Capítulo 25

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Assim que meus pés tocam o chão, o peso do que acabou de acontecer me atinge com toda a força. Droga, acabei de beijar meu melhor amigo, e o pior é que ele é Jeon JungKook. Meu cérebro é um turbilhão de pensamentos, minhas mãos tremem e tento avançar dois passos à frente, mas a sincronia com meu corpo se perde. Minha mente se desconecta, deixando-me desorientada.

JungKook talvez perceba meu desespero, por isso segura minhas mãos, tentando acalmar-me com sua proximidade. Só que isso aumenta minha aflição.

- Por... por que está fazendo isso? - Pergunto, olhando ao redor para verificar se alguém nos observa.

- Você está nervosa - responde, segurando minhas mãos com firmeza.

- Sim, e agora estou ainda mais - confesso.

- Calma, Lice, não tem nada de mais nisso. Somos amigos - ele tenta explicar, mas suas palavras apertam meu peito, tornando impossível esconder meu olhar.
Afasto-me rapidamente dele.

- Não preciso da sua ajuda, sei me virar sozinha - digo, indo apressadamente em direção ao banco onde meus amigos estão sentados.

- Calma, não foi isso que eu quis dizer - tenta se aproximar, reparando no que acabou de dizer.

Percebemos olhares sobre nós que antes passavam despercebidos. Diminuo meus passos para evitar chamar atenção, mas JungKook me alcança, puxando-me, fazendo com que eu me choque contra si e segurando-me firmemente.

- Por favor, me ouça - pede, com meu rosto agora repousando em seu peito. Suas mãos estão em minhas costas, mantendo-me próxima. - Não foi isso que eu quis dizer. Sim, somos amigos, mas desde o primeiro dia em que te vi, meu peito se encheu de felicidade a cada sorriso seu. Cada minuto longe de você me deixava triste, então comecei a inventar desculpas para estar perto. Droga, comprei uma casa por sua causa. Era impossível não fazer isso depois que me apaixonei por você e por aquele lugar que te lembra tanto. Sim, somos amigos, mas se você me dissesse agora que também está apaixonada por mim, eu me ajoelharia aqui na frente de todos e te pediria em namoro, sem ligar para nada nem ninguém. Sim, somos amigos, mas eu me botaria no fogo e queimaria por você.

As lágrimas transbordam de meus olhos, impossíveis de conter. A felicidade que sinto por ouvir suas palavras é imensa, mas, apesar de tudo, também estou apaixonada por ele. Não posso permitir que ele se coloque no fogo por mim. As chamas poderiam consumi-lo, mas a dor que sentiria em meu peito ao vê-lo assim seria imensa. Decido me afastar um pouco.

- Precisamos ir, Kookie - digo suavemente, olhando para cima, para seus olhos de jabuticaba.

- Eu preciso da sua resposta - ele responde, encarando-me com intensidade que me deixa tonta.

- Não posso deixar que se queime por mim, querido - murmuro, me afastando finalmente.

Nossas mãos ainda não estão totalmente desunidas quando ouço de longe:

- Meu Deus, JungKook!

Era uma fã!

De repente, flashes de câmeras estão sobre nós. O som de cada clique acelera meu coração em uma crise que não tenho há muito tempo. JungKook me cobre com seu corpo, desviando o foco das imagens que certamente viriam a seguir. Por cima de seu ombro, observo Joon se aproximando da garota que anunciou nossa presença, pedindo com calma para que ela não continue. Mari, por sua vez, oferece ajuda, solicitando a todos que baixem as câmeras e nos sigam.
...
Estamos agora, envoltos por uma sala cedida pelo parque, abarrotada por 15 fãs agitadas, clamando pela atenção do homem ao meu lado. Não posso culpá-las, se estivesse no lugar delas, certamente faria o mesmo. No entanto, neste momento, há preocupações que eu temo, ao invés de me colocar no lugar delas.

- Obrigado por virem, meninas - diz Kookie, tentando se fazer ouvir no meio do alvoroço -Gostaria de pedir um pouquinho de atenção de vocês agora, por favor.

De repente, um silêncio cai sobre a sala e Joon se manifesta.

