CAPÍTULO 22

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DANTE LOMBARDI

Era ela.

Não sei como, mas no meu interior, sabia que era ela.

Os sonhos são meio turvos, mas o nervosismo que senti, a mão suada, a boca seca, o coração batendo rápido... ou eu estava tendo um ataque de coração, ou meu corpo tinha reconhecido aquela que a minha mente gritava durante noites.

Desde pequeno tive sonhos nebulosos com situações como se já tivesse as vivido antes. Era como se eu visse em retrospectiva toda uma vida que foi minha e ao mesmo tempo não.

Demorei muito tempo pra entender que era uma vida passada. Quando criança, meus pais não davam bola, mas quando fui crescendo e os pesadelos continuando, resolvi pesquisar por mim mesmo e entendi o que era.

Meus pais falaram da existência do primeiro Dante. O que teve a ideia das joias Lombardi, do que desenha, buscava as pedras preciosas a mão... e o que era considerado amargurado. Triste. Solitário.

Um homem que foi tão cheio de vida, se tornou amargurado, uma sombra de quem ele já foi.

Nunca me contaram o verdadeiro motivo da mudança brusca dele, mas desde que comecei a ver a mulher, sabia que tinha algo a ver com ela.

Os pesadelos tinham se tornado espaçados quando entrei na vida adulta, o trabalho, as cobranças, tudo isso isso entrou em foco, e logo depois teve a minha filha.

Um dia, correndo pelas terras da minha família, ouvi um choro de bebê que levava até um casebre abandonado que ficava muito distante e já estava tomado por uma parte da vegetação.

Havia um bebê no cesto. Era a minha Maya.

A identificação foi na hora. Nunca pensei em ser pai ou se um dia iria querer ter filhos, mas bastou olhar pra ela que senti como se a minha alma reconhecesse a dela.

E desde então, lutei para manter minha filha comigo.  Sempre muito focado no trabalho, e nos projetos que eu tinha na empresa, então amor, família... tudo isso ficava em segundo plano.

Até mesmo as namoradas eram algo superficial pra mim. Minha namorada na época tinha rejeitado a ideia da bebê. Me fez escolher entre a bebê e ela.

Não havia dúvidas quem tinha ido embora da minha vida.

Por mais que eu gostasse da Cora, não imaginava ou sentia por ela nada que parecesse ou chegasse perto ao que eu sentia pela minha filha. Maya era tudo pra mim.

Meu pai já era falecido, então por mais triste que minha mãe tivesse ficado pelo fim do namoro, porque Cora era filha da melhor amiga dela, ela também havia ficado feliz com a Maya.

No começo ela olhava com receio. Como se visse algo que eu não via.

Mas depois, ela se encantou que nem eu.

Decidimos que o melhor era criarmos ela em casa. Foi registrada e tudo, mas eu vivia com esse medo de que um dia alguém iria aparecer para levar minha filha de mim.

Então eu tinha um segredo.

Agora tinha a Ana para pensar.

Deus, ela era tão linda.

E ela encaixava com a minha filha. Em um dia, vi a Maya sorrir genuinamente para uma babá dela.

Era um perigo.

Essa mulher aqui não pode ser boa coisa pra mim. Não pode.

Porque todos os sonhos com ela parecem presságios.

— Soube que você conheceu a babá nova da Maya hoje. Gostou? – Minha mãe pergunta da porta do meu escritório.

Quando eu precisava pensar, meu escritório era meu maior refúgio. E era nele que me encontrava agora.

— Ela pareceu competente. – Acenei com a cabeça.

Não queria falar muito sobre ela sem começar a entregar a verdade. Se a minha mãe suspeitar que eu voltei com os sonhos ou que agora tenho praticamente certeza de que a mulher é a Ana, dona Marina é capaz de me encher sobre isso e falar novamente de medicamento. Não estava louco, não estava.

Minha mãe me encara com curiosidade e começo a ficar ansioso. O que era isso?

— Mais alguma coisa, mãe? – Pergunto encarando ela ainda na porta. Eu estava vendo uns desenhos novos das joias quando minha mente havia dispersado, então mesmo que gostasse de pensar mais um pouco nisso, havia muito trabalho ainda pela frente.

Ela balança a cabeça negativamente.

— Não, não. Pode voltar aos desenhos. – E fecha a porta.

O que foi isso?

Mas não detenho muito meus pensamentos nisso antes que olhos escuros cor de chocolate invadam meus pensamentos.

DONA MARINA LOMBARDI

Não podia ser possível!

Aquela historinha da carochinha não podia ser real.

Almas gêmeas, vidas passadas, amor predestinado...

Nada disso era real.

Mas ela havia visto o brilho nos olhos do filho. E notou como a babá nova havia ficado mexida por estar na casa.

Mas não podia ser possível!

Talvez estivesse na hora de ligar para a Cora. Conversar com ela e tentar fazer com que sua afilhada volte para o Brasil. Reconquistar o Dante.

Mas que bobeira, Marina! Acreditando em crendices de histórias de ninar...
Porém... meu Osvaldo disse,  não disse? Disse que a família estava amaldiçoada por conta de Dante.

Dante e Adanna.

Ana...
Adanna...

Não podia ser!

Marina leva as mãos assustadas para a boca. Sim. Estava na hora da Cora voltar para o Brasil. Eles eram um casal apaixonado, tinham uma historia, estava quase se encaminhando para um noivado segundo a própria Cora...

Se ela ao menos tivesse aceitado melhor a chegada da bebê... Tudo poderia ser diferente agora.

Mas o que está feito, está feito.

O destino tinha um jeito.

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E AÍ?
Gostaram do Dante emocionado?
E o que será que vem por aí?

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ENFIM, LIBERTAWhere stories live. Discover now