Sutil Insistência

Início da Mudança

Dizer sim ao pedido de Bradley trouxe mudanças gradativas à vida de Rafaela. A primeira tinha sido encarar uma festa de comemoração, apenas entre os amigos, o que dessa vez, ela aceitou com muito mais tranquilidade e leveza. Tinha que admitir que devia sentir gratidão pelo acolhimento que veio dos amigos de Bradley, afinal, a própria Rafaela estava longe da família e ter com quem contar por perto, ainda mais agora que estava prestes a se casar, era muito importante e amável.

De forma simples, o Dagger Squad e o sr. e a sra. Mitchell se reuniram no apartamento de Rooster, comemorando o noivado deles. Depois de muitos abraços e desejos de felicidade, restaram apenas os noivos no lugar.

-Bom, isso é só o começo - Rafaela se deixou sentar no sofá, refletindo sobre tudo que estava acontecendo.

-É, o começo de uma vida juntos, muito diferente do que eu esperava - seu noivo confessou, suspirando ao lado dela.

-Mas um diferente bom, não é? - ela sorriu para ele, contente.

-Sim, com certeza - ele concordou e a beijou rapidamente - tem muita coisa pra gente planejar, isso me deixa nervoso e empolgado ao mesmo tempo.

-Eu também - Rafaela concordou - a primeira coisa que se passa na minha cabeça sobre isso, é a  minha família, eu não sei... talvez o Renato viria até aqui sem hesitar, e o meu pai, mas eu duvido que minha mãe venha.

-Eu sei das suas reservas quanto a ela, mas não custa tentar convidar, de verdade - Bradley sugeriu, esperançoso.

-Bom, depois disso tem a questão de onde o casamento vai ser - Rafaela apontou - ah e eu vou logo avisando que não quero nada caro ou chique.

-Sim, senhora - ele concordou.

-Quer dizer, desculpe, devo ter soado bem mandona agora - ela baixou os olhos, envergonhada.

-Tudo bem, Rafa, como noiva, acho que é direito seu exigir certas coisas - ele apertou os ombros dela afetuosamente, a puxando para mais perto dele.

-Mas o casamento é seu também - ela se aconchegou no peito dele, mas ergueu a cabeça para olhar em seus olhos, falando sério - eu não quero decidir tudo do meu jeito, nós somos uma equipe, não somos?

-Claro que somos - ele concordou com ela - time Bradshaw.

-Rafaela Bradshaw - ela repetiu baixinho, de olhos fechados - soa super bem...

-Também acho - Bradley sorriu, completamente satisfeito, apesar da incerteza dos planos e responsabilidade nas decisões que envolviam eles, era empolgante estar se casando com a mulher que amava - bom, sobre o lugar do casamento, eu pensei que fosse um tanto óbvio.

-Óbvio? - ela franziu a testa em dúvida, depois percebeu o que ele quis dizer - minha igreja, claro, eles não cobram pelo local, e nós podemos usar o jardim pra festa, tenho certeza que não vai ser um problema.

-Pronto, uma coisa resolvida, agora falta todo o resto - ele percebeu, rindo, mas depois ficou sério - acho que de tudo que precisamos resolver, essa é a parte mais fácil, não? 

-Que quer dizer? - ela questionou.

-Voltamos à questão da sua família - ele foi direto - você não contou pra eles sobre nós, não é?

-Eu não fiz por mal, eu amo você, Brad, é que eu não achei que eles ficariam tão felizes por mim, e eu não queria, sei lá, atrapalhar o Renato de algum jeito - ela deu de ombros, soando melancólica de repente.

-Ei, se tem uma coisa que eu aprendi é que todo mundo merece compartilhar sua felicidade, não importa o que sua família vai achar - Bradley disse firmemente - no entanto, convidá-los pro casamento ou não fica a seu critério, está bem?

-Está bem, eu prometo seguir seu conselho, e obrigada por entender, de verdade - ela suspirou o abraçou fortemente, grata por tê-lo em sua vida mais uma vez.

