CAPÍTULO 32

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ANA

Davi Pinheiros havia aparecido.

Depois do que pareceram semanas, e provavelmente eram só duas ou três.

—  O detetive da mãe de vocês? - Dante pergunta.

— Esse mesmo. – Minha irmã responde acenando com a cabeça. — Ele me ligou de número restrito e eu quase não atendi, mas algo me fez atender e descobri que ele quer muito encontrar com a gente. Expliquei aonde estávamos e depois de um pequeno surto, ele disse que estava vindo pra cá.

— Um surto? Por que? – Pergunto confusa.

Ela da de ombros.

— Não entendi muito bem, mas ele ficou balbuciando sobre sermos malucas e pessoas amaldiçoadas.

Pessoas amaldiçoadas.

Um arrepio negativo subiu pelo meu corpo todo quando ela fala isso.

Pessoas amaldiçoadas.

"Que a terra sinta minha fúria enquanto eu correr.
Que o vento me dê gás para voar pra longe daqueles que me querem mal.
Que os outros elementos me vinguem.
Que todos aqueles que não aprenderam, aprendam.
Deixo minhas palavras registradas para que ninguém nunca se esqueça, que tentei me libertar até o último minuto desse amargor de realidade."

Lembro das palavras da Adanna repetindo em looping na minha cabeça. Será que...? Já suspeitava, mas tudo começava a se encaixar de maneira macabra e triste.

O amor de Dante e Adanna condenado.

A família dele contra os dois.

O pai dele indo atrás dela.

Ela com ódio escrevendo no diário...

A maldição.

Era isso. Adanna de alguma forma havia amaldiçoado a todos.

E a maldição recaiu sobre todos.

De repente meu olhar esbarra com o da dona Agatha e vejo ela olhando pra mim de um jeito...

— Dona Agatha, a senhora sabe de alguma coisa? – Pergunto já tendo uma ideia da resposta. Desde que a gente chegou ali a minha irmã já tinha me levantado a suspeita sobre todos na cidade. Não era possível que ninguém soubesse de nada.

Alguém tinha que saber de alguma coisa.

Primeiro: o que foi feito do corpo da Adanna? Ela morreu, não morreu? Ninguém seria amaldiçoado à toa.

Segundo: Dante e ela nunca se reencontraram pela história do meu Dante. Ele morreu amargurado e potencialmente louco.

Minha irmã vira para dona Agatha de modo suspeito.

— Se a senhora sabe, desembucha. Provavelmente já sabe que não viemos aqui só a passeio, e eu ando que nem uma maluca por aí tentando pegar alguma coisa no ar e ninguém fala nada. E quando toco no nome da família Villança Lombardi, as pessoas falam menos ainda. Isso tá parecendo mais pacto de silêncio, sei lá.

Minha irmã se afasta dela para ir para a porta, provavelmente pra evitar que ela fugisse.

Dona Agatha respira fundo e desvia o olhar, torce os dedos das mãos antes de voltar a olhar para todos nós e focar nas minhas mãos dadas com o Dante.

— Não tem como fugir do destino.

— Como assim? O que a senhora sabe? – Dante pergunta com aquela voz profunda dele que mexe comigo. Era importante que ele estivesse aqui comigo porque essa história ao mesmo tempo que só me envolve, envolve um monte de pessoas também.

ENFIM, LIBERTATahanan ng mga kuwento. Tumuklas ngayon