Capítulo 48

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- Como? – Joseph estava incrédulo – Mas, por quê?

- Eu não quero, não posso. Me perdoe. – disse quieta, com a voz baixa.

- Tens noção do que eu terei de enfrentar por ter escolhido você? E você me diz não? – perguntou exasperado – Há outro?

- Não! – disse na mesma hora – Nunca houve, nunca haverá outro. Eu amo você, somente você.

- Eu não consigo entender, se me amas, por que está dizendo não? – perguntou angustiado.

- Porque, eu tenho medo. – disse em lamento.

E ela sabia. A única forma de fazê-lo aceitar sua decisão era o machucando. Isso a matava por dentro, mas ela precisava fazer, tinha que fazer.

- Medo? Medo do que?

- Medo de aceitar ser sua rainha, e acabar terminando como Camila. – jogou sujo. Um silencio pesado se sobrepôs sob ali. Ela podia ver a dor nos olhos dele.

- Micaela... eu morreria antes de permitir que algo a fizesse mal. Eu prometo a você. – disse com a voz seria, encarando-a. Ele interpretou a dor nos olhos dela como medo, e isso o machucou ainda mais.

- Prometeu isso a Camila também, não prometeu? – ela queria chorar. Queria morrer, e sumir. Estava o machucando da pior forma possível, retirando a casca das feriadas dele, podia ver. – Entretando não conseguiu protegê-la da morte. – ela precisou se virar, dando lhe as costas. Não suportaria ver ainda mais a dor em seu rosto. Joseph, eu o amo tanto, me perdoe!

- Por que está fazendo isso comigo, Micaela? – perguntou, sua voz era baixa, estava dilacerado. – Eu te ofereci o meu amor, minha confiança, minha fidelidade, meu reino... eu te ofereci minha vida. Por que está fazendo isso?

- Uma coisa é ser sua amante, outra é mostrar ao mundo que sou sua mulher, sua esposa e rainha. – a primeira lagrima caiu pelo rosto dela, como estava de costas para ele, não o viu.

- Sua resposta final é não? – perguntou abatido.

- Não. – disse se virando – Quando a guerra acabar... quando tudo isso terminar, se você ainda me quiser, eu serei sua até que minha vida acabe. Se voltar a me fazer esse pedido, direi sim antes de qualquer outra palavra. Mas agora não posso, eu o amo, Joseph. Mas não posso. – disse o encarando-o – Me perdoe.

Joseph a encarou por longos instantes, estava machucado. Esperava de tudo menos isso. Quando viu que ela não voltaria atrás. Deu-lhe as costas e saiu. Assim que a porta bateu, Micaela desmoronou no chão, o choro vindo a tona, os soluços de dor saiu livremente. Ela queria ir atrás dele, abraçá-lo, dizer que o amava, que o queria, e tirar toda aquela dor de seu olhar. Mas se aceitasse se casar com ele, morreria e conquistaria seu ódio. Por que a vida precisava ser tão cruel? O que ela havia feito para merecer isso

A notícia de que Micaela havia recusado Joseph se espalhou. Os dias se seguiram, passavam de modo devagar, tortuoso, e não havia um dia em que ela não chorasse por ele. Ela não o via. Quase ninguém, exceto o concelho em si, o via.

- Sinceramente, eu nem sei o que dizer. Não esperava. – Cristal estava sem entender. Micaela, que ia servir o chá, parou atrás da porta, quieta. Vanessa observou a porta brevemente, mas não disse nada.

- Nicolas me disse que ele está abalado. Calado, sempre quieto. Só aparece quando é necessário, eu nem posso imaginar como deve ser. E olha que sou mulher. – comentou Samantha.

Se entregando ao inimigoOnde histórias criam vida. Descubra agora