- Entendo que estão felizes por verem JungKook por aqui, e tenho certeza de que ele também está feliz. Ter ARMY's por perto é a melhor coisa que qualquer membro pode sentir. Mas gostaríamos de pedir algo a vocês", diz ele, enquanto Mari distribui alguns papéis e canetas para todas na sala.

Observo a cena, tentando entender o que eles estão planejando, mas minha mente está inquieta, minhas mãos ainda tremem de tensão.

- Depois de uma longa temporada fora da Coreia, JungKook voltou, obtendo apenas alguns dias de folga para relaxar. Ele tem trabalhado muito, e tudo isso é por vocês. Podem ter certeza disso! Então, pedimos a compreensão de todos para que excluam as fotos deles de seus celulares - aponta para nós. - A HYBE não sabe que ele está aqui, e isso poderia prejudicá-lo muito, mesmo que ele esteja em sua folga e esteja apenas ajudando uma amiga que está enfrentando uma crise de ansiedade devido ao medo de altura, durante o passeio na roda-gigante.

- Se puderem fazer isso por mim - JungKook volta a se pronunciar - garanto que continuarei a ser alguém bom para vocês e darei o meu melhor todos os dias - inclina-se em agradecimento - E se assinarem esse papel de confidencialidade que estão segurando, enviarei para cada uma de suas casas, pessoalmente, uma caixa de agradecimento em nome de mim e de todos os integrantes do BTS.

- E quem me garante que fará mesmo isso? - Pergunta uma garota um pouco mais alta que eu, cabelos loiros, bochechas coradas e um sorriso encantador.

- Eu prometo que farei isso, por favor, acreditem em mim.

- Tudo bem - Todas concordam em uníssono, assinando os papéis que lhes foram entregues.

Antes de partirem, JungKook abraça uma por uma das fãs e liga para Hyun-hoo, pedindo que envie ingressos para o próximo show, onde lançará seu álbum 'Golden' ao mundo. Ele é incrível, mesmo tendo sua privacidade invadida diariamente, nunca deixa de sorrir e dar o seu melhor para as ARMYs.

Finalmente sozinhos na sala, Joon e Mari se deixam cair na cadeira, soltando o ar que pareciam reter nos peitos.

- Ufa, conseguimos! - diz minha amiga.

- Eu deveria me beijar por sempre carregar uma cópia disso aqui - fala, balançando os contratos em mãos.

Jeon os agradece rapidamente, dirigindo-se em minha direção, mas ao contrário dos outros, estou encostada na parede, mantendo distância.

- Oi - ele pega minhas mãos, buscando meu olhar. -Já passou. O que está acontecendo? Suas mãos ainda estão tremendo, Alice - diz, segurando-as próximas de mim para que eu pudesse vê-las.

- Me desculpe, eu... eu não queria ficar assim, só fiquei nervosa... vai passar, é só uma pequena crise.

- Desde quando você tem essas crises? - Me guia até a poltrona, ajoelhando-se à minha frente.

- Acho que desde que me entendo por gente... Ou desde que entendi como o mundo funciona.

Meus amigos me observam preocupados, nunca contei a eles, na verdade, ninguém sabe. Sempre guardei tudo para mim, eles não precisavam conhecer meus medos e traumas. Eles já me ajudavam tanto, ao meu lado o tempo todo. Não queria sobrecarregá-los com algo que eu podia controlar... às vezes sozinha... às vezes com medicamentos.

- Mas por que está assim? - Mari se ajoelha ao meu lado, enquanto Joon faz o mesmo do outro, colocando suas mãos sobre meus ombros.

- Não sei... - é tudo o que consigo dizer.

Mas, na verdade, eu sei. Estou com medo... Medo de que essas fotos sejam divulgadas e me julguem, medo de não me acharem bonita, inteligente ou adequada o suficiente para estar com ele. Medo de que ele também perceba isso e não queira mais estar ao meu lado, nem como amiga, nem como... Deus... Medo de que isso o prejudique, que sua imagem seja afetada por estar associada a mim, ou que alguma sasaeng descontente com nossa relação o faça mal. Era esse medo que me consumia e fazia com que minhas mãos tremessem sem que eu conseguisse as pará-las.

Além do EstrelatoWhere stories live. Discover now