capítulo 4

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Capítulo 4

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Anne.

Olhei fixamente nos olhos de meu paciente, me permitindo ser levada aquele dia.

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Fernando.

Depois de um dia exaustivo no trabalho, enfrentaria o horário de pico de Porto Velho, quando o trânsito ficava caótico.

O relógio marcava 18:30, quando o trânsito parou.

Por mais que tentasse desviar, ouvi o barulho de algo colidindo com meu carro.

Assustei-me com a constatação de que não era algo, e sim, alguém.

"meu deus, essa menina está louca". busquei recuperar-me do choque inicial enquanto a voz feminina comentava.

"ela com certeza está endemoniada". uma outra senhora despertou minha fúria com aquele comentário desnecessário e cruel.

Em toda minha vida, Nunca havia presenciado algo tão triste e Avassalador quanto uma tentativa de suicídio.

abaixei-me ao seu lado, olhando o pequeno corpo que sangrava pelos cortes.

em nenhum momento olhou me nos olhos, parecia dopada por remédios.

A moça aparentava ter a idade de Rafael, O que doeu em minha alma pois poderia ser um dos meus filhos ali.

questionei-me a respeito do que poderia levar uma pessoa a simplesmente desejar desaparecer da face da terra.

O que poderia levar uma pessoa ao auge do desespero?.

Em meio a aglomeração de pessoas discutindo entre si a respeito dos motivos que provocaram o ocorrido, avistei uma mulher se aproximando desesperada.

"anne, filha!".

"por favor moça, fique calma". tentei tranquilizar a pobre mãe desesperada.

tentava me conter diante do cenário caótico.

"querida, eu sei que é arriscado mas vou precisar levantar seu corpo agora e isso vai doer está bem?". ela tentava falar sufocada pelo próprio sangue.

os danos causados ao meu carro tornaram-se irrelevantes, diante do sofrimento de anne, nome que nunca sairia da minha mente bem como a cena que presenciei.

O sangue que espargia do corpo da moça começou a molhar meu terno, enquanto todos os olhares se voltaram a nós. Coloquei a moça no banco de trás do carro, sentando-me com sua mãe nos dois acentos dianteiros.

"olha moça, mesmo que você não tenha forças para lutar agora, existem pessoas que estão dispostas a fazer isso por você. As palavras saíram de minha boca automaticamente, enquanto meus olhos permaneciam fixos no trânsito.

Estacionei em frente ao Hospital, entrei em desespero diante dos olhos da menina que se fechavam lentamente.

adentrei a recepção do hospital, buscando por ajuda médica.

Ela não poderia estar morta, não poderia!.

Alguns médicos se dispuseram a me acompanhar até o carro, onde encontrei a mulher praticamente agarrada ao corpo da filha.

"por favor senhora, precisamos de espaço". um dos enfermeiros despertou a mulher de seus devaneios.

Minutos que pareceram horas se passaram, até um dos médicos tranquilizar-me, dizendo que a moça estava viva.

Como não poderia permanecer ali, pois precisava levar meu filho ao aeroporto, decidi ir até o setor financeiro do hospital.

"avisaremos a elas que o senhor pagou as despesas, foi uma atitude nobre e merece reconhecimento por isso". disse a mulher, enquanto digitava os dados da paciente no computador.

porto seguro.Where stories live. Discover now