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[06/2021 - 15:05h]

|Daegu|

O barulho de panelas se fazia presente na cozinha da grande casa dos Kim. Jennie estava muito atarefada desde cedo, pois não haveria empregadas para cozinhar já que permitiu que tirassem folga.

Enquanto mexia o doce na panela, lembrava de como era antigamente quando estava carregando o seu pequeno Namjoon em seu ventre, que agora não era mais tão pequeno assim, e como Seokjin ficava louco a cada vez que sentia um desejo estranho no meio da noite.

A vida do casal tinha sido difícil, mas o amor deles era inabalável, fazendo-os acreditar que todos os problemas um dia seriam resolvidos e eles viveriam em paz.

Um pouco antes da época em que Jennie engravidou, ela e seus filhos estavam de mudança para a casa onde Seokjin morava junto de sua mãe. O jardim era enorme, mas a casa era pequena, por isso não demoraram em começar a construir mais cômodos.

Mas então, aconteceu.

No meio da bagunça de tijolos, madeira e cimento, Jennie acabou engravidando, deixando tudo nas mãos de Seokjin, que fez de tudo para terminar a obra a tempo do bebê nascer.

Todos ajudavam um pouco, até mesmo Jennie, que se recusava a ficar sentada vendo seu marido e filhos fazendo o trabalho pesado. O risco era que Jennie poderia acabar perdendo o bebê, mas a Kim tentava não pensar muito pois sempre que o fazia, passava mal e acordava no hospital no dia seguinte.

Quando enfim a obra da casa havia sido finalizada, não demorou muito para que Namjoon viesse ao mundo, dando alegria aos pais e irmãos. A lembrança de todos juntos alegrava o coração de Jennie, que mais do que qualquer coisa, sentia falta dos filhos.

A família não tinha como saber que após a irmã mais velha, Hwasa, sair de casa aos seus 18 anos, tudo sairia de seus eixos. Pareceu que tudo o que era bom, foi esmagado e jogado fora.

Agora era o sentimento de culpa que Jennie sentia em seu peito, pensando que havia criado sua filha errado. As lembranças boas foram substituídas por ruins, na época em que Hwasa ficou endividada com várias pessoas, algumas até perigosas demais, fazendo com que Jennie e Seokjin não tivessem escolha a não ser pagar todas as dívidas.

Mas mesmo com tudo, a garota não pareceu aprender com nada. Ainda continuava sendo a filha ingrata que é.

Suspirando cansada, Jennie virou-se de frente para a geladeira onde não conseguiu esconder o sorriso ao ver a foto de Taehyung quando criança.

De fato, Hwasa não havia aprendido nada com os problemas e sempre por onde andava causava mais e mais problemas, mas o maior problema que já tivera foi ter Taehyung, que nas palavras de seus avós era uma bênção que viera para alegrar os dias de todos. Ou seja, não era e nunca foi um problema.

Então novamente o peito de Jennie esquentou-se e ela lembrou de como a família gostava de se reunir apenas para ver Taehyung quando era menor. Mesmo os anos tendo se passado bem mais rápido do que deveriam e o garoto já estava na casa dos trinta anos de idade, ainda sim, conseguia juntar a família toda.

— Amor? — Seokjin chamou pela mulher entrando na cozinha. — Está tudo bem? Está aí sorrindo à toa...

— Está tudo bem sim. — Respondeu percebendo o marido com as mãos para trás do corpo. — O que está escondendo de mim?

— Nada demais... — Murmurou para em seguida mostrar a rosa vermelha em mãos junto de uma caixa de bombons. — Apenas um presentinho para você.

— É tão linda... E eu amo esses chocolates! Vou pôr em um vaso bem bonito e colocá-la na mesa de jantar. — Disse Jennie sorridendo, dando em seguida um selinho no marido. — Eu amei, obrigada.

— Não foi nada… Aliás, eu vou ir na cidade, tá bom? Vou resolver algumas coisas no banco.

— Tudo bem. — Disse de costas para Seokjin enchendo o vaso com água. — Cadê o Tae?

