Capítulo 2

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Depois de ligar para minha mãe avisando que estou prestes a decolar e eu fico grata por ela não poder usar o celular por muito tempo no hospital, assim evitamos mais despedidas e lágrimas. Envio uma mensagem a César, fecho os olhos e imagino o rosto de só vi duas vezes na vida.

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Quase oito horas depois, aceno para meu pai e a esposa no aeroporto. Cesar Costa ainda é muito bonito e sua esposa ainda mais elegante e jovem do que há 8 anos quando foram a Spokane.

— Lys, como foi o voo? — César me dá um abraço formal. É estranho ter um pai em um dia normal e não em uma ocasião especial programada 2 meses antes e saber que amanhã ele vai embora. Dessa vez eu vim, e ninguém vai embora.

— Foi longo, eu dormi a maior parte do tempo.

— Lys, querida seja bem vinda a Lisboa. — Minha madrasta me cumprimenta com dois beijos no rosto. Além de simpática e jovem, é bastante bonita.

Meu pai é alto e elegante e os olhos verdes como os meus são gentis e contrastam com os cabelos escuros que começaram e ficar grisalhos, acrescentando certo charme, além disso acho que ele deve ir a uma academia com muita frequência já que o corpo tem nitidamente músculos saudáveis. Com uma beleza imponente, se não fosse médico ortopedista, César Costa poderia ser advogado, presidente ou astro de cinema. Vivian sob saltos médios e vestido de estampa floral fresca é casualmente elegante com seus cabelos loiro cobre e corpo esguio. Os olhos castanhos me encaram com alguma ternura, eu diria, enquanto caminhamos para a parte externa do aeroporto.

Depois de ajeitarmos a mala e mochila no SUV preto e chamativo, dou mais um passo rumo a minha nova vida e durante o trajeto observo as ruas nas primeiras horas do início da manhã, exatamente como em Washington, há pessoas caminhando em direção aos compromissos, lendo jornal ou bebendo seu café preferido mas no tímido e típico estilo europeu, bastante diferente do corriqueiro americano.

Os olhos de César encaram os meu através do interno do carro, e eu diria que está ansioso tanto quanto eu. Eu desvio voltando a encarar as ruas quando ele quebrar o silêncio que se instalou. — Nossa casa fica no centro, mas não parece centro de uma capita, acho que você vai adorar.

— Estou ansiosa, não vejo a hora. — Digo timidamente surpresa por ele estar tentando se comunicar comigo. É tão estranho estar com meu pai, indo para a casa dele, a nossa casa. Eu costumava sonhar com momentos em que passeava de carro com meu pai pela cidade durante o verão e que faríamos coisas que pais e filhas fazem, mas minha mãe sempre estava lá para me ajudar a entender que a vida também era boa mesmo não tendo o pai presente todos os dias ou nas férias e feriados.

— Raul está em casa para as férias de verão, você terá companhia — Vivian diz inclinando a cabeça para olhar para mim.

— Estou ansiosa para encontrá-lo. — Digo sinceramente, porque estou mesmo. Sempre quis ter um irmão, e a melhor parte disto é ter Raul por perto embora eu não tenha a menor ideia de como ele é. A verdade é que tudo isso me assusta.

Vivian está sendo simpática e parece ser uma mulher tranquila e compreensiva. Meu pai está se esforçando para ser um pai para mim, eu posso ver no modo como ele desvia o olhar do transito para observar pelo mesmo espelho de antes, eu vejo seus olhos carregados de culpa com um toque de esperança. Dentro de mim, o medo da verdade se instala: estou indo viver com uma família que mal conheço.

15 minutos depois estou em frente a uma casa com portas e janelas de madeira maciça e antiga. O enorme portão de madeira abre quando Cesar aciona o comando para entrar na garagem. Saio do carro e observo a casa romântica no estilo vitoriano, rodeada por uma mata, sendo que a varanda e um telhado são uma obra de arte que parece ter saído de um romance vitoriano.

TESTA-MEWhere stories live. Discover now