capítulo 13

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Capítulo 13.

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Rafael.

Como você reagiria, diante da descoberta que toda sua vida foi baseada em uma mentira?.

A constatação de que o homem responsável por me ensinar a andar de bicicleta, aquele que jogava futebol comigo durante a infância, a pessoa que sempre me acolheu em meus pesadelos, não tinha o meu sangue.

Reações adversas são completamente normais, cada ser humano reage de uma forma com esse tipo de descoberta.

Minha irmã se debatia freneticamente em meus braços, desejando descontar toda a sua fúria na mulher que nos deu a vida.

Quem poderia julgá-la por fazer isso?.

-eu não posso ter o sangue daquele lixo, eu não posso, é mentira, a senhora está mentindo para me fazer sentir mal e também para machucar o coração do meu pai. -o meu pai, meu paizinho!. As palavras de Alessandra foram quase inaudíveis em meio aos gritos, enquanto eu permitia que lágrimas molhassem meu rosto, devido à forte emoção expressada pela minha irmã.
Aquele desespero me levou a entender os motivos da depressão de meu pai, do embotamento emocional, de toda aquela mudança que eu não compreendia até então.

-não é para tanto, alessandra. As palavras desdenhosas de minha mãe me provocaram um embrulho no estômago, ela permanecia inabalável como uma rocha.
Como era possível que nem mesmo o sofrimento dos filhos fosse capaz de comovê-la?.

-eu acho que a senhora já falou demais. -já causou destruição o suficiente, agora por favor, retire-se!. Com a fúria de um leão desejando matar um Predador, Anne tomou a frente, erguendo a voz como nunca vi antes.

-quem você pensa que é?. Tentando desferir um tapa no rosto da enfermeira que estava próxima ao meu pai, minha mãe declarou Furiosa.

-saia fernanda, saia!. -você pode até se sentir no direito de Mãe, mas essa é a minha casa e esses são os meus filhos, você já disse tudo que tinha para dizer e agora eu estou te obrigando a ir embora!. Foi a vez do meu pai colocar para fora toda a sua Fúria, segurando o braço da mulher de forma abrupta, conduzindo a mesma até o portão

-rafa, por favor, me fala que é mentira, me fala que isso é um pesadelo e eu vou acordar!. As palavras desesperadas de Alessandra comoveram o coração de Anne, que por sua vez aproximou-se vagarosamente de nós dois.

-ele sempre vai ser o seu pai querida, ama muito vocês e o fato de vocês terem o sangue de outra pessoa não vai mudar isso.

-não interessa, eu tenho o sangue dEle, eu tenho sangue daquele lixo, daquele homem que me causa repulsa, eu sou filha dele e isso dói!.

Meu pai se aproximou, visivelmente abalado com tudo o que ocorrera,

-vocês são e sempre vão ser os meus filhos, eu compreendo a sensação de sujeira, inutilidade que você deve estar sentindo, filha, mas eu amo vocês dois acima de tudo e vou amar até o último dia da minha vida.

-o senhor sempre sempre vai ser o meu pai, o avô dos meus filhos, a referência que eles vão ter. As lágrimas desceram livremente por meu rosto, enquanto Ane se apressou em abraçar a minha irmã. -só me dói saber que O senhor ficou assim por nossa causa, por conta da Verdade que descobriu, me dói saber que o senhor casou-se com um monstro por minha causa.

Nós três nos unimos em um abraço, mesclando também a dor de lacerante que sentimos dentro de nós, cada um reagindo à sua maneira.

-é uma maldição, rafa, eu estou pagando pelo erro dos meus pais e vocês estão sofrendo por minha culpa também. As palavras incoerentes, acompanhadas pelo tremor no corpo, o desespero quase palpável no olhar, colocaram Anne em Alerta, assim como eu. A única que parecia alheia a o que estava acontecendo diante de nossos olhos era Alessandra, que precisava urgentemente de uma intervenção médica, pois estava em completo desespero.

porto seguro.Where stories live. Discover now