Capítulo 5

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César me deixou em casa por volta de três e meia. Aproveito para ligar para minha mãe, mesmo sabendo que é tarde. Faço um breve resumo sobre meu almoço com César e, Emma, minha superprotetora mãe, quer saber sobre como me receberam e os detalhes sobre meu pai e minha madrasta, e eu garanto que estão sendo amáveis e cuidadosos em cada detalhe desde que cheguei. Resolvo não contar ainda sobre o carro, ela ficaria preocupada levando em conta que eu tirei a carteira e mal dirigi, mas conto a ela o quanto Raul foi perfeito e dos planos que tem de me apresentar alguns amigos.

Percebendo a tranquilidade na voz da minha mãe, pergunto como foi a noite e como está lidando com a solidão.

— sr. Charper jantou comigo hoje. — Ela diz rapidamente.

— Resolveu dar a ele uma chance? — pergunto, sabendo que ela vai negar.

— Elysia foi um jantar como qualquer outro, para com isso.

— Mãe, ele gosta de você e além disso, é um gato, você tem de dar uma chance a ele.

— Não começa Elysia. — O tom dela é seco. — Preciso desligar, está tarde aqui e eu já ouvi tudo que precisava, agora vou descansar.

— Te amo e estou com saudades — eu desvio a conversa, sabendo que ela não vai se abrir mais.

— Também te amo filha, e sinto sua falta todos os dias.

Eu sei o quanto custa para minha mãe assumir que merece isso mais do qualquer coisa na vida. Sei que David está tentando há algum tempo, e basta algumas horas com eles para perceberem que harmonizam na perfeição.

— Boa noite, mãe.

Eu encerro a ligação, sentindo peso da distância que há entre nós, mas feliz por minha mãe ter dado esse passo.

Com intenções de recuperar o ar dos pulmões, vou até a janela e olho o calmo e lento balançar das árvores. Ponho minha play list favorita e vou para o banho. A música que Harry Styles fez para Olívia Wilde ecoa pelo quarto, enquanto a água morna escorre pelo meu pescoço levando a tensão consigo. Através da grande e transparente parede, vejo três garotas no gramado, descontraídas. Observo quando Raul chega com o loiro sensual e mais um ruivo alto e largo. Meu irmão e o loiro carregam uma caixa térmica grande, enquanto o ruivo avança em direção as garotas. Duas delas tem cabelos longos e claros, e além de magras e sensuais, são muito parecidas. O ruivo passa o braços pelos ombros da garota que tem cabelos escuros e compridos, dando um beijo nela. A loira número um, está usando short jeans e um top que tenho certeza ser um biquíni, e caminha até Raul e o beija violentamente, agarrando-se aos cabelos dele, enlaça o pescoço do meu meio-irmão. O loiro de olhos frios, pega uma cerveja da caixa térmica e senta sobre ela quando a segunda loira monta seu colo.

A saliva desce pela minha garganta e por alguns segundos me imagino no lugar da loira no colo de Leon Castillo. Meu subconsciente ri da minha cara. Dispenso o sutiã e visto com orgulho a velha camiseta da banda que um dia foi minha preferida. Lembro-me de quando tinha 12 anos e tive a chance de ir ao show do 1D com Denise e Barbra. E, embora fosse apaixonada por Harry, ter conseguido a assinatura de Zyan, tem muito valor.

Reflito sobre minha vida adulta, depois de assistir aos casais do lado de fora. No espelho reflete a imagem de uma garota de pele pálida, olhos grandes e seios médios, pelos quais grata.

Vou para a cama e ligo televisão e imediatamente desligo, só se fala português, sem chance.

Olho uma última vez pela janela e vejo os casais se divertindo do lado de fora e fecho as cortinas. Me fez pensar em Matt e minha desastrosa obsessão de sair da escola sabendo beijar e transar. Fui corajosa, fiz sexo e beijei, mas não sei nada sobre uma coisa ou outra. Passo o olho pelas redes sociais, em seguida procuro um filme para assistir e encontro um filme turco sobre um amor impossível daqueles que duram a vida toda. Meia hora depois tenho as pálpebras pesadas às oito da noite e me entrego ao sono e ao cansaço, ainda sob o efeito do fuso e do longo voo de Washington a Lisboa.

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