-Não tem de que, de verdade - ele beijou o topo de sua cabeça, garantindo que faria o que podia para que tudo ficasse bem.

Alguns dias depois, tomando coragem para contatar a família, Rafaela se dispôs a fazer uma ligação a eles, mas tendo Bradley por perto, dando seu apoio. Na opinião dela, era muito mais fácil falar com Renato e foi o que ela fez. O irmão mal pôde acreditar em poder falar com ela novamente.

-Não acredito que tô falando com você, já faz um bom tempo que você me ligou! - Renato demonstrou sua empolgação e felicidade por estar falando com a irmã outra vez - bom, se você me ligou, deve ser porque alguma coisa importante aconteceu, não é?

-É, tem razão, me desculpe por não ter ligado tanto - ela se desculpou, mas também se sentindo feliz por falar com ele - bom, Renato, eu não queria te incomodar contando sobre a minha vida pacata e sem novidade, além disso, você tava ocupado com a faculdade e tudo mais.

-Pode até ser, mas estamos falando de você agora, então me conte o que houve - Renato preferiu ir direto ao ponto e descobrir sobre o que se tratava tudo aquilo.

-Certo, deixa só eu... - ela suspirou fundo e olhou para Bradley, que retornou o olhar em expectativa - faz um tempo que eu conheci um cara muito legal, o nome dele é Bradley, ele é tenente da marinha.

-Uau, isso é legal, é bom que você tenha feito um amigo - o irmão ficou feliz por ela.

-É, bem, a nossa amizade evoluiu pra uma coisa mais séria e ele me pediu em casamento, eu aceitei - ela contou entre pausas, esperando uma reação exagerada e até mesmo algumas broncas.

-Rafaela, isso é muito sério, eu não sabia de nada até agora - Renato deu sua opinião sobre a notícia inesperada - mas... eu sei que você é adulta e sensata, se tomou essa decisão deve ser porque vale à pena, certo?

-Vale e vale muito, eu sei o que eu decidi - ela sorriu de alívio.

-E os nossos pais não sabem nada sobre o seu noivado, não é? - seu irmão logo deduziu, a conhecendo bem.

-Não, você é a primeira pessoa da minha família a saber - ela confessou num suspiro nervoso.

-Imagino que vai querer que eu fale com eles primeiro, não é? - Renato concluiu.

-Sim, se puder - ela pediu, constrangida.

-Eu faço qualquer coisa por você, não se preocupe - ele a assegurou - imagino que vai querer a gente aí pro casamento, não é?

-Claro, é por isso que eu liguei, pode ser que seja um pouco difícil pra mim, mas é o correto a se fazer - Rafaela compartilhou seus pensamentos sinceros.

-Eu faço isso, mas primeiro, eu teria que conhecer o Bradley, você pode me passar o telefone dele? - Renato exigiu como condição e irmão preocupado.

-Na verdade, ele está aqui comigo, posso passar o telefone pra ele agora - ela sugeriu, o que deixou seu noivo alarmado.

Rooster pensou em se esquivar de atender, mas tendo consciência que aquela conversa era necessária e aconteceria mais cedo ou mais tarde, acabou aceitando o celular das mãos dela.

-Oi, é o Bradley, é um prazer conhecê-lo, Renato, eu sinto muito se as notícias te assustaram, mas eu amo a sua irmã e prometo fazer o meu melhor por ela sempre - ele disse de uma vez, o que deixou ele mesmo espantado pela rapidez da resposta pronta.

-Tudo bem, eu acredito em você, só preciso de mais informações sobre você, o que pode me contar? - o irmão de Rafaela questionou.

Ela, por sua vez, se sentou e esperou que os dois se entendessem, observando Rooster responder de bom grado ao interrogatório do seu irmão. Ao fim da conversa, o casal sentia que tinha vencido uma etapa importante antes que se casassem. Ainda assim, era apenas o começo de lidar com a família de Rafaela.