Capítulo 27

298 24 0
                                    

Mais de 02 meses se passaram, e ela não voltou. Joseph tampouco a procurou, não a viu, nem com Suri. Ele não tinha paciência com isso, ou ela o queria ou não queria. Ele não iria mais rastejar mais. Porém...

- Senhores. – disse um criado com a respiração ofegante, entregando na sala onde Joseph e Nicolas estavam. Joseph virou o rosto para olhar, Nicolas apenas ergueu o olhar.

- O que há? – perguntou, os olhos claros quase perfurando o soldado.

- Willow Creek. – era uma das propriedades de Joseph. Como uma das extremidades do território. – Está sob mira de ataque. Previsto que temos menos de duas horas até que o confronto ocorra.

- Quantos homens? – Nicolas observa sem um pingo de graça no rosto.

- Esse é o problema, o olheiro não conseguiu ver a divisa. – Joseph franziu o cenho, Nicolas arregalou os olhos – Cerca de dois mil pelo que pude ver, senhor.

- Mais de dois mil, em uma batalha neutra? – perguntou incrédulo.

- Não é o número total, eu vim dar o alarme e ainda houve homens em marcha. – disse, e dava para ver o porquê da afobação.

- Não é uma batalha neutra. – disse olhando para frente – Joseph, willow creek estava com a divisa descoberta, discutimos isso ontem. Uma frente de batalha de dois mil homens em um campo sem defesa, pelo amor de deus. – Disse, apontando o obvio. O rosto de Joseph estava estancado.

- Ele está vindo. – concluiu e Nicolas assentiu com a cabeça. – Desgraçado. – rosnou, se levantando e saiu. Nicolas se levantou também. A urgência era clara agora.

- Soe o alarme, eu quero por baixo quatro mil homens para o campo de batalha. Agora. Cubram a guarda do castelo e esperem por mim e Joseph lá fora. Vá! – ordenou, antes de sair da sala, também apressado.

Samantha lia um livro, Micaela cuidava de Suri. Cada um em seus afazeres. Quando houve sinos altos. Os da igreja e os do castelo. O copo que Micaela segurava nas mãos caiu e se quebrou em pedaços. Samantha ergueu o rosto do livro, e parecia mais pálida que o normal. Ambas sabiam o que aqueles sinos tocando significavam: Guerra imediata.

- O que é isso? – Suri questionou sobre o barulho lá fora. Micaela olhou a menina e Suri viu pânico nos olhos dela. – Mica, o que foi?

- Eu... eu já volto. – E ela saiu correndo.

Micaela nem sabia o que estava fazendo. Os sinos continuavam a tocar, e aquilo a atormentava. Ela percorreu salas e salas procurando por ele, e nada. Onde ele estava? Ela então parou um minuto pensando e correu para a escadaria que dava a torre de Joseph.

Foi quando ela abriu as portas, sem bater que o encontrou lá. Ele já estava com a armadura e prendia algo de metal em seu braço, como uma proteção. Ambos pararam ao se verem.

- O que há? – perguntou na defensiva. Parando ao vê-la ali.

- Não vá. – pediu em um tom de desespero.

- O que? – perguntou confuso.

- Joseph, não vá. Não atenda o chamado, fique aqui. – ele entendeu o medo dela.

- Micaela... – ele suspirou. Micaela viu a espada dele pousada nos pés da cama, e isso parecia um mal sinal para ela.

- Eu estou implorando. – ela estava chorando – Eu faço o que você quiser, mas pelo amor de deus, não vá.

E para o choque de Joseph, ela se ajoelhou perante ele.

- Ei. – disse se aproximando dela. Ele se abaixou apanhando pelos ombros – Se acalme. – e ele a abraçou. Os sinos continuavam chamando. Micaela o abraçou.

- Não vê que ele está fazendo isso para atrai-lo? Ele quer você morto, Joseph por favor não vá. – ele seguia calado.

Joseph ergueu os olhos, e o retrato de Camila, pousado em sua cabeceira servia como uma contraproposta. Hades matou Camila. Joseph esperou 05 anos por esse dia, por ter essa oportunidade. Ele teve novamente um flash da morte de Camila, dos olhos dela sem vida em frente a ele, e Suri que jamais poderia andar...

- Não posso. – ele a soltou e Micaela o olhou, desolada. – Eu tenho uma conta a acertar.

- Você vai morrer por essa vingança? – disse desolada. Ela viu Joseph terminar de prender o acessório de metal no braço. Por que ele não a escuta?

- Se tiver de ser assim... – seria. Era a resposta clara: estava disposto a morrer por esta causa.

Micaela não teve mais nada a dizer. Não conseguia. Ele apanhou o capacete, o escudo e a espada. Estava pronto. Os sinos haviam parado de tocar. Ele parou frente a ela. Aquilo era uma despedida.

- Espere por mim. – pediu olhando-a.

- Por favor... – insistiu, ainda em lagrimas. Ele tocou o rosto dela.

- Ainda que não acredite, realmente amo você. – disse olhando os olhos dela lagrimejosos – Se eu por acaso não voltar... não se esqueça disso.

E ele beijou a testa dela demoradamente, saindo dali. Precisava ver Suri. Um desespero tomou conta de Micaela a ponto de começar a sufocá-la. Ela encarou o retrato de Camila. Uma raiva entrou sobre ela, e então apanhou o retrato atirando fortemente contra a parede. O som do vidro quebrando foi o que veio antes do soluço, do choro assustado dela, que caiu sentada na parede. Ela não suportaria esperar... Não iria suportar perdê-lo.

Se entregando ao inimigoWhere stories live. Discover now