Capítulo 10.5

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Vladivostok, Rússia 23:41PM

Aleksandra

Ela jamais os perdoaria, nenhum deles. Aleksandra tem a certeza provida pelo ódio e a invencibilidade de quem não tem nada mais a perder; ela sabia disso ao escalar a torre mais alta do prédio principal, frio e neve açoitando seu corpo coberto pelo uniforme protetor e as roupas espessas de frio. O maldito desgraçado logo acima fez parte do atentado há três anos, a guerra que tirou tudo de mais precioso para Aleksandra, e nada é tão potente quanto o desejo de vingança que fez a ruiva impulsionar o corpo para cima em um salto. Ela agarra sua vítima pelo calcanhar e cai junto a ele na neve, arfando.

A caça às bruxas já havia começado a muito tempo. O domínio dos feiticeiros está um caos: culpados sendo exterminados, torturados e interrogados para todos os cantos. Por isso, agora está sozinha na perseguição desenfreada. Aleksandra desenrola os dois chicotes de cobre em um movimento fluido, ao passo que o homem abarrotado de roupas gordas volta a correr pela sua vida. Ah, que grande erro estúpido é dar as costas para um animal selvagem. A extensão amaldiçoada do chicote de Aleksandra é repleto de espinhos, feitos para se agarrarem na pele e rasgarem tudo a sua volta.

E essa mesma tira letal se enrosca no braço esquerdo do homem, tal qual uma víbora viva ao reforçar o aperto sufocante. Tecido e sangue pintam o chão nevado antes do braço do homem cair em um baque. Diante de seu grito estrangulado, Aleksandra exibe um sorriso ladino discreto e avança sobre o corpo do maldito, imitando o ataque de um predador selvagem e rolando junto a ele antes de prendê-lo no chão. O frio do inverno Russo é impiedoso; o braço estraçalhado já mostra sinais de queimaduras gélidas e o rosto parcialmente coberto de Aleksandra arde seco.

–Quem mais esteve nisso com você? – Ela pergunta, a voz rouca de tanto ódio e desdém. Aleksandra arranca a proteção facial do homem, forçando-o a aspirar o ar gélido da noite cortante e encarar seus olhos bestiais diretamente. Ele grita, forçando-se contra ela. Um soco basta para fazê-lo ficar quieto. – Quem?

Mesmo quieto e submisso, o homem não responde. Aleksandra o conhece bem; um subordinado de seu pai muito dedicado à família. Quem diria que ele estaria planejando um desastre que levou à morte tanta gente, tantas famílias destruídas.

–Escuta aqui, seu porra, – Ela retira as luvas espessas. Sua mão está engolfada em chamas negras tremulantes, tão quentes quanto qualquer fogo, porém muito mais ameaçadoras pelo conhecimento a seu respeito. A técnica herdada pelo seu pai é motivo de medo e reverência. – é melhor você desembuchar enquanto ainda tenho paciência. Não vou hesitar em incendiar a merda da sua familiazinha feliz na sua frente se continuar testando meus limites.

E para provar seu ponto, ela toca o rosto do homem com sua mão flamejante. O fogo crepitante sibila ao consumir a carne de sua bochecha e orelha, uma gororoba preta toma conta da pele derretida, pequenos furinhos aparecendo. É tanta dor no som de sua voz que os ouvidos de Aleksandra doem e ela exibe os dentes, rosnando.

𝙍𝙀𝙌𝙐𝙄𝙀𝙈, 𝔒𝔨𝔨𝔬𝔱𝔰𝔲 𝔜𝔲𝔲𝔱𝔞Where stories live. Discover now