulas de violão.

— Eu fiz dança — Ian se gabou e eu sorri.

Suspirei, procurando Tina quando vi os alunos saírem da sala. Depois do incidente da saia Tina estava estranha, ela ficava mais nervosa que o habitual quando eu me aproximava dizendo que queria um beijo. Não sabia dizer se estava colocando-a muito contra a parede e a deixando pressionada, mas sempre que eu apoiava o braço nas costas de sua cadeira durante o intervalo ela ficava tensa e encolhia os ombros. Eu precisava conversar com ela, saber o que ela estava pensando. Quando perguntei se ela queria conhecer Mina, Tina corou e ficou toda desconcertada, ela nem ao menos conseguiu formular uma frase. Mas quando ela colocou as mãos contra o peito, afirmando com a cabeça várias vezes, eu me senti feliz em poder apresentá-la a Mina. Queria que sexta-feira chegasse logo.

Quando achei Tina, uma lufada escapou de meus lábios ao ver Vinícius falando com ela. Tina estava encostada na parede e olhando para cima, em direção aos olhos dele, que estava sério; e quando ele massageou as têmporas e Tina encolheu os ombros, eu me apressei até ela. Ele não parecia a pessoa mais paciente e tolerante do mundo, e eu não sabia o porquê ele sempre parecia nervoso e Tina sempre preocupada.

— Tina — chamei e seus olhos se encontraram com os meus, olhei para Vinícius e me senti tenso, eu sabia que nós dois não estávamos muito dispostos a ter qualquer tipo de conversa ou a nos darmos bem. — Vim te buscar para irmos para a sala.

— S-sim — Tina falou baixo e se virou para Vinícius. — Vin, eu vou indo. S-se você quiser, posso ir no seu dormitório ajudar a fazer o curativo no seu braço — Tina falou, se encolhendo. Segurei seu pulso quando Vinícius olhou para ela.

— Estarei lá às 18h — Tina afirmou com um aceno e Vinícius saiu.

— Vou estar lá! — ela disse apressada e em um só fôlego. Ele esbarrou em meu braço quando passou por mim e eu respirei fundo, aquele cara era uma pedra no meu sapato. Eu não era o tipo de pessoa que perdia a paciência fácil ou que passava para a agressão, mas isso não significava que eu nunca tinha entrado em uma briga. Olhei para Tina quando seus olhos se levantaram para mim e sorri pequeno.

Butterfly: Casulo de OuroWaar verhalen tot leven komen. Ontdek het nu