Capítulo 18

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Yuuta Okkotsu

Ele a deita na cama e toca seu rosto pálido, molhado pelas lágrimas que insistem em cair. Há serenidade em sua expressão, apesar da dor de suas batalhas internas fazer Ekaterina franzir muito levemente as sobrancelhas em seu sono. Ela dormiu no colo de Yuuta no meio do caminho, não respondeu aos chamados do rapaz, mas cedeu à quentura dos braços dele de imediato. Ele se permitiu sentir satisfeito naquele momento, confortável no toque terno da garota de seus sonhos apesar da situação. "Não há muito a se fazer agora" ele pensa ao livrar as bochechas dela das lágrimas remanentes com o dedão, ainda assim sentindo-se profundamente impotente e culpado pela dor inevitável de sua nova amiga.

"Amiga". Muito mais que isso.

Seu trágico amor, o segundo, uma nova maldição para acompanhá-lo em seus sonhos. Na verdade, brincando com o anel entre os dedos de uma mão, Yuuta pondera se os seus sentimentos por Rika de fato remetiam ao amor romântico. Não parece. Seu eu mais jovem sequer conhecia a paixão avassaladora e a vontade de se unir a alguém, não, queria um amigo e companheiro, Rika o era. Seu amor por ela não se compara (ou comparava) à imensidão desejosa e gentil descoberta ao lado de Ekaterina e isso torna a russa seu primeiro e único anseio. Ah, Ekaterina, ela é tanta coisa ao mesmo tempo e sequer tem noção disso.

Ele solta o anel no peito, ele pende na corrente fina e bate sutilmente contra a pele de Yuuta, um lembrete constante de sua perda e seu trauma e, observando Ekaterina na penumbra de seu quarto vazio, o rapaz percebe que as coisas vão acabar do mesmo jeito. Ele vai perdê-la, no fim. Esteve assombrado pela possibilidade de Ekaterina morrer cedo devido ao seu histórico familiar desde a noite anterior, isso o trouxe ansiedade e angústia imensurável, um dilema cruel entre ceder a sua ânsia pulsante de tentar um relacionamento e o respeito pela fragilidade emocional de sua amada.

Amor... não é? Sem uma boa experiência para guiá-lo entre seus sentimentos confusos, Yuta ainda encara a moça com certo pavor e curiosidade: medo de acabar se machucando novamente, de perdê-la, de ser rejeitado, mal interpretado... medo de machucá-la por não saber ler as entrelinhas de seu próprio coração. Medo de tudo. Na cama, Ekaterina descansa, longe do campo minado de dilemas que Yuuta é agora, alheia ao carinho do olhar do rapaz e todas as emoções floridas borbulhando embaixo de sua pele.

E, mesmo assim, ele é incapaz de encará-la por muito tempo. Como se suportasse um olhar julgador a todo momento, alerta quanto aos próprios pensamentos, ele desvia seu foco para o cabelo prateado dela.

Como pode ser tão bonita? Tão delicada?

O mundo dos feiticeiros se mostra cada vez mais complicado e cruel. Ele tira os sapatos dela e a cobre absorto nos próprios pensamentos. Como seriam as coisas sem toda essa loucura paranormal das maldições? Bem menos dolorosas, provavelmente, mais fáceis. Talvez, se as circunstâncias fossem diferentes e ele um pouco mais confiante, chamaria a russa para ver um filme ou ir ao parque em qualquer dia que fizesse Sol... Não pensaria na morte precoce de uma moça tão jovem ou em seus deveres como um defensor da humanidade. Yuuta puxa a cadeira da escrivaninha e recosta nela ao se sentar.

𝙍𝙀𝙌𝙐𝙄𝙀𝙈, 𝔒𝔨𝔨𝔬𝔱𝔰𝔲 𝔜𝔲𝔲𝔱𝔞Onde histórias criam vida. Descubra agora