Capítulo 10

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Leon está mesmo aqui. Me distraio lembrando de mais cedo quando ele tocou meu braço. Daniel me encara como um falcão. Seus olhos encobertos e especulativos me atravessam. A boca numa fina e impassível linha. Lindo com um pecado do inferno, não consigo encará-lo. Meu subconsciente da uma gargalhada me lembrando de que minha língua tocou eroticamente o dedo dele. Observo sua elegante camisa preta abotoada até o pescoço. Será que ele esconde intencionalmente a tatuagem? Ou apenas está combinando sensualidade e charme com ar celibatário e casto, causando frenesi em mulheres. Tentar decifrar esse Adônis faz meu cérebro girar sob o efeito do álcool. Tenho que me por sóbria. Imagens de Daniel e suas mãos inflamam minha pele. Meu descarado subconsciente grita: ele disse que ainda não terminou. Se controla Elysia.

- Vou buscar água – eu me levanto.

Como se houvéssemos combinado, ele e eu estamos de pé em sincronia. Eu coro no tom da orquestra de Dalí.

- Vou com você, preciso de uma bebida – ele avisa, movendo-se de seu lugar, me esperando chegar a ponta da mesa.

Laura e Sara olham com curiosidade. Com um sorriso de esfinge, que eu acabei de descobrir ser sexy vindo dele, ele se vira, pondo a mão nas minhas costas.

Seguida pela imponente e magnética sombra chego ao bar. Sento-me num banco alto e peço uma garrafa de água. Pisco os olhos e o jovem com traços hispânicos põe a garafa no balcão. Eu tomo um longo gole do líquido fresco. Ouço quando Adônis diz Tom Collis sem xarope.

- Você está bem? Esta vermelha. – Ele pergunta, ficando perto demais. Puta merda, como ele é lindo. O sotaque me faz contrair o interior escondido entre as coxas.

- Estou zonza, mas vou ficar bem depois desta e mais uma garrafa de água. – eu garanto, desviando os olhos para a garrafa em minha frente.

O bartender colocou no balcão um bonito copo com líquido transparente, a fatia de limão e uma cereja no topo. Além de lindo, tem estilo. O drink com nome de CEO multimilionário combina com ele.

Eu encaro o homem de preto a minha frente. Pegando o copo, ele da dois passos em minha direção. Os olhos fixos na minha boca. Eu observo como seus dedos hábeis tiram a cereja do copo.

- abre a boca - ele ordena com a voz grave. E encaro seus olhos por mais tempo do que pensei ser capaz. A atmosfera ao redor muda. Ou foi só meu corpo que aqueceu.

- Algum açúcar te fará bem, – ele insiste, gesticulando – abre Elysia.

O jeito como diz meu nome faz meu coração me estrangular tentando sair pela boca. Desperto do transe sensual e instintivamente abro a boca para que ele introduza a cereja.

O dedo dele toca minha língua espalhando ondas elétricas por todo meu corpo. O gesto foi tão erótico quanto a maneira como ele piscou lentamente para hidratar os olhos, seguido por uma lambida nos lábios. Dando um gole em sua bebida, ele dá um passo para trás. Estou inflamada por ele. O que foi isso?

Os olhos impassíveis de alguém que sabe o poder de sedução que exerce. Pisco algumas vezes para organizar meu juízo. Minha respiração está irregular. Sinto uma estranha e desconhecida necessidade de ficar próxima dele. Estou olhando fixamente para a boca perfeitamente esculpida de Daniel Stone. O doce da cereja inunda minha língua. Dou outro gole na água. Olho ao redor e mais uma vez ninguém parece se importar. O local está ainda mais quente. Muitas pessoas indo para todas as direções. Um bêbado está debruçado no balcão quase dormindo.

Um par de braços toca meu ombro, enlaçando meu pescoço. Viro a cabeça para olhar. Leon beija meu rosto. Daniel avança para a posição anterior. Muito próximo de mim, fica confuso com a aproximação de Leon.

- Lys como está indo sua noite? – a pergunta é para mim mas seus olhos concentram-se em Daniel que acaba de parar em frente a mim , encostando um joelho no meu. Leon parece insignificante agora, com o poder magnético do homem que acaba de tocar mais uma parte do meu corpo. Meus hormônios gritam. Calma Elysia.

Constrangida e desconfortável, respondo afastando-me meu rosto– estou bem! Laura e os amigos são ótimos.

Numa clara tentativa de intimidar Daniel, que degusta seu Tom Collis com arrogância, Leon dispara - você não parece bem. Bebeu muito?

- Leon, te achei! - É a loira do vestido vulgar. Ela me encara enquanto arrasta Leon para longe dali. Se deixando levar, ele grita por sobre a música que está tocando, que sou incapaz de reconhecer - me liga se precisar de carona para casa. Ele desaparece na multidão.

Mal tenho tempo de me recuperar do embaraço, Daniel pergunta de forma direta - quem é o cara com a loira sem focinheira?

Chocada com a familiaridade do termo que ele usou, aviso - um amigo.

- Ele não te vê como amiga e a loira também não!

- Ele é amigo da família. – Eu me levanto - já estou melhor, vou voltar para a mesa!

Ele não diz nada, me encara séria. Pede uma garrafa de água e me segue, carregando a garrafa sem dizer uma palavra.

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