Capítulo 15

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Ekaterina

Não consigo dormir. O sono não vem.

Sinceramente, achei que fosse mais fácil dormir depois de chorar tanto, mas fechar os olhos só me trouxe a ansiedade que antes fora coberta pela estranha apatia pós leitura da carta. Deixei a janela aberta, tenho a sutil impressão de conseguir respirar melhor agora, mas o ar puro e fresco que preenche meus pulmões não é o suficiente para acalmar meu coração. Sento-me na cama. Me sinto uma estranha em meu próprio corpo, então vou para o banheiro enxaguar o rosto e me encarar no espelho.

Sou eu, apesar de tudo.

Meu nome é Ekaterina, sou uma Harbinger, e meu corpo não é só meu. As pessoas têm medo e nojo de mim desde que me entendo por gente, mas deveria me sentir agradecida pelo poder que só meu sangue é capaz de conter. Não consigo. As últimas pessoas que poderiam realmente me entender estão mortas e, agora, não sei mais a qual mundo pertenço, pois ninguém poderia sequer suportar a ideia de me ter por perto.

Então, respiro fundo; uma e outra vez. Meu reflexo chora miseravelmente, tristonho pelos seus próprios infortúnios inevitáveis, e não posso evitar de me sentir patética e fraca por isso. A qualquer momento posso perder o controle de perder meu próprio corpo e acabar com tudo, apenas confirmando os medos de todos que me deixaram ao longo da vida. Os amuletos amarelos parecem até brilhar em resposta, contrastando contra minha pele mortalmente branca e de aspecto doente. Talvez eu esteja de fato debilitada de algum jeito.

Eu queria minha avó de volta, para me confortar e dizer que as coisas são como são, mas sempre melhoram em algum momento. Sinto falta de Aleks, que estaria me chamando de imbecil por sofrer desse jeito, e ainda diria que o azar é de quem me afastou por puro preconceito. Mas só eu me sento nos azulejos brancos gelados, sendo minha única, infeliz e indesejada companhia de consolo.


5 anos atrás

–Kate...? – A voz de Aleks preenche todo o meu quarto, marcante como sempre. Estive me escondendo o dia todo, e poderia continuar tranquilamente se ao menos meu quarto tivesse uma tranca, coisa que meu pai proibiu ao se espelhar no pai de Aleksandra. Então, me enrolo nas cobertas e me escondo, rodeada pelos montes de pelúcias que coloquei perto de mim. – Eu 'tô te vendo aí. Tá fazendo o que?

Ela vai me chamar de patética, com certeza. Então não respondo e deixo meu nariz escorrer, com medo de fungar muito forte e delatar meu choro.

– 'Tô com sono, me deixa dormir. – Me xingo mentalmente pela minha voz sair mais chorosa que pretendia. Aleks fica em silêncio por breves instantes. Quando penso que finalmente estou sozinha e fungo o ranho todo pra dentro, sinto o peso de seu corpo se jogar em cima do meu. – Aleks!

𝙍𝙀𝙌𝙐𝙄𝙀𝙈, 𝔒𝔨𝔨𝔬𝔱𝔰𝔲 𝔜𝔲𝔲𝔱𝔞Onde histórias criam vida. Descubra agora