Capítulo 6

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O trajeto de volta para casa foi mais tranquilo do que a ida, e aproveitei para relembrar os momentos-chave da reunião. Eu estava orgulhosa de mim mesma por ter enfrentado a situação com determinação e profissionalismo, mesmo diante de tudo.
Finalmente, estacionei o carro em frente ao meu prédio e desliguei o motor. Peguei meu celular e enviei algumas mensagens, a respeito do serviço. Logo depois, subi as escadas até o meu apartamento, sentindo as pernas um pouco mais leves do que antes.
Assim que abri a porta, fui recebida pelo aroma delicioso do almoço que Mariana estava preparando na cozinha. Ela me olhou com um sorriso curioso, esperando ansiosamente por todos os detalhes.

- E então, como foi? Conta tudo! - ela pediu.
Meu sorriso se alargou enquanto me juntava a ela na cozinha. Sentia-me grata por ter uma amiga tão empolgada e envolvida em minha vida.
- Foi incrível, Mari. Uma reviravolta total. O cliente era ninguém menos que "O JUNGKOOK" - anunciei, mal acreditando nas palavras que estava dizendo.
Os olhos de Mariana se arregalaram e ela soltou um grito de empolgação.
- Não acredito! Isso é loucura! E como foi? Como ele reagiu?

Enquanto servia nossos pratos, comecei a
compartilhar cada detalhe do encontro, desde o momento em que cheguei à mansão até a revelação surpreendente de que JungKook era o cliente. Mariana parecia pendurada em cada palavra, rindo e expressando sua surpresa junto comigo.

- E você conseguiu esconder a ressaca direitinho? - ela perguntou, curiosa.
Eu ri, lembrando da minha luta para parecer minimamente apresentável.
- Sim, a maquiagem fez milagres, e o café forte também ajudou muito. Mas o mais importante foi que a reunião foi um sucesso, Mari. Eles pareciam realmente interessados na propriedade.

Após finalizarmos o delicioso almoço, optamos por passar o restante do dia juntas, desfrutando de momentos de descontração e da companhia uma da outra. Com tudo o que aconteceu até então, a correria tinha sido constante, e um descanso merecido ainda não tinha encontrado espaço em nossa rotina.
Sentadas no sofá, começamos a explorar as opções para o que fazer a seguir. Foi quando ela sugeriu que continuássemos assistindo ao Dorama que havíamos começado recentemente: "O que houve com a Secretária Kim". Eu acabei por concordar na hora, afinal, a trama prometia ser uma distração perfeita.
Enquanto assistíamos aos episódios, mergulhamos no enredo e nos encantamos com os personagens. A química entre a secretária e seu chefe era hilariante e tocante ao mesmo tempo, nos fazendo rir e suspirar com cada interação. À medida que a história avançava, Mariana quebrou o silêncio.

- Ei, onde está a Belinha? - Ela perguntou, erguendo uma sobrancelha com uma expressão de curiosidade, referindo-se à minha cachorrinha.
Eu sorri, antecipando o quanto minha resposta a surpreenderia.
- Ah, sim! Ela está em "guarda compartilhada" - ela riu, seus olhos brilhando de curiosidade.
- Guarda compartilhada? Como assim? - Fiquei imaginando o quão peculiar aquilo soava.
- Bom, desde que me mudei, não consegui ficar longe dela. Então, a Belinha passa uma semana aqui e outra semana na casa dos meus pais. Nós meio que temos uma "guarda compartilhada".

As gargalhadas de Mari preencheram o ambiente, e eu logo me juntei a ela. A ideia de uma "guarda compartilhada" para uma Poodle era tão inusitada que não conseguíamos conter a risada.

- É piada, não é? - Ela perguntou, os olhos cheios de lágrimas, suprimindo o riso. Abanei a cabeça, ainda ruborizada por compartilhar essa peculiaridade da minha família.
- Só podia ser você e a tia Cristina para bolarem uma ideia dessas - ela massageou a barriga, tentando recuperar o fôlego. - Falando nisso, quando veremos eles?
- Logo, amiga. Tenho certeza de que meus pais não demorarão a aparecer por essa porta - apontei para a entrada do meu apartamento - carregados de sacolas e saudades suas.
- Aí, mal posso esperar - ela disse, emotiva.

Nossos anos juntas no Brasil nos tornaram quase irmãs. Mari se tornou parte da minha família, e a dela se estendeu a mim também. Embora ela já tivesse sua própria família, desde o momento em que a trouxe para casa, ela se tornou parte da minha também. Amávamos Mari, e eu sabia que meus pais estavam ansiosos para revê-la.
...
Olhei para o relógio após assistirmos a sete episódios de uma vez e, subitamente, a realidade me atingiu em cheio. O relógio se aproximava da meia-noite, e a necessidade de sono era inegável. Não que eu tivesse algo agendado para o dia seguinte, porque não tinha, mas precisava descansar. Afinal, nem todo o arsenal de produtos coreanos poderia salvar minhas olheiras se eu não conseguisse dormir. Com um beijo na testa de Mariana, que cochilava no sofá, eu a cobri e me dirigi ao meu quarto.
Ao me acomodar na cama e apagar as luzes, um súbito brilho iluminou o quarto, cortando a escuridão repentina. Era a luz do meu celular, indicando uma nova mensagem. Com um toque, desbloqueei a tela e meus olhos se arregalaram ao ler o nome do remetente: JungKook.
A mensagem era inesperada e me pegou de surpresa. Ele estava escrevendo para mim? Meu coração acelerou enquanto eu abria a mensagem, curiosa para ver o que ele tinha a dizer.

"Oi, Srta. Kim. Desculpe incomodar à noite. Lembra de mim, certo? JungKook, o cliente que você teve o prazer de atender hoje. Espero não estar sendo intrusivo, mas lembrei de algumas dúvidas sobre a mansão que não tive a chance de perguntar antes. Será que você estaria disponível para uma conversa rápida amanhã? Claro, apenas se não for incômodo. Tenha uma boa noite!"

Meus olhos percorreram as palavras algumas vezes, tentando assimilar o fato de quem estava me escrevendo. Minhas mãos tremiam levemente enquanto eu formulava uma resposta, tentando não parecer excessivamente animada.

"Olá, JungKook! Claro, ficarei feliz em ajudar com suas dúvidas. Não é incômodo nenhum. Estarei à disposição amanhã. Tenha uma ótima noite também!"

Depois de enviar a mensagem, respirei fundo e coloquei o celular na mesinha de cabeceira. Minha mente estava girando com a possibilidade de me encontrar com ele novamente. Pouco depois, o celular se acendeu novamente.

"Ah, certo, você ainda está acordada. Te encontro amanhã então, às 10:00 da manhã na casa, ok? Desculpa não podermos ir a algum local público, mas é que não teríamos tanta privacidade assim." "Quer dizer, privacidade para que possamos discutir os detalhes da mansão com tranquilidade haha". "Combinado?"

Um sorriso se formou em meus lábios ao ler as mensagens. Ele estava sendo tão atencioso e fofo, mesmo em mensagens de texto. Respondi rapidamente:

"Combinado."

Com o celular programado para despertar, coloquei-o na cômoda ao lado da cama e me aconcheguei, finalmente permitindo que o sono me envolvesse, com pensamentos ansiosos e um sorriso nos lábios.

Além do EstrelatoOù les histoires vivent. Découvrez maintenant