RAZÕES PARA NÃO TE AMAR

25 - Embates

Elisa acompanhou os servos que levavam seu irmão ao quarto em que seria acomodado. Na porta antes de deixá-lo, ainda o abraçou com todo seu carinho. Parecia ser um sonho tê-lo de volta depois de tanto tempo.

- Ainda não acredito que é real, ter você aqui, Joaquim - falou suspirando em seus braços.

- É real sim, Elisa. E prometo que não a deixarei mais. Estou aqui para cuidar de você.

Ela suspirou fundo contendo uma lágrima de emoção.

O lacaio surgiu à porta e comunicou que o banho de Joaquim estava preparado. Elisa o soltou e viu seu irmão entrar, até que ficou só no corredor. De repente, Elisa viu Antônia surgir, ela estava completamente aflita, sua pele clara, mais pálida do que nunca. A jovem ao ver Elisa se lançou sobre seus braços.

- Elisa, como é bom vê-la! Céus, Manuel e Fernando estão brigando, ele podem se matar!

Antônia estava muito angústiada, e Elisa também ficou, temeu pela vida de Fernando, ele estava com muita raiva acumulada de seu irmão e não sabia do que seria capaz.

- Aí meu Deus!- exclamou Elisa perplexa.

Então as duas viram através da enorme janela do corredor muita fumaça saindo do lado de fora próximo ao quartinho. Elas se entreolharam assustadas e seguiram apressadas na direção da escada que dava para saída principal. Desceram cada degrau da escada apressadamente enquanto seguravam a barra de seus vestidos, todos na casa estavam alvoroçados observando a fumaça, inclusive os empregados, então Edna surgiu ordenando a todos que voltassem aos seus serviços, mas era visível o quanto ela também estava tensa com o que teria acontecido lá fora. Então ela viu Elisa e Antônia.

Antes mesmo que elas terminassem de pisar o último degrau, Edna se aproximou.

- A culpa é toda sua, maldita!

Elisa ficou absorta com o insulto.

Antônia ainda respirava rápido, em meio a tantos acontecimentos. Ela não achava justo sua mãe dizer aquelelas coisas a Elisa.

- Mamãe!

- Deixa, Antônia - Elisa pediu, temendo que a menina sofresse mais retalhações.

- Quando eu tive a ideia de casar você com meu filho, jamais iamginava que transformaria nossa vida neste inferno.

Elisa engoliu seco, sentiu vontade de dizer tanta coisa àquela mulher, que chegava a se sufocar com cada palavra guardada.

Edna continuou suas ofensas:

- Agora por sua causa, os dois homens desta casa estão se atracando lá fora, céus! Isso vai causar falatórios.

Tanto Elisa quanto Antônia ficaram perplexas por saberem que a preocupação de Edna era com os falatórios e não com o filho de fato.

Então Elisa não suportou, ela respirou fundo e soltou de uma vez:

- A senhora não sabe o que é o inferno, somente porque Manuel fica fora de controle quando sua vontade não é acatada. Mas não imagina o que eu passei ao lado dele! Seu filho é um monstro, e a senhora sabe bem do que estou falando, pois é tão ordinária quanto ele!

Antônia se conteve para não rir, nunca vira em toda sua vida outra pessoa que não fosse Fernando enfrentar sua mãe com tanta coragem.

Edna deu um passo para trás se sentindo incomodada com a forma que Elisa lhe respondera. Porém, quando um embate iria se iniciar, dois servos entram carregando Manuel que estava apoiado em seus ombros. Seu rosto estava vermelho o que denunciava o soco que recebera de Fernando.