Se entregando ao inimigo

Capítulo 26

*Flashback de Joseph*

- Que diabos está acontecendo? Onde está o médico? – perguntou raivoso.

- Ele está a caminho senhor, a chuva está o detendo de chegar. – disse a criada, agoniada.

- Joseph... – chamou Camila, fraca na cama. Ele a olhou. Ela respirava superficialmente, e estava pálida demais.

- Vá, e o traga-o. – ordenou, e a criada saiu. Ele foi até a cama, apanhando a mão de Camila. Estava gelada. – Eu estou aqui, meu amor. – disse beijando a mão dela.

- Eu estou morrendo. – disse, e tossiu em seguida.

- Não digas tolice, Camila. Isso foi apenas... apenas... é somente um mal-estar. – disse alterado. Pobre Joseph

- Precisa me escutar. – disse e duas lagrimas caíram pelo canto dos olhos dela. – O médico quando chegar...

- Ele já está chegando. Logo – prometeu agoniado. Se algo acontecesse a Camila...

- Quando ele chegar... Joseph, o bebê... – ela se engasgava com as palavras. Os olhos já estavam fechados e ela soava frio. A barriga enorme parecia ser um pecado contra algo tão frágil. – Salve o bebê.

- Amor, não fale. Não se canse mais.

- Me prometa! – ela respirou fundo, e com algo que parecia ser um esforço estrondo, abriu os olhos quase sem brilho para encará-lo. – Me prometa que vai salvar o nosso filho. Prometa que vai cuidar dele. Prometa... Joseph... prometa agora!

- Eu prometo. – disse abaixando para beijar a mão dele.

Só que quando ele ergueu o rosto não era mais Camila, e sim Micaela. Os olhos dele se abriram em choque, e a mão dela o apertou forte. A respiração de Micaela ficou suspensa por instantes, então a cabeça dela prendeu para trás, os olhos azuis ainda abertos.

Mas aquela era a morte de Camila, não de Micaela. O médico que chegaria em segundos, traria Suri a vida. Aquela não era a morte de Camila. Ele se lembrava claramente.

- Não. – disse apavorado. – Micaela, não. – disse tocando o rosto dela. – Não, outra vez não.

Micaela estava arrumando o quarto. Queria sair dali antes que ele acordasse. Mas ele estava inquieto demais. Ela se apressou, deveria estar acordando. Mas ele estava realmente inquieto

De volta ao sonho...

- Micaela, pare com isso! Pare agora! – ele apanhou o rosto dela, erguendo-a da cama. Os olhos permaneceram mortos, e a cabeça dela prendeu para trás, os cachos balançando no ar. – Você não é Camila, não vai morrer como ela. Acorde! MICAELA, ACORDE! – rugiu apavorado. Então a barriga de Camila enorme sumiu. Em compensação uma mancha de sangue começou a brotar no lençol branco. – Não... por favor... de novo não.

Micaela se aproximou da cama. Joseph tinha o cenho franzido. Ela pensou se deveria chamar ajuda. Então duas lagrimas caíram pelo canto do rosto dele. É possível alguém chorar dormindo? Ela se aproximou mais. Ele respirava acuado, parecia atordoado, ela teve pena. Seja qual fosse o pesadelo, ia acabar.

- Joseph... – chamou tocando o ombro dele. – Joseph acorde. – ele continuava em seu sono conturbado. – Meu deus. – disse estranhando. Ela queria que ele despertasse. O Retrato de Camila repousava tranquilamente atras dela. – Joseph! Mas que diabos acordes! – ela apanhou o rosto dele nas mãos, tentando acordá-lo.