Capítulo 18

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Minutos se passaram desde que estávamos abraçados, e as lágrimas continuaram a escorrer pelo meu rosto, misturando-se com a sensação de alívio que lentamente tomava conta de mim. JungKook parecia decidido a permanecer ali, segurando-me até que elas se secassem, oferecendo seu apoio silencioso, mas profundamente reconfortante.
Finalmente, enxuguei os olhos e olhei para ele, a expressão preocupada e carinhosa em seu rosto era inegável. Com uma voz suave, ele quebrou o silêncio tenso:
- Está tudo bem, Alice. Você está segura agora. Ele não vai mais te incomodar.
Respondi com um simples aceno de cabeça, incapaz de articular palavras que pudessem expressar minha gratidão. A presença reconfortante de JungKook me dava uma sensação de proteção que eu desesperadamente precisava naquele momento.
Pouco a pouco, meus soluços diminuíram, e minha respiração retornou ao normal. A adrenalina que havia inundado meu corpo começou a se dissipar, deixando-me com uma sensação de exaustão enorme. JungKook continuou acariciando meu rosto, emitindo palavras gentis:
- Você fez muito bem, Alice. Está tudo bem agora.
Ainda incapaz de articular uma resposta, apenas me aninhei em seu abraço, agradecendo silenciosamente por tê-lo ao meu lado naquele momento.
JK permaneceu comigo, afagando suavemente meus cabelos, e eu podia sentir seu calor reconfortante enquanto tentava recuperar o controle sobre mim mesma. Seu toque e sua voz tranquilizadora eram como um bálsamo para minha alma, ajudando-me a encontrar a calma que tanto necessitava.
Ele então se afastou um pouco, mantendo seu olhar sobre mim, e propôs:
- Acho melhor irmos para casa, você precisa descansar, e eu preciso conversar com algumas pessoas...
Concordei instantaneamente, já não tinha mais o desejo de continuar na festa. Meu corpo e mente ansiavam por um banho e uma cama quentinha. Tentei me levantar, mas minhas pernas estavam fracas, e uma fadiga profunda tomava conta de mim. Kookie, talvez percebendo minha condição, com gentileza, me pegou no colo.
- JungKook, eu posso andar sozinha - protestei, mas ele apenas sorriu e disse com convicção:
- Você já passou por muita coisa hoje. Deixe-me cuidar de você.
Descansando minha cabeça em seu ombro, permiti que ele nos guiasse para fora do beco, seguindo em direção a seu carro. Naquela rua menos movimentada, não era necessário nos escondermos, o que nos trouxe um pouco mais de alívio.
Com cuidado, ele me colocou no chão, abrindo a porta do carro para mim:
- Entra. – Disse, mantendo sua mão sobre minha cabeça para evitar que eu a batesse.
Concordei com JungKook e me acomodei no carro. Enquanto percorríamos as ruas iluminadas, a vontade de baixar o vidro e sentir o vento no rosto era quase irresistível. Porém, consciente dos riscos, optei por encostar a cabeça e apreciar a paisagem em rápida movimentação diante dos meus olhos.
Após alguns minutos, percebi que não estávamos indo na direção do meu apartamento. Um olhar para JungKook revelou uma tensão em sua mandíbula e um pequeno biquinho nos lábios, indicando uma expressão familiar para mim, embora algo estivesse diferente.
- Para onde estamos indo? – Perguntei, tentando entender a mudança de destino.
- Para a minha casa. – Respondeu ele de forma direta.
- Por quê? – Minha curiosidade e preocupação aumentaram.
- Não posso te deixar sozinha.
- Mas eu não vou ficar muito tempo, Kookie. A Mari vai chegar daqui a pouco. – Tentei acalmá-lo.
Sua mão no volante se apertou ainda mais, e ele desviou o olhar da estrada por um breve momento.
- Por favor, apenas por hoje, fique comigo. Deixe-me cuidar de você. – Implorou, com um tom de urgência em sua voz.
Concordei com um suspiro envergonhado e desviei o olhar. Decidi voltar a observar a paisagem e mergulhei em um silêncio, deixando sua oferta me acalmar.
- Aliás, eu já conversei com a Mari e com o Joon, expliquei o que aconteceu, e Joon vai levá-la para casa. Pode ficar tranquila – quebrou o silêncio.
- Tudo bem. – Respondi, sabendo que ele estava tomando conta de tudo, e eu poderia finalmente relaxar.
JungKook continuou a dirigir até chegarmos a um condomínio de luxo. Ele estacionou o carro em frente a um prédio impressionante. Quando olhei ao redor, um pouco confusa, finalmente perguntei:
- Por que não estamos indo para a casa que você comprou?
Ele sorriu e explicou:
- Na verdade, a casa que comprei de você não era para mim. Era para meus pais. Eu queria fazer algo especial por eles, expressar minha gratidão por tudo o que fizeram por mim. Eles me deram tanto, e eu queria dar algo de volta.
Fiquei surpresa com sua resposta e emocionada com seu gesto. JungKook era um filho dedicado, e sua consideração pelos pais era admirável.
- Isso é incrível, Kookie. Você é realmente um filho maravilhoso.
Ele assentiu e saiu do carro para me ajudar a descer. Caminhamos juntos em direção ao prédio e ele me levou até seu apartamento, que era lindamente decorado e oferecia uma vista espetacular.
- Fique à vontade, Alice. Pode usar o banheiro e tomar um banho, se quiser. Eu vou preparar um Rāmen para nós.
Eu fiquei na entrada, envergonhada de perguntar onde ficava o cômodo que eu iria usar, mas ele percebeu e riu.
- Ah, desculpa, vem comigo, é por aqui – disse, me guiando por um corredor. – Você pode ficar neste quarto, há um banheiro aqui dentro, e as toalhas estão no armário embaixo da pia. Tenho escovas de dentes novas na gaveta, assim como pasta.
Agradeci com um aceno de cabeça e entrei no quarto que ele me indicou, por um segundo me perdi, apesar de não ser o quarto principal, ele era enorme, a cama de casal no centro era forrada com um edredom cinza impecável, não havia um fio de cabelo fora do local ou uma dobra que fosse. O banheiro era mais impecável ainda, com um chuveiro de alta pressão que parecia perfeito para relaxar. Tomei um banho demorado, deixando a água quente lavar toda a tensão e o medo que ainda permaneciam em mim.
Ao sair do banho, me enrolei em uma das toalhas macias que JungKook havia deixado para mim. Abri o armário em busca de roupas para vestir e encontrei algumas peças de roupas suas, que, embora fossem maiores do que eu, serviriam para aquela noite. Escolhi uma camiseta e uma calça de moletom, me sentindo mais confortável.
Quando saí do quarto, o cheiro delicioso do Rāmen invadiu o apartamento. Ele estava na cozinha, concentrado na tarefa, e eu fiquei observando-o por um momento. Era incrível como ele conseguia lidar com todas as situações de forma tão serena e decidida.
Finalmente, notando a minha presença ele sorriu.
- Espero que goste de Rāmen e Samgyeopsal. É um dos meus pratos favoritos.
Agradeci e me sentei à mesa enquanto ele servia a refeição. Começamos a comer em um silêncio agradável,
JungKook ergueu a mão para pegar os pauzinhos de comida, