Progressão

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Aos poucos, a rotina de Rafaela teve que ir se diminuindo. Seus patrões ficaram felizes com a notícia de sua gravidez, lembrando-se da sua constante dedicação e ajuda no hotel, ficaram mais que satisfeitos em diminuir sua rotina de trabalho, até que o tempo de sua licença maternidade chegasse.

Por sorte, Bradley não foi mais convocado para missões durante um certo período, o que o fez ficar em casa por mais tempo, mas sem deixar de comparecer aos treinamentos e tudo mais.

Por estar mais em casa, ele se via na nobre obrigação, como marido e futuro pai dedicado, de fazer mais por sua esposa para que ela apenas descansasse e não se esforçasse tanto.

-Eu posso pegar e fazer as coisas por mim mesma, sério – ela afirmou uma vez, rindo, mas grata pela bondade dele – se eu fosse você, guardaria essa energia toda para os últimos meses.

-Últimos meses? Ah não, não vamos nos precipitar – ele a corrigiu, um tanto em pânico – se eu já estou bem preocupado agora, imagina quando o bebê estiver prestes a nascer.

-Uma etapa de cada vez então? – ela sugeriu.

-Uma etapa de cada vez – Bradley concordou.

E assim, eles passaram por cada nova etapa, acompanhando o bebê crescer, sendo quase impossível não imaginar como ele estava naquele estágio e como seria quando ele nascesse. Quando o bebê se mexeu pela primeira vez, Rafaela estava sozinha, e apesar do susto que levou, notando o movimento novo, também conseguiu sorrir de emoção. Era prova de que seu bebê estava vivo e logo estaria com eles. Compreender o que era gerar de forma prática a deixava emocionada e tornava tudo muito real, ela estava no processo de se tornar mãe e poder viver algo que pensava não ser possível a fazia transbordar de gratidão.

Quando ela viu Rooster mais tarde naquele dia, foi a primeira coisa que ela contou a ele.

-Eu não acredito! Ele se mexeu? Ele nunca se mexe quando eu estou por perto, e olha que não foi falta de tentativa... – ele riu.

-Talvez seja melhor dar tempo ao bebê, ele pode ser tímido como a mãe – Rafaela comentou, mais como um fato do que como uma brincadeira.

-Claro, pode ser, mas eu só queria que ele já fosse acostumando com a voz do pai dele – ele confessou.

-É compreensível, meu amor, mas é claro que com o tempo ele vai saber quem você é – ela o consolou – aliás, é curioso como você o chama de "ele", o tempo todo, acha que vai ser um menino?

-Sinceramente, eu não faço ideia, mas vou ficar feliz se for uma menina também, não se preocupe com isso – ele garantiu, chegando a sorrir e tocar a barriga dela, como um sinal de garantia ao bebê de que estava falando sério.

Então, como se tivesse entendido e atendendo ao pedido de seu pai, o bebê se mexeu. Rooster soltou uma risada alta de alegria, mas depois se conteve, com medo de assustar o bebê e fazer com que ficasse parado de novo.

-Está tudo bem rir – Rafaela garantiu, sorrindo também e tocando o rosto do marido.

-Certo – ele riu mais um pouco, sentindo o bebê se mexer de novo, mas acabou derramando uma lágrima dessa vez.

Ela o observou, chegando a se emocionar também. Se havia algo mais em comum além de se emocionarem com aquele momento, era concordarem que não havia palavras para descrevê-lo, assim, eles ficaram em silêncio, apenas contemplando as manifestações do seu filho.

O pequeno Bradshaw continuou crescendo saudável e forte, antes de nascer, mas apesar de toda a antecipação e emoção de seus pais, havia algo que eles não tinham conversado muito antes, sobre se teriam um menino ou uma menina. Não pararam pra pensar nisso até que o médico mencionasse a possibilidade de descobrirem o gênero do bebê.

Foi aí que a curiosidade dos Bradshaw foi aguçada no mesmo momento e intensidade, num sonoro "sim" ao médico. Depois de alguns momentos de silêncio, apreensão e atenção à tela do ultrassom, a resposta deles veio de imediato, um menino.

Rafaela gargalhou alto, se lembrando de como tinha sido crescer com seu irmão, essas experiências criando alguma ideia de como seria ter um filho. Para Bradley, que tinha crescido com outros meninos, principalmente na escola, a notícia lhe dava uma ideia de diversão e travessuras, mas alguém que cresceria o tendo diretamente como um exemplo, o deixava preocupado, com um senso de responsabilidade um pouco maior, mas também privilegiado.

Agradecendo pela consulta, eles foram para casa, ainda processando o fato de que em breve teriam um menino. Outra coisa que foi praticamente sincronizada em sua reação foi terem o mesmo nome em mente. 

-Eu queria que ele se chamasse Nicholas - Rafaela anunciou.

-Pelo meu pai - Bradley lhe deu um sorriso agridoce - se você está fazendo essa escolha por si própria, fico muito feliz, mas se não, você pode escolher outro nome.

-Não, de jeito nenhum - ela deixou claro, segurando as mãos dele - eu não tinha pensado muito em nomes antes, mas se tinha uma coisa que eu tinha em mente era que fosse um nome fácil de se pronunciar em inglês e português, e Nicholas, é simplesmente perfeito, é um jeito lindo de homenagear o seu pai e eu não discordaria disso, de maneira nenhuma.

-Obrigado - Rooster a envolveu num abraço, completamente agradecido, chegando a chorar pela emoção.

Sua esposa apenas acariciou suas costas em resposta, compreendendo o que ele sentia.


Sutil InsistênciaWhere stories live. Discover now