Capítulo 2

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Depois do jantar, seguimos direto para o meu apartamento. O tempo era curto, e a missão era clara: transformar-nos em divas para aquele
momento. Manobrei o carro até a garagem e ajudei Mariana a descarregar sua vasta coleção de malas
do porta-malas.
- Sério, era mesmo necessário trazer tudo isso? - Apontei para a montanha de bagagens.
- Absolutamente necessário. Agora, me dá uma mão aqui, estou sem fôlego. - Ela disse, quase sem ar. Eu revirei os olhos, admirando sua determinação.
- Vamos, por aqui. - Guiei-a até o elevador, lutando para manter o equilíbrio diante do excesso de peso.
- Estou indo.
Depois de alguns segundos de uma lenta viagem do elevador, o aparelho finalmente parou no nosso andar. Suspirei aliviada, agradecendo internamente por ele estar vazio e por ter espaço suficiente para a quantidade inacreditável de bagagens. Com um toque no botão marcado com um "8", o elevador começou a subir rapidamente, ultrapassando os andares antes de finalmente parar no meu destino.
No hall de entrada, nos deparamos com duas portas. Uma levava ao apartamento dos meus vizinhos, e a outra conduzia diretamente ao meu refúgio pessoal. Era uma porta simples, sem adornos extravagantes, exceto pelo tapete que brincava com a inscrição "Não repare na bagunça", com um pequeno comentário entre parênteses que atribuía a culpa ao cachorro.
Ao adentrar o ambiente, fui saudada pela familiar sensação de aconchego que só meu cantinho proporcionava. Enquanto largava minhas coisas no sofá, abri espaço para que Mariana pudesse entrar e pousar seus pertences também. Acomodando-nos, percebi minha amiga observando ao redor, sua expressão revelando uma mistura de admiração e encanto. Minha sala, com grande parte das paredes de vidro, oferecia uma visão deslumbrante de Seul. A soltura do ar repleto de emoção escapou de seus lábios.
- Caramba, isso aqui é ainda mais incrível pessoalmente! – Ela comentou, seus olhos se voltando para mim. No entanto, um toque de preocupação apareceu em seu rosto - Mas..., mas isso é adequado? – Ela questionou, um rubor surgindo em suas bochechas. – Quer dizer, sabe, e se sem querer estiver andando pelada por aqui... eles vão me ver?
Sorri, tranquilizando-a.
- Não, amiga, relaxa. O vidro tem uma película que impede que quem está do lado de fora veja com clareza. Nós, por outro lado, temos uma visão bem clara do exterior.
Ela concordou, relaxando e retomando o olhar curioso ao redor. Meu apartamento exibia minha identidade de forma inegável, com tons claros predominantes e um sofá generoso na sala, adornado com almofadas coloridas que adicionavam charme ao ambiente. O espaço era decorado com várias plantas, trazendo um toque de natureza. A cozinha adotava o conceito aberto, harmonizando-se com a sala e a área de jantar, inundando o espaço com luz natural.
Guiando-a pelo corredor, mostrei as duas suítes que compartilhavam aquele espaço, além de um banheiro para visitas. Apontei para o primeiro quarto à direita.
- Esse é o seu – Declarei.
O ambiente ostentava uma cama de casal, guarda-roupa embutido, televisão na parede e um banheiro espaçoso. A decoração seguia o padrão da sala, com cores neutras e toques de plantas nos espaços disponíveis.
- Por aqui – Continuei, indicando a porta no final do corredor.
- Esse aqui é o meu quarto, onde estou certa de que você passará a maior parte do seu tempo.
Meu quarto compartilhava o mesmo conceito de vidro quase integral das paredes. A cama, situada no centro, estava adornada com um conjunto vibrante de cores, evocando o espírito do verão e proporcionando um contraste com o resto da decoração. Próximo à janela, havia meu cantinho de trabalho e o espaço onde eu fazia minhas maquiagens, na parede oposta, estantes abrigavam meus livros favoritos e minhas figuras Funko Pop. Era um santuário pessoal que representava totalmente quem eu era.
...
Eu revirei o armário em busca da roupa perfeita para a festa, enquanto Mariana fazia uma careta ao examinar sua própria coleção de roupas.
- Nada disso parece certo - Ela resmungou, fazendo uma pilha de roupas rejeitadas no chão.
- Eu sei como é – Concordei, erguendo um vestido e balançando a cabeça desaprovadoramente - Esse tem um cheirinho de nostalgia dos anos 90... mas não do jeito que a gente quer – Ela revirou os olhos.
- Você é muito exigente, sabia?
- Claro, afinal, eu sou a guardiã do bom gosto – Respondi com um sorriso - Mas, sério, Mari, o que está acontecendo com o seu guarda-roupa? – Ela suspirou dramaticamente.
- Eu juro que comprei essas roupas em um surto de 'vou usar isso um dia', mas esse dia nunca chega!
- Deixa eu adivinhar, é aquele vestido vermelho lá no fundo, não é? – Ela me lançou um olhar culpado.
- Talvez...
- Ele tem um certo charme, talvez você possa trazê-lo de volta à moda – Sugeri, vendo seu rosto se iluminar com a possibilidade.
Depois de mais algumas tentativas e muitos risos, finalmente encontramos as roupas perfeitas. Comparamos nossos reflexos no espelho e soltamos uma gargalhada.
- Se alguma vez pensaram em dar um prêmio para o dueto mais confuso de escolha de roupas, acho que ganharíamos - Brinquei.
- Definitivamente – Ela concordou, e então seguimos para a festa, sabendo que nossas escolhas de moda eram tão únicas quanto a nossa amizade.

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