Atitude calculada

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Decidindo seguir o conselho de Natasha, Bradley conseguiu ao menos esperar o fim da semana para visitar Rafaela no Golden Rays outra vez.

Ela estava lá como ele se lembrava dela, não que fosse difícil esquecê-la, já que se conheciam agora há três semanas, o que só reforçou o pouco tempo que eles se conheciam. De qualquer forma, Bradley espantou esses pensamentos e apenas continuou caminhando até Rafaela.

Foi quando ela o notou, mais uma vez em todas as vezes que estavam naquele mesmo hall. Seus passos eram largos por causa da sua altura, confiantes, mas havia uma delicadeza e receio em seu olhar. Como Rafaela tinha conseguido deduzir tudo aquilo de forma tão rápida? Talvez fosse a prática de observar os clientes do hotel, na maioria das vezes que deduzia as coisas costumava estar bem certa.

-Oi – Rooster finalmente alcançou o balcão.

-Oi, o que está fazendo aqui? – ela tentou não soar tão surpresa, mas falhou miseravelmente.

-Eu sinto muito se não estava esperando me ver de novo, é só que... eu não consegui deixar essa ideia pra lá – ele se justificou pela metade.

-Que ideia? – a sinceridade de Rafaela escapuliu esganiçada outra vez, ainda assim, ela se viu arrependida por ter soado rude, de novo, pela enésima vez – ai Bradley, me desculpa, eu e minha falta de tato, tudo bem, me dá um tempo pra refazer isso?

Ele notou o quanto ela estava envergonhada, e lhe deu um sorriso encorajador. O efeito do gesto bondoso teve mais que um efeito esperado, a encorajou e a fez estremecer.

-Oi, Bradley, o que te traz aqui? – ela sorriu, ainda envergonhada, mas sincera.

-Oi, Rafaela – ele repetiu no mesmo tom dela – eu vim ver como você está, se está tudo bem com você.

-Co... comigo? Eu estou, eu vou indo bem, tudo continua da mesma forma – ela se surpreendeu com a pergunta, e depois se enrolou por causa do nervosismo – eu espero que você esteja bem, obrigada por perguntar.

-Eu estou, estou bem – ele respondeu – Está correndo tudo bem, apesar de eu estar vivendo uma nova fase em San Diego, digamos assim, pelo menos eu tenho os meus antigos amigos de trabalho, que são mais do que meus colegas, são meus amigos fora do trabalho.

Rafaela acabou sorrindo diante daquele comentário. Era louvável como ele tinha os amigos em alta conta.

-Fico contente por você - ela esboçou uma resposta.

-Bom, eu sei que posso estar tomando o seu tempo e eu não quero te atrapalhar de jeito nenhum, então eu gostaria de prolongar essa conversa em um lugar mais propício do que o seu ambiente de trabalho, então... -  Bradley limpou a garganta - Será que a gente não poderia sair juntos uma hora dessas?

-Espera - Rafaela disse antes de qualquer coisa - você está mesmo me propondo o que chamam de encontro?

-Não, não, não, não, não! - ele tratou de negar imediatamente - eu não quero que veja assim, eu não vejo isso assim, eu só queria ser seu amigo e eu não conseguiria fazer isso atrapalhando o seu emprego, aliás, fazer você ser demitida não é o que um amigo faria, não é mesmo?

Rafaela dessa vez riu.

-Entendo mesmo que esteja sendo gentil - ela respondeu - mas eu não acho que seja uma boa ideia.

-Por que não? - Bradley pergunto.

-Porque eu não faço esse tipo de coisa - ela confessou aos poucos - digo, eu não acredito que namoro e casamento sejam uma coisa para mim.

Rooster ficou assustado com a declaração, mas prosseguiu com compreensão.

-Eu te garanto, isso não é um encontro, é só dois amigos conversando em outro lugar que não seja seu trabalho, eu prometo.

Dava para notar a clara seriedade no olhar e na voz dele, então mesmo com sua mente e a razão lutando contra a tranquilidade em seu coração de confiar nele, Rafaela suspirou fundo.

-Acho que tudo bem, mas eu não saio para qualquer lugar e eu tenho um compromisso no domingo - Ela avisou.

-Eu não sei do que se trata, mas a gente pode ir junto se você puder me levar - Bradley sugeriu.

-Diga-me senhor Bradshaw, você tem o hábito de ir à igreja? - Rafaela foi direta, não esperando uma resposta positiva e que talvez ele até desistisse da ideia, o que não seria tão bom assim.

A esse ponto, ela admitia que era louvável ele ser um homem tão gentil.

-Bom, faz muito tempo que eu não vou, mas eu posso ir, posso ir com você, não tem problema - a proposta não o desanimou.

-Então, podemos marcar um ponto de encontro? - Rafaela perguntou - Um lugar onde a gente possa se encontrar antes de ir?

-Que tal eu te buscar onde você mora? E não se preocupa, eu não sou nenhum psicopata - Bradley brincou, mas procurando fazer com que ela se sentisse segura - Eu posso ser doido por ser piloto de avião, mas não a ponto de ser um perigo para nenhuma mulher.

Rafaela riu mais uma vez e percebeu que gostava das piadas de Bradley, ele genuinamente a fazia sorrir.

-Está bem, então - ela concordou - eu posso te passar meu endereço por mensagem, agora eu preciso mesmo continuar com o trabalho, eu tenho uma porção de coisas para fazer.

-Claro, claro, nunca foi minha intenção de atrapalhar - ele compreendeu.

-Mas antes que vá - Rafaela interrompeu qualquer movimento a mais dele - eu gostaria de agradecer por ter vindo aqui e fazer esse convite, você tem sido muito gentil e eu agradeço por tudo.

-Não tem de quê - Rooster acabou sorrindo, grato por ela permitir a conversa entre eles, mas também sorrindo de forma vencedora.

Tinha conseguido cumprir com seu objetivo ali. Ele entendia as atitudes que estava tomando exatamente como Rafaela tinha descrito, era um ato de gentileza para com uma pessoa que Bradley sentia que precisava de um pouco disso.

Rafaela por sua vez, decidiu deixar as desconfianças de lado e dar um voto de confiança a Bradley. Ele podia ser um estranho, mas até agora a tinha tratado muito bem. Tinha que retribuir sua bondade na mesma medida.

Sutil InsistênciaWhere stories live. Discover now