Lugar adequado

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Ao terminar de dar o nó na própria gravata, Bradley se olhou no espelho, inspecionando os últimos detalhes do seu visual. Tinha que estar impecável, não somente por ostentar um uniforme militar, mas porque a farda não deixava de ser seu traje de noivo. Ajeitando o quepe sobre a cabeça, não conseguia deixar de se sentir nervoso e feliz. Estava mais do que pronto e certo de iniciar um casamento ao lado de Rafaela, mas agora, outro sentimento forte que o inundava era imaginar o que seus pais achariam disso tudo. 

Ao fechar os olhos, Bradley conseguia ouvir o riso e as lágrimas misturados de Carole, dizendo que estava orgulhosa do filho e do homem que ele tinha se tornado. Conseguia quase que sentir Nick o envolvendo num abraço, dando os últimos conselhos de como ser um bom marido, brincando com Carole, a fazendo rir ainda mais, uma família completa e feliz.

No entanto, a vida não tinha sorrido nessa parte da vida dele para ele. 

-Rooster, eu posso entrar? - Maverick o tirou desses devaneios.

-Claro - o rapaz fungou, contendo algumas lágrimas e tentando se recuperar do momento emotivo, passando um dedo pelo bigode.

-Oi, eu vim ver como você está, nervoso, com certeza - Pete explicou sua visita, com Penny logo em seu encalço.

-Ah pode apostar - Bradley assentiu e riu - mas eu não vou dar pra trás, casar com a Rafa é o que eu mais quero no mundo.

-E eu sei que está pronto pra isso, seu pai e sua mãe teriam muito orgulho de você - Maverick garantiu.

-Eu sei, eu estava pensando justamente nisso, eu queria que eles estivessem aqui - Rooster confessou.

-Mesmo que eles não estejam, você pode acreditar que eles estão olhando por você, de alguma forma - Penny o consolou - o amor deles ainda continua existindo em você.

-Eu sei, obrigado - ele sorriu para os dois, suas figuras paternas. Nick e Carole podiam não estar ali, mas a vida tinha dado a ele Mav e Penny, tinha que ser grato por isso.

-Agora, ânimo e coragem, sua noiva está à sua espera - Maverick deu um tapinha em seu ombro, o encorajando.

-Não seria o contrário? - o noivo brincou.

-Ah você me entendeu, só vamos lá logo - o capitão cortou o assunto no mesmo bom humor.

-Só tem uma coisa que eu preciso fazer antes - declarou Bradley.

-O que foi? - Penny perguntou.

-Isso - ele deu um passo a frente e a envolveu em um abraço, seu padrinho foi o próximo - obrigado por tudo e por estarem aqui agora.

-De nada, garoto - Maverick respondeu e Penny sorriu, em acordo.

Sentindo-se confiante e amado, Bradley se posicionou em seu lugar dentro da igreja, o lugar em que tinha visto Rafaela tocar piano pela primeira vez e se encantado por ela mais um pouco. Certamente era o lugar perfeito para selarem sua união.

Rafaela, por sua vez, estava tendo sua cota de pensamentos reflexivos e profundos sobre o que o dia do seu casamento significava. Era um pouco estranho ter os pais e o irmão ali, depois de alguns anos longe da companhia deles, tinha que ser grata por isso, por mais que ainda não compreendesse os sentimentos da mãe quanto ao resto da família. Ela estava quieta por sua vez, talvez, até aquele momento, processando o que estava vivendo e acontecendo ao seu redor.

-Meus parabéns pelo seu dia, Rafaela, eu tenho orgulho do que você conquistou aqui - sua mãe disse quietamente, pouco antes de ela entrar na igreja - mesmo longe de nós.

-Obrigada - Rafaela assentiu, surpresa por se sentir comovida, ainda tinha dúvida da sinceridade daquelas palavras, mas resolveu aceitá-las mesmo assim.

