Capítulo 25

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04 meses depois...

- Teu pai deve vir ver você. – disse acomodando Suri – Se precisar de algo, grite. – ela terminou de cobrir a menina. – Tenha bons sonhos.

- Teu cabelo está crescendo. – disse tocando o cabelo de Micaela. Só crescerá uns três, quatros dedos, mas já era perceptível. A franja continuava ali. Micaela sorriu.

- Tu já disseste isso 05 vezes hoje. Durma, sapeca. – disse beijando-lhe a testa.

- Boa noite, Mica.

Micaela se bateu com Joseph na saída. Acontecia com frequência, mas os dois não se falavam muito. As olheiras dele pareciam permanentes, o rosto não tinha alegria. Ela o encarou por um instante e saiu, deixando-o só com a filha. Passou pela cozinha para tomar um copo de água.

- Creio que eu já esteja ficando melhor. – comentou Nina com a cozinheira, se equilibrando para se manter em pé. Micaela ergueu a sobrancelha.

- QUE NOTICIA BOA! – disse dando um tapa no ombro de Nina. No susto a outra se desequilibrou e caiu gritando enquanto segurava a perna novamente fraturada. Micaela gargalhou desistindo da água e indo para seu quarto.

Ela ainda sorria quando entrava no seu quarto, mas um sorriso terminou em um engasgo de choque. Havia alguém ali.

- Não grite. – Advertiu Nicolas sentado na cama dela.

- Precisa de algo, senhor? – perguntou incrédula.

- Feche a porta. – ordenou, se acomodando no travesseiro dela. Micaela ergueu a sobrancelha – Eu preciso conversar com você, fique tranquila.

Micaela avaliou por um instante e fechou a porta. Quando se virou Nicolas estava girando o livro dela na ponta dos dedos. Micaela fez uma careta.

- Sente-se – pediu, apontando os pés da cama, ela foi hesitante. – A propósito não gostei do teu corte de cabelo. Preferia o anterior.

- É o que a maioria diz. – disse dando os ombros. Nicolas sorriu de canto. – Joseph o mandou aqui?

- Ele não manda em mim. – disse franzido o cenho, e parando de girar o livro – Não, ele nem sabe que estou aqui, e eu gostaria que continuasse sem saber.

- Tudo bem, eu não estou entendendo. – disse Micaela realmente confusa. Nicolas se sentou direito, encarando-a. Os olhos dele eram perturbadoramente claros.

- Em primeiro lugar, eu não estou aqui para defender Joseph, sou contra o que ele lhe fez. – Micaela esperou – Mas eu estou vendo-o se enfraquecer dia após dia. Quando você passa vejo nos olhos dele a esperança de algum progresso para logo voltar ao desanimo. Se algo acontecer a Joseph, eu perco essa guerra. E eu não vim aqui para isso.

- Eu não vou voltar para ele. – disse categórica.

- Não sou um cupido, não vim te pedir isso. Mas você precisa entender o lado dele. Ver o ângulo que ele viu a situação. – disse e ela esperou – Micaela, nós reis, temos uma criação muito diversificada da tradicional. Quando eu tiver filhos, não vou cria-los do modo como eu fui, é errado e prepotente. Mas somos criados para sermos reis, e não homens.

- O que quer dizer com isso? – perguntou confusa.

- Um homem normal é criado para honrar sua mulher e filhos. – exemplificou.

- Um rei também, suponho. – disse irônica. Nicolas assentiu, sorrindo de canto.

- Certamente. Só que nos fomos criados sob um ângulo diferente. Em minha adolescência meu pai me disse inúmeras vezes que eu poderia ter quantas amantes eu tivesse vontade porém que minha esposa ou qualquer outra pessoa jamais deveria saber. Eu seria rei logo eu poderia passar por cima dos outros.

Se entregando ao inimigoOnde histórias criam vida. Descubra agora