Capítulo Sessenta e cinco

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THOMAS

Querido Thomas,

Se estiver lendo isso é porque o esperado aconteceu. Não tenho palavras o suficiente para consolá-lo. Então direi os melhores do clichês: "
Você me salvou de todas as maneiras que alguém pode ser salvo ". E eu nunca terei como retribuir isso. Você foi o meu universo, a minha música favorita da playlist dos anos 80 que escutávamos no seu carro no colégio. Eu sinto muito por tudo, queria que tivéssemos mais tempo, existem tantas coisas que não fizemos e tantos lugares que não conhecemos juntos. Com lágrimas nos olhos, um dos motivos pelo qual essa carta irá chegar manchada nas suas mãos, eu te digo que eu te amo de uma forma tão gigante que poderia comparar com o tamanho de Júpiter em mil vezes ou infinitamente. Eu sei que você vai ficar bem, você é forte, isso me trás alívio. Thomas, o meu relógio parou, mas o seu continua rodando, não desperdiça. Existem tantas coisas incríveis por aí apenas esperando por você, viva isso, busque algo no qual você possa se agarrar e fincar memórias. Busque o amor, se apaixone por algo ou alguém que te mantenha com o sangue correndo por suas veias. Eu não vou me importar, prometo, a sua felicidade sempre será minha felicidade e eu quero que você seja feliz. Porque eu te amo. Eu te amo Cestinha, e vou amá-lo para sempre.

Com amor, Manoella.

O volante se tornou um travesseiro para acolher todas as minhas lágrimas. Queria que tudo fosse um pesadelo, queria acordar há dois anos atrás e voltar para quando dei as costas e fui embora naquele dia. Queria voltar para dois dias atrás e abraçá-la um pouco mais. Eu deveria ter feito isso.
Fui recebido pela senhora Clarkson, ela estava usando roupas pretas assim como eu. Me sentei na mesa e observei tudo em volta, todos os troféus e certificados da Manoella estavam por lá, notei algumas caixas e muitos retratos dela.

— Posso perguntar por que as coisas dela estão aqui?

— Estamos limpando o quarto dela, deixando organizado. Você sabe que ela sempre foi um pouco bagunceira com o quarto. — senhora Clarkson estava muito mal, ela tentava sorrir, mas não conseguia. Sobre a mesa ela colocou uma garrafa de café e duas xícaras. — Como você está?

Eu sinto que estou no piloto automático desde que ela se foi.

— Estou tentando ficar bem, e a senhora e o senhor Clarkson? Precisam de alguma coisa?

— Não querido, não se preocupe conosco. Sei que não está sendo fácil para você. Para nenhum de nós na verdade.

— Ela disse algo para a senhora sobre como ela queria ser lembrada?

Senhora Clarkson puxou uma cadeira e se sentou.

— Praia. — respondeu. — Ela sempre amou o mar, então ela quer... queria que todo ano, na data do seu... da sua partida que fizéssemos uma viagem para qualquer lugar com praia. — disse com dificuldade, a sua voz estava chorosa. Ela colocou as mãos no rosto. — Oh Deus, der-me forças para prosseguir. Amém.

— Senhora Clarkson...

— É minha filha. — ela se despencou. — Eu perdi minha filha, eu perdir minha filha. Eu nunca mais vou vê-lá, ela nunca irá me chamar de mãe.

Doeu muito, parecia que a minha ficha caiu ali. Naquele momento. A única coisa que eu poderia fazer é abraçá-la, então fiz isso. Choramos muito, choramos juntos, uma dor imensa.
Fiquei um tempo sozinho no quarto dela. Estava praticamente vazio. Os móveis estavam cobertos por lençóis, andei até a sua sacada com uma linda vista para a praia.

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