-Eu vou estar esperando por você lá dentro, boa sorte! - Renato desejou e sua irmã se iluminou, deixando a expressão pesarosa e cansada para trás.

Ela pensou que não era assim que Bradley gostaria de encontrá-la no dia do casamento deles. Ao lembrar do seu amado noivo, o coração de Rafaela se acalmou.

Ao lado de seu pai, ela caminhou pelo corredor, com todos os olhos focados nela e o som de uma marcha nupcial simples tocada no piano ao fundo. Ela sorriu de forma singela para o noivo e então, se deixou ser entregue pelo pai ao homem que se tornaria seu marido.

Estando um ao lado do outro naquele momento, o casal sabia que estavam onde precisavam estar, fazendo o que deviam fazer.

-Um dia, Bradley e Rafaela decidiram que deveriam se unir em matrimônio e estamos todos aqui para celebrar a vida deles e a vida que estão prestes a construir juntos - o ministro disse em seu discurso - Rafaela Neves, você aceita Bradley Bradshaw como seu esposo para amá-lo, respeitá-lo e honrá-lo todos os dias de sua vida, pelo tempo que tiverem juntos?

-Sim - a pequena palavra saiu um pouco trêmula dos lábios dela, mas não menos sincera, o que a fez ficar um tanto paralisada, mas olhar para Bradley mesmo assim.

-Bradley Bradshaw, você aceita Rafaela Neves como seu esposo para amá-lo, respeitá-lo e honrá-lo todos os dias de sua vida, pelo tempo que tiverem juntos? - a pergunta foi direcionada ao noivo.

-Sim - ele afirmou, assentindo, com toda certeza do mundo.

Quando ele segurou a mão de Rafaela para colocar a aliança, sentiu a mão dela trêmula, o que o fez massagear em cima de sua mão com o polegar, numa tentativa de confortá-la.

Respirando fundo, ela pôs sua aliança, o que a deixou emotiva. Era o sinal claro do que estavam fazendo, mais uma etapa e estariam oficialmente casados. O pedido do beijo dos noivos veio logo depois e, com coragem, Rafaela deu um passo à frente deixando Bradley segurá-la pela cintura e tocar seu rosto com a mão livre. 

Ele foi leve e delicado, o que a fez retribuir da mesma maneira doce, sentindo seu bigode sobre seu lábio superior, uma estranha sensação de conforto. As palmas em torno deles mostravam o quanto eles tinham a celebrar e com quem comemorar.

Uma longa fila se seguiu para cumprimentá-los do lado de fora da igreja, onde a festa aconteceria. Quando os recém-casados estavam prestes a se sentar, viram uma movimentação no mínimo absurda e curiosa. Payback, Coyote, Fanboy e Hangman tinham se revezado para pegar o piano de dentro da igreja e colocá-lo para fora do local.

-Mas o que significa isso? - a sra. Bradshaw perguntou se aproximando - isso é super pesado!

-Nós sabemos - Reuben respondeu, chegando a tocar os braços para enfatizar a dor neles.

-Não seria o casamento do Rooster se ele não tocasse piano - Hangman justificou.

-Sério isso? Ah meu Deus - reclamou o dito tenente - eu queria era abrir a pista de dança primeiro.

-É, eu concordo que estava ansiosa pra primeira dança - confessou Rafaela.

-Mas eu prometo que posso tocar depois - ele sorriu para os amigos, de boa vontade.

Satisfeitos com a resposta, os rapazes deixaram os noivos à vontade para sua primeira dança. Bradley ofereceu uma mão à esposa, que aceitou e seguiu o ritmo dele. Sentindo-se segura, ela se deixou deitar a cabeça no peito do marido e fechar os olhos, imaginando que era só os dois ali, esquecendo um pouco a agitação ao redor deles.

-Eu te amo... - ela murmurou para ele, completamente segura.

-Também te amo, sra. Bradshaw - ele respondeu de volta, no mesmo tom de amor.


Sutil InsistênciaWhere stories live. Discover now