Capítulo 79

198 14 0
                                    

O dia do casamento chegou. Micaela mal dormiu. Logo pela manhã criadas foram ajudá-la. Prepararam um banho com pétalas de rosas, massagem e alguém apareceu para cuidar dos cabelos. O vestido de noiva, pronto e impecável. O castelo estava em um alvoroço. Porém o quarto dos Nefas estava quieto. Vanessa, que tinha acabado de sair do banho, olhava os pulsos derrotada. A criada tinha acabado de sair após apertar o espartilho. Ela suspirou. Tentou de tudo, e a mancha escura não havia sumido. Ela olhou o vestido luxuoso, sua coroa e luvas... já não aguentava mais.

Ouve batidas na porta, e Robert entrou.

- Robert, que susto! – ralhou, tendo recuado para se esconder, antes de ver quem era. Estava seminua. Aquilo era motivo para morte.

- Esperei Zach sair. – disse entregando a garrafinha de metal a ela. Ela pegou confusa. – Beba.

- O que... – ela retirou a tampa, sentindo o cheiro. – De quem é? – ela o encarou. O cheiro era familiar.

- Vanessa, você viu onde eu deixei a pasta que eu trouxe ontem a noite? – a voz de Zach vinha do corredor. Ela arregalou os olhos, olhando a situação. Ela de roupa de baixo e Robert parado ao seu lado. Aquilo seria uma desgraça.

- Ele vai matar você. Suma daqui! – sussurrou.

- Até a última gota. – ressaltou e sumiu. Só deu um tempo de Vanessa esconder a garrafinha debaixo do vestido na cama, e Zach entrou.

- O que há? – ele viu a expressão dela.

- O espartilho. – mentiu – Acho que apertei demais. – ele observou.

- Quer que eu afrouxe? – perguntou se aproximando. Ela negou.

- Não precisa. – ela apanhou a pasta largada na cabeceira da cama – Aqui está. – ele apanhou – Vá, eu vou terminar de me arrumar. Não permita que Nicolas enlouqueça Joseph. – Zach riu dando-lhe um beijo e saiu.

Vanessa respirou fundo se acalmando. Robert havia sumido dali. Ela apanhou a garrafinha, destampando. O gosto era particularmente família. Quando terminou, olhou os pulsos de relance... mas nada havia acontecido ainda. Deixou isso de mão e foi terminar de se arrumar. Bastava aguardar.

- SAIA DAQUI! – rugiu. Nicolas gargalhou gostosamente.

- Mas está uma coisa linda! – disse debochado, fazendo biquinho. Joseph suspirou.

- Nicolas, eu vou me casar hoje. Agora. SERÁ QUE POSSO TERMINAR DE ME ARRUMAR?

- Eu não estou interrompendo. – se fez de ofendido, e passou a girar a coroa de Joseph nos dedos.

- Se alguma pedra cair eu irei fazê-lo engolir o resto. – avisou, fechando a camisa.

- Gostaria de vê-lo tentar.

- Nicolas, não seja insolente. – Nicolas riu. Zach caminhou até ele tomando a coroa. E se virou para Joseph – Você tem que ir.

- E Micaela? – perguntou ansioso.

- Querido Joseph. Vendo sua ansiedade, se não te conhece-se diria que é virgem. – disse fazendo biquinho de novo. Zach riu.

- A carruagem está esperando. Micaela irá logo em seguida. – Joseph assentiu, apanhando a coroa e saiu.

_____________________________________________

Micaela estava pronta. Os cachos estavam delineados, mas ela não permitiu que os prendesse. Joseph gostava deles soltos. O vestido em um tomara que caia, o véu longo a deixava com um olhar angelical.

- Está na hora bebê. – disse e Micaela se virou ansiosa – Você está parecendo um anjo, Micaela. – sua mãe a elogiou e ela sorriu. Uma criada entrou informando que a carruagem a aguardava.

Ela respirou fundo e foi. Finalmente seu dia havia chegado.

Cada casal de reis foi em uma carruagem. Joseph sozinho na primeira, Micaela com Suri na última. O reino em peso estava em frente a catedral. Após Joseph entrar, acenando para algumas pessoas e tirando algumas fotos, vieram Robert e Cristal. Pararam para fotos, ambos sorrindo antes de entrar. A próxima carruagem foi a de Nicolas e Samantha. Nicolas, cheio de gracinhas arrancou suspiros, logo foi levado por Samantha para dentro da catedral. Já na última carruagem...

- Me dê suas mãos. – Zach pediu tranquilo. Vanessa estava impecável. O vestido, o cabelo, mas seu rosto estava triste. Ela deu as mãos a ele, que retirou as luvas dela. Ela ia protestar.

- Sumiu. – disse exasperada, olhou os pulsos. As marcas haviam sumido.

- Robert veio conversar comigo. – ela o encarou. Ele sorriu e puxou o braço do terno, desabotoando o punho da camisa, mostrando. Estava cortado. O corte era recente, fundo. Não sangrava mais.

- O que foi isso? – questionou, e ele ergueu a sobrancelha revelando o obvio, enquanto fechava o punho da camisa. – Bem que era familiar. – disse e ele riu – Obrigada. – se lançou ao pescoço dele, beijando-o docemente. A carruagem havia parado.

- Robert explica depois. Venha. – ele desceu, oferecendo a mão dela.

Choveram flashes quando os Nefas desceram da carruagem, ele laçou a mão na cintura dela possessivamente. Só que agora ela sorria, radiante.

Havia barreiras na porta da catedral, barrando até onde os súditos poderiam ir, havia muitas pessoas querendo ver. Joseph estava impaciente, andando de um lado para o outro. Até que a marcha nupcial tocou. Todos se viraram para olhar. Micaela saiu da carruagem, tinha o buque em suas mãos. Suri apanhou a mão dela livremente apertando-a, em gesto de confiança. Logo a menina passou a sua frente, com uma cesta de pétalas jogando pelo caminho, feliz. Joseph observava, mas ele nem se quer podia ver Micaela ainda, nem ao menos Suri.

- Se por acaso você desmaiar, irei rir disso pelo resto da minha vida. – Nicolas comentou ao lado dele. Nicolas lamentavelmente era o padrinho de Micaela.

A marcha ainda tocava. Micaela entrou na catedral, após alguns passos notou algo, no meio da multidão. Hades. Quieto, observando tudo. Então ela abriu o sorriso mais radiante, como um desafio. Ele sorriu de canto e assentiu. Ela sabia que ele não podia fazer nada e nem o fato de seu casamento estar acontecendo sob uma guerra, ofuscou a felicidade dela. Ela caminhou tranquila até o altar. Ela olhou para frente encontrando o olhar de Joseph. Ele tinha um sorriso glorioso no rosto. Por fim, chegou até ele.

- Você não tem ideia do quanto eu esperei por você. – sussurrou, e ela sabia que ele não estava falando apenas da igreja.

- Eu esperei a minha vida toda. – respondeu e o sorriso dele aumentou. Suri apanhou o buque de Micaela, que deu as mãos a Joseph ambos caminhando juntos até o altar.

E nada podia ser mais perfeito.

Se entregando ao inimigoOnde histórias criam vida. Descubra agora