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[07/2021 - 09:13h]

— Com quem você tanto fala?

Jennie perguntou acerca de Jimin, que desde que tinha voltado do quarto de Taehyung, não tinha tirado os olhos ansiosos da tela do celular. Jimin encarou a mais velha, que lhe ofereceu uma xícara de chá e sentou ao seu lado.

— Estava falando com a Lisa… Estou preocupado.

— Com o que? — Jimin suspirou profundamente tomando um gole do líquido. — Olha, meu bem, isso tudo não aconteceu por sua causa. Foi a Lisa quem deixou escapar e eu já imaginava que o Jeongguk viria atrás do Tae em algum momento, sabendo ou não que ele estava doente.

Na noite passada, enquanto arrumavam o quarto de Taehyung da casa de hóspedes no jardim, Jimin aproveitou para preparar os avós antecipadamente sobre a chegada de Lisa e Jeongguk.

De primeira Seokjin riu em nervosismo afirmando que Jimin iria perder a própria cabeça assim que Taehyung soubesse que agora Jeongguk sabia da condição do Kim, enquanto Jennie preferiu se calar e pensar sozinha por um tempo, chegando a conclusão de que não adiantaria de nada guardar esse segredo.

A mulher sabia que com a volta de Jeongguk na vida de Taehyung e vise versa, não demoraria muito tempo para que o Jeon acabasse descobrindo, independente do modo ao qual descobriria. Mas apesar das palavras de conforto pela qual Jennie soltou para Jimin, o acinzentado ainda sentia-se nervoso em relação a tudo e agora faltavam menos de duas horas para a chegada dos amigos na casa dos Kim.

— Eles já desembarcaram. Eu pedi para a Lisa tentar enrolar um pouquinho o Jeongguk na cidade e ela até que está conseguindo, mas não por muito tempo. Ele está ansioso demais para ver o Tae e ela disse que ele parece com raiva, muita raiva.

— E você acha que é raiva mesmo? — Jimin encarou a mulher sem entender. — Ele pode ter camuflado os verdadeiros sentimentos. Eu no lugar do Jeongguk também ficaria com raiva mas, principalmente, chateada e triste. Eu imagino como a cabeça dele deve estar agora, relembrando de todo o passado deles e deve estar com tantas perguntas…

— Acha que eles vão brigar?

— Acho que o Jeongguk quer soltar os cachorros em cima do Taehyung e com razão, mas meu neto provavelmente não vai abrir a boca para falar um ai. E, se o Jeongguk estiver debilitado demais, não vai conseguir expulsar toda a raiva, mas sim a tristeza.

— E isso é um sinal bom ou ruim?

— Depende de como vai acabar. — Terminou o chá dando de ombros e Jimin engoliu em seco.

No centro de Daegu, Jeongguk era puxado por Lisa para ir às lojinhas da cidade contra a sua vontade. A garota entrava na loja afirmando que iria apenas ver as peças, mas aproveitava para vesti-las e sempre saía pelo menos com uma peça de roupa.

Jeongguk a cada loja sentia estar se afastando do objetivo que o trouxe até Daegu e não queria ter que chegar ao limite de sua paciência com a garota e acabar resolvendo as coisas como resolviam quando eram crianças. Ou era ir para a casa dos Kim pacificamente, ou era cair na porrada até um deles ceder.

— Lisa, já chega! — Soltou o pulso da mão da morena bruscamente. — Podemos vir aqui depois, mas hoje eu só quero subir a porra daquela montanha e ver o Taehyung.

— Podemos comprar alguma coisa para ele! Lá em cima não tem nada e aqui tem tudo e-

— Não, Lalisa, não! — Jeongguk viu a prima coçar o topo da cabeça, parecendo perdida. — Qual é o seu problema?!

— A gente pode conversar em outro lugar? Que não seja aqui no meio da rua e nem lá na casa do Taehyung.

— Tá, tudo bem.

Jeongguk olhou em volta com pressa e notou uma cafeteria do outro lado da rua, puxando a prima no mesmo instante. Assim que sentaram e fizeram seus pedidos, Jeongguk observou Lalisa dos pés a cabeça, não entendendo o porquê não poderia apenas subir para a casa dos Kim de uma vez.

