Ai, que vontade de estragar essa nossa amizade

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{Maraisa}

— Danilo? — Falei seu nome com a voz chorosa e me levantei do sofá. — O que você tá fazendo aqui? — Passei a mão no olho para secar as lágrimas e fui em direção a ele.

Ele foi caminhando ao meu encontro e eu mordi o lábio em uma forma de segurar o choro.

— Espero que essas lágrimas não sejam para mim.. eu juro que não fiz nada! — Ele disse tentando deixar o momento mais leve e levantou as mãos como se não fosse o culpado.

Neguei com a cabeça e o abracei quando ele se aproximou.

Danilo me abraçou tão forte fazendo a vontade de chorar aumentar.

— Você não fez nada.. É que.. — Eu tentava controlar o choro. — Eu estou com saudade da Marília e tá doendo.. — Falei com a voz embarga e a lágrima escorreu. — Era para ela tá aqui.. — Minha voz saiu trêmula.

— Eu sei, pequena.. — Ele falou baixinho. — Chora.. — Ele me incentivou. — Chorar vai te fazer bem. Solta tudo o que você está sentindo, tudo o que está preso. — Ele falava com a voz calma e eu comecei a chorar. — Você não precisa ser forte o tempo todo. — Ele continuava falando sem deixar de acariciar as minhas costas.. Eu nada disse, apenas deixei o choro limpar a minha alma para aquela angústia que eu estava sentindo passar.

Danilo continuou fazendo carinho nas minhas costas e vez ou outra beijava meu ombro.

Os soluços do meu choro quebravam o silêncio da sala.

— Eu queria que a minha amiga estivesse aqui. — Falei baixinho depois de um tempo. — Eu queria que ela estivesse aqui. — Voltei a repetir.

— Eu sei..— Ele tentou me olhar, mas eu não deixei, escondendo mais ainda o rosto no seu pescoço. — Eu sei que é muito difícil aceitar que ela simplesmente não está mais aqui. — Danilo voltou a falar. — Não é fácil perder a quem amamos, fica um vazio, um adeus constante, tantos porquês, tantas lembranças, tanto amor, tanta saudade. — Ele alisava as minhas costas e eu fiquei ali quietinha somente o escutando e controlando o meu soluço. — Mas tenha uma certeza: não foi um adeus, é somente um até breve. Ela trouxe tanta luz para o nosso mundo que eu tenho certeza de que hoje ela ilumina o nosso céu. — Ele falava tantas palavras de carinho e conforto. — Sua estrelinha sempre estará brilhando e te cuidando onde quer que esteja.

Eu balançava a cabeça concordando com tudo que ele falava, mas eu não queria aceitar aquilo.

— Eu sei.. — Falei tentando me acalmar. — Mas é que amanhã todos os nossos amigos vão estar reunidos, mas ela não vai estar lá... Ela tinha que estar aqui comigo.. com a Maiara, com a Dona Ruth, com o Léo.. — Comecei a me desesperar e voltei a chorar ao lembrar do Léo. — Não é justo.. Não é.. — O vazio voltou a preencher meu coração e o ar que eu puxava parecia que não chegava aos meus pulmões. Me afastei um pouco de Danilo e tentei secar as lágrimas que continuava caindo. — Tá doendo aqui. — Coloquei a mão no peito. — Meu coração está apertado..  eu não estou conseguindo respirar.— Falei tentando puxar o ar.

Era um misto de sentimentos e sensações: eu sentia meu coração acelerado e uma angústia muito forte no peito como se alguém estivesse pressionando-o fazendo com que a dificuldade de respirar aumentasse.

Danilo pegou na minha mão e eu pude sentir que minha mão estava dormente. Além de dormente, a minha mão estava gelada.

— Maraisa, olha aqui para mim.. — Eu ouvia a voz de Danilo e o olhava, mas as lágrimas que acumulavam em meus olhos deixavam a minha vista embaçada. — Respira bem devagar e inspira devagar. — Eu o escutava falar e tentava fazer o que ele pedia. — Isso.. inspira e expira bem lentamente. — Ele falava com a voz calma.

Quero você do jeito que quiserWhere stories live. Discover now