Capítulo 17

131 5 0
                                    

- Lys, você tem que estar na faculdade há onze horas. Não se esqueça. Raul vai te encontrar lá. – meu pai interrompeu minha cabeça viajante. Hoje é segunda-feira e tenho uma visita guiada na faculdade onde vou estudar.

- Está bem, obrigada pai.

Sorrio em agradecimento quando meu pai está saindo pela porta principal. Volto meus pensamentos para a tarde recente que passei com Daniel. Imagens da morena da penteadeira misturam-se com meu cabelo dourado nas mãos dele. A maneira como prendeu entre seu corpo e o lavatório do banheiro. Vamos jantar na terça. Meu celular vibra me tirando do meu devaneio. Raul avisa que está indo para a faculdade. Meu calmo e paciente irmão irá me acompanhar neste dia tão importante.

Trinta minutos mais tarde meu telefone toca – Estou aqui na entrada do estacionamento – diz Raul em tom suave.

- Já estou entrando.

Ponho o celular no bolso traseiro do jeans. Meu irmão me espera encostado no pilar à entrada do jardim. Vestindo jeans e uma camisa azul clara, Raul chama a atenção pela altura e olhos muito claros que contrastam com seu cabelo negro. Em que momento ele é malha? O corpo dele é tão atlético quando o de Leon .

- Você chegou em cima da hora - ele passa um braço por cima do meu ombro. Dois beijos e caminhadas direção ao grande e extenso prédio horizontal.

- Quase atrasamos – murmurou.

- Cheguei na hora certa. Nem antes nem depois, apenas na hora – sorrio para ele.

- Vamos conhecer o prédio, em seguida você vai falar com a diretora do curso e podemos visitar os laboratórios e a biblioteca – disse Raul empolgado - e por último vamos a direção dos alunos para ver o pessoal da praxe.

Entramos em um espaço moderno. A porta principal é transparente e bastante grande.

- Eu não quero saber das práticas, o quanto mais eu puder evitar, ficarei grata. Não curto essas coisas Raul – eu o encaro, série.

- Certo, isso não será um problema.

O pavilhão é um corredor comprido com muitas portas e divisões. O espaço tem enormes e altas paredes claras. Há muita gente circulando pelo local. O prédio é gigante, passamos por uma área externa que está integrada dando a certeza de que está fora das instalações, porém com a dúvida de ter mesmo saído. As janelas de vidro permitem ver dentro das salas de aula e laboratórios pelo caminho.

Depois de visitar a diretora do curso e acertar os detalhes que faltavam, voltamos ao espaço que nitidamente divide alunos e corpo docente.

- O que achou?

- Eu adorei o lugar. Tudo muito moderno. Com certeza vou me adaptar aqui.

- Logo você terá amigos... quem sabe até namorado – ele arqueia uma sobrancelha. Minha reação imediata é engolir a saliva que secou na minha boca. Não digo nada. Ele me encara com sorriso zombeteiro.

- Vou fazer xixi. Me espera aqui. – digo, encerrando o assunto.

Sigo na direção da sinalização por onde passamos mais cedo e encontro o banheiro feminino.

Enquanto lavo as mãos, uma jovem de cabelo muito preto, e olhos azuis entra e sorri simpaticamente pelo espelho. Lavo as mãos e saio. Ouço passos rápidos e em seguida uma pessoa fala muito alto:

- Hey, seu telefone – Apesar de não entender, viro-me e vejo a garota de cabelos pretos vindo em minha direção, sorrindo e acenando com meu celular na mão. Ela fala algo em português mostrando o telefone em uma das mãos acima da cabeça. Embora não entenda, sei que tirei o telefone do bolso traseiro e o esqueci na cabine.

- Obrigada – respondi com melhor português que consegui.

A jovem sorrindo, responde no meu idioma – você esqueceu dentro da cabine.

- Muito obrigada, de verdade. – eu digo tentando expressar minha gratidão.

- Sou distraída. Obrigada mesmo. Qual seu nome? – Pergunto curiosa

- Sou a Julia. Julia Bratz, prazer - ela me oferece um aperto de mão.

- Elysia Brooks.

- Será seu primeiro semestre?

- Sim! Estou em uma visita

- O que vai cursar?

- Gestão de turismo e eventos. E você?

- Eu vou cursar o segundo semestre de moda – disse Julia simpaticamente com um sorriso de pequenos dentes perfeitos, que se encaixam em sua boca.

- Estou indo embora agora

- Também já terminei o que vim fazer.

Caminhamos na mesma direção. Raul está descontraído em seu celular, quando nos aproximamos.

- Julia, este é Raul Costa meu irmão

Raul levanta os olhos e aperta a mão que Julia oferece.

- Encantado Julia. – Meu irmão põe os olhos de falcão nela. Os homens quando se interessam por uma mulher tem uma capacidade absurda de se transformar. Eu só tinha visto o lado tranquilo e despreocupado de Raul, exceto no quinta de casa no outro dia.

- Igualmente - Julia responde

- Nos vemos em dois meses Elysia – ela acena, retirando-se

- Ate mais – eu aceno.

- No meu primeiro dia em Londres não conheci nenhuma heroína – Raul sorri passando a mão pelos cabelos volumosos.

- Ah não? Foram quantas, meia dúzia? – eu franzo o cenho.

- Meia dúzia de professores despejando matérias. Fiquei perdido no primeiro semestre sabia? – ele confessa.

Eu encaro meu irmão com curiosidade – eu nunca imaginei isso, vindo de você. Sempre que você olho você acha perfeito. Não consigo imaginar que você está perdido em nada.

Raul ri às gargalhadas – Lys, foi por pouco que eu não perdi três aulas de introdução a medicina. O curso é intenso e se eu não focar e me dedicar não saio de lá com diploma. Leon me ajudou bastante.

- Uau ele é mesmo seu amigo.

- Leon está acima da mídia. Em Madrid, quando eramos garotos ele me puxava. É meu melhor amigo e parceiro.

-Ah. Eu vejo mesmo.

- Ali, deve ser uma biblioteca – designada Raul para uma porta de correr muito grande, à esquerda no final do corredor.

-Uau é bem grande – eu literalmente abre a boca. O local é bastante grande com mesas de estudos, bancos, cadeiras e até pufes para o conforto de todas as tribos de estudantes. Apesar de ser composta por prateleiras e algumas mobílias claramente herdadas de um período monarca. O local tem um toque moderno com tudo muito organizado e sinalizado. As prateleiras imensas e altas causam uma boa impressão.

Duas horas mais tarde, tenho os pés cansados ​​de andar pela faculdade. Raul continua lindo, com se acabasse de sair do sono da beleza. Nunca mais vou beber. Estou um trapo, ainda há resquício do álcool de sábado fazendo efeitos. Eu mal dormi.

- Vamos almoçar num restaurante à beira-mar, você gosta de frutos do mar? – pergunta Raul, distraindo-me do meu cansaço.

- Gosto, apesar de não ter experimentado tantas coisas.

- Certo, você vai gostar com certeza. Um amigo virá almoçar conosco. Você vai gostar, não se preocupe.

TESTA-MEWhere stories live. Discover now