— Vai me explicar o porque me arrastou para fazer compras sem mais nem menos assim que a gente desceu do trem?

— Eu falei com o Jimin hoje depois da gente chegar e ele me pediu para te segurar um pouquinho aqui na cidade.

— E qual é o motivo disso?

— O Jimin está relutante sobre contar para o Tae que estamos aqui, então só quem sabe que estamos a caminho são os avós do Tae.

— Eu já imaginava. — Jeongguk revirou os olhos, negando com a cabeça, imaginando a confusão que seria. — Assim que o Taehyung olhar para mim e eu disser que já sei de tudo… Ou pelo menos quase tudo, ele vai querer matar o Jimin.

— É, é por aí mesmo. — Soltou uma risada fraca. — Como você está se sentindo?

— Eu estou bem. — Respondeu olhando a vista para a rua rapidamente, mexendo os ombros ansiosamente.

— Jeongguk.

Aish, tá bom! Olha, eu não estou mais tão ansioso, mas em compensação, estou com medo…

— Medo?

— Talvez, não seja a palavra mais adequada. — Parou quando o funcionário apareceu, deixando seus capuccinos junto a um bolinho de laranja que Lalisa havia pedido. — Quem sabe, receio? Eu vim atrás dele, vim atrás de respostas repentinamente. Mas agora eu não sei porque não tenho as perguntas exatas…

— O que te fez querer vir para cá repentinamente? — Jeongguk encarou a prima meio confuso, um pouco envergonhado. — Foi a raiva por ele ter escondido uma coisa dessas de você? Foi a empatia que sentiu quando contei sobre o estado dele? Foi o fato de que percebeu que não tem mais tanto tempo com o Tae e agora quer aproveitar o tempo restante?

— Acho que foi um pouco de cada um…

— O que aconteceu no momento em que você decidiu ir para casa? Sabe, quando me ligou eu imaginei que tivesse tido um choque de realidade e por isso queria tanto vir para cá.

— Eu estava com o Yoongi. Ele me chamou para almoçar e acabou insistindo para que passássemos a tarde juntos. Eu aceitei porque precisava de uma distração.

— E funcionou? — Jeongguk negou.

— Ele sempre me fazia lembrar de coisas relacionadas ao Taehyung, fora quando tocou no assunto sobre o nosso ex relacionamento. Foi impossível não pensar no Tae o dia todo e acabar tomando essa decisão impensada!

— Ele só tentou chamar a sua atenção sobre relacionamentos, provavelmente. — Lalisa resmungou percebendo a confusão nos olhos do primo. — Fala sério, Jeongguk, ele gosta de você!

— Não, não, não e não! Ele já teve uma quedinha por mim na época de escola e nada mais!

— Uma quedinha que se transformou em penhasco. Você é muito cego mesmo… Enfim, e depois?

— Eu me lembrei de umas coisas… Lembranças com o Tae. Lembrei do exato momento em que percebi que com ele não ia só ser uma simples amizade e quis vir pra cá logo em seguida. — Jeongguk disse, sentindo-se envergonhado por colocar finalmente o que pensava em palavras. — Eu notei que não tinha como eu ficar parado, sem fazer nada, como se não sentisse nada por ele…

— Você não tem noção do tempo que eu esperei pra ouvir você dizer isso! Eu sabia que voltar a falar com o Taehyung daria nisso. Vocês foram feitos um para o outro!

— Isso não significa nada, Lalisa. Ele pode muito bem não sentir o mesmo por mim que nem antes.

— Eu duvido muito. Ouso dizer, que ele nunca conseguiu parar de te amar. — A garota sorriu, vendo os olhos do primo brilharem, esperançosos e cheios de expectativas. — Eu acho que já deu tempo o suficiente. Está pronto?

Jeongguk voltou os olhos para a vista da janela da cafeteria, podendo ver a cidade mas focando sua atenção nas montanhas, respirando fundo antes de assentir e Lalisa levantar para pagar a conta.

I Will Be Here Waiting For YouOnde histórias criam vida. Descubra agora