CAPÍTULO 18

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ANA

Meu?

De onde tinha vindo esse pensamento?

Arregalo os olhos rapidamente antes de me recompor.

— Quem é você? – Ele pergunta com a voz grossa, encorpada e ao mesmo tempo rouca.

Me endireito antes de responder.

Não posso perder a compostura só por causa de um homem gostoso.

Ok, um homem muito gostoso.

Meu Deus, por que ele tinha que ser tão gostoso?

Agora entendo porque a Adanna tinha se arriscado tanto observando ele.

— Sou a nova babá da sua filha. Meu nome é Ana. — Dou um sorriso tímido pra ele, mas não estendo a mão.

Se eu já tinha essa reação só de ver, imagina se eu por acaso tocasse nele?

Não, obrigada.

Por que eu estava pensando em tocar nele? O que estava acontecendo?

Ele arqueia uma sobrancelha.

— Se sabe que a filha é minha, é porque sabe quem eu sou e a família também. Já quero deixar claro uma coisa, não tente. Não vai dar certo e você vai ser demitida.

Não tente?

Não tente o que?

Ele não podia estar falando sério...

— Não tentar o que?

Ele torce os lábios me olhando.

— Você sabe muito bem o que. E não importa, porque nenhuma de vocês faz o meu tipo.

Nesse momento tenho que me controlar pra não voar na cara desse metido.

Com que moral ele me diz isso? Ele acha que só porque ele é gostoso eu vou ficar me esfregando nele que nem cadela no cio?

Talvez. Queria, não vou mentir.

Mas depois dessa não tinha vontade mesmo. Abusado!

Que droga, Adanna, espero que a sua versão desse Dante tenha sido menos idiota. Ou não teria valido a pena esse rolê todo.

— E o senhor acha que é o meu tipo? Talvez eu seja lésbica e você não sabe.

Agora é a vez dele de ficar chocado comigo. Talvez não esperasse essa, palhaço.

— Bom dia pro senhor e saiba que vou fazer o melhor pela sua filha. — Passo por ele sem deixar com que continue falando.

Palhaço.

Babaca

Machista

Até entendo que ele tenha sofrido com muitas interesseiras, mas fala serio! Ele nem me conhece!

Argh! Podia ser a reencarnação do amor da Adanna, mas ele com certeza não era nada meu. Nada! Nesse momento mesmo nem queria saber dele.

Respiro fundo antes de seguir pelo corredor e bater na porta do escritório de ontem.

Dona Marina me recebe com o mesmo sorriso acolhedor de ontem, e apesar do começo irritante, me forço a relaxar ao ver seu sorriso.

— Bom dia, Ana! Pronta para o seu primeiro dia?

Aceno sorridente, porque apesar do primeiro encontro tenso, sabia que precisava descobrir mais sobre mim e não pensar em homem.

Mesmo sendo um homem lindo.

Lindo e idiota.

Babaca.

Saímos do escritório de dona Marina e seguimos em direção a cozinha, onde uma moça com avental e touca, colocava a refeição para a menina mais linda que já havia visto.

E por um momento tudo volta a parar novamente.

Minha respiração.

O ar.

Meu coração.

Aquela menina...

Lágrimas surgem nos meus olhos sem que eu entenda o motivo delas.

A pequena tinha o tom de pele cor de caramelo, cabelos ondulados castanho escuro com alguns fios dourados. Boca em forma de coração, olhos amendoados...

Era ela linda.

Não entendia como, mas olhar pra ela me fez ter o mesmo sentimento de quando olhei para o pai dela mais cedo.

Minha.

Mas como isso era possível?

Caramba, eu precisava terminar o diário da Adanna o quanto antes. Será que ela estava grávida? E se estava... meu Deus, os sonhos...

De repente tenho um gosto amargo na boca, um sentimento de que mesmo sabendo internamente que o final não era bom, talvez ele fosse pior do que eu imaginava.

— Bom dia, Cristiane! Bom dia, minha doce Maya!Trouxe alguém pra você conhecer.

Maya...

Vindo de Deus...

Que nome lindo.

A pequena Maya me olha com curiosidade enquanto continuo embasbacada ali, olhando aquela criança.

— Minha nova babá, vovó? - Até a voz dela era doce.

— Sim, minha querida. Essa é a Ana, e começa hoje com você e já vai receber a agenda dos seus afazeres.

Ela balança a cabeça concordando e volta a atacar o prato de panquecas com mel e ovos mexidos do lado.

— A senhorita já comeu? Quer alguma coisa? – Cristiane me pergunta e me viro para ela. Baixinha, de cabelo em um coque por dentro da toca e um sorriso cálido que me deixava feliz também.

— Não, obrigada, já tomei café da manhã na pousada. Estou pronta pra começar.

Ambas as senhoras sorriem pra mim e me viro para a garotinha, finalmente voltando a mim mesma.

— Tudo bem? Eu me chamo Ana, e espero que a gente se divirta muito.

A menininha termina de mastigar e me olha com um brilho nos olhos que me dá medo por uns segundos.

Ela teve muitas babás, não é mesmo?

Meu Deus, e se essa menina for que nem o pai dela?

Deus, no que eu tinha me metido?

**

DONA CRISTINE

Observava as duas lá fora.

Maya sempre foi espoleta, então provável que daria muito trabalho pra nova babá

Nova babá...

Ana Machado.

Será coincidência?

Cristine não era acostumada a acreditar em coincidências, não depois de tudo que já viu e viu.

Como ela parou aqui depois de todos esses anos? Será que foi um acaso mesmo ou ela finalmente descobriu?

Mas como era possível?

O destino tem meios.

Uma vez ouvi isso e nunca esqueci.

Se o destino tem meios mesmo, então essa história estava condenada antes mesmo de começar.

Ela tinha que fazer alguma coisa.

Essa menina não podia ter o mesmo destino da outra... não mesmo.

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ENFIM, LIBERTAWhere stories live. Discover now