— Acho que na biblioteca. — Respondeu abraçando a morena carinhosamente. — Eu tenho que ir… Marquei hora mais cedo.

— Acha que vai chegar para o jantar? — Perguntou virando-se de frente para o Kim, que sorriu.

— Não tenho certeza, mas vou tentar. — Respondeu, beijando Jennie com vontade. — Eu te amo.

— Eu também te amo, até mais tarde.

Assim que Seokjin saiu da casa, minutos depois, Jennie terminou de preparar a sobremesa e alguns acompanhamentos que teriam no jantar naquela noite.

Após isso, sentou na sala para enfim descansar um pouco tomando um chá gelado e lendo seu livro inacabado. Mas como a pessoa agitada que era, bufou percebendo o silêncio na casa, como se estivesse sozinha.

Deixando o livro de lado, passou na cozinha apenas para deixar seu copo na pia para depois subir as escadas até o segundo andar da casa.

Andou com certa pressa até a biblioteca de Seokjin, onde abriu a porta devagar e conseguiu ver Tarhyung sentado no estofado da janela junto de Yeontan e Mickey, lendo um livro, enquanto do outro lado do cômodo, Gugu dormia no meio dos livros na estante.

— Querido, tudo bem? — Perguntou entrando de vez no cômodo. Taehyung assentiu sem tirar os olhos do livro. — O que está lendo?

— A Garota Dinamarquesa. — Falou vendo a avó sentar-se ao seu lado. — Conta sobre a história de um casal de pintores que vivem em Copenhague. É inspirada em fatos reais.

— Já ouvi falar, acho que tem até filme. — Comentou enquanto observava o neto balançar a cabeça sem tirar a atenção do livro. — Sabe que pode falar qualquer coisa para mim, não sabe?

— Essa é uma das perguntas que eu mais odeio que os familiares fazem. — Fechou o livro, não sem antes marcar onde estava. — Isso só causa uma esperança ilusória. Você me pergunta isso agora e eu respondo com sinceridade, sem saber que logo após você irá me julgar.

— Não me compare a sua mãe, Kim Taehyung. — Repreendeu. — Eu sei que ela é difícil mas...

— Difícil é pouco. — Respondeu a mulher, sentindo Jennie acariciar seus fios. — Eu só estou me sentindo meio solitário. O vovô saiu para resolver as coisas no banco, você estava na cozinha desde cedo e eu... Não posso fazer nada.

— Quem disse que não pode fazer nada?! Você poderia ter ido me ajudar, por exemplo.

— Sabe que eu não estou falando nesse sentido, não sabe vó? — Taehyung encarou a mais velha que lhe olhou com pesar. — Não tem como eu ajudar…

— Oh, meu pequeno... — Murmurou, puxando o neto para um abraço apertado. — Me desculpe.

— Não é culpa sua.

— E nem sua… — Taehyung assentiu se distanciando minimamente da avó para fazer carinho nos bichinhos. — Já reparou em como está o tempo hoje?

— Sol.

— Sim, sol. Em Seul está com sol também, mas está mais frio. Sabe Tae, um dia de sol não clareia apenas o mundo lá fora, mas enche de luz o nosso interior.

— Mas, é possível que muitas pessoas achem que dias cinzentos, frios e chuvosos também carregam o seu encanto. Eu sou uma dessas pessoas.

— Sei que é. Mas mesmo assim, um dia de sol sempre será majestoso e único. Não seria ótimo sair um pouco?

— Para onde iríamos?

— Não, eu não vou com você. — Disse vendo os olhos de Taehyung brilharem pedindo para continuar. — Pode sair um pouco sozinho, é só não deixarmos o seu avô e nem o Jimin saberem.

— Mas...

— Vai se divertir um pouco, se distrair. Mas volte cedo, antes do jantar. E não se esqueça de levar o celular.

— Você é demais, vovó! — Exclamou, pulando em cima de Jennie, lhe dando um abraço apertado. — Volto logo, eu prometo.

— Eu sei que vai, meu pequeno.

I Will Be Here Waiting For YouWhere stories live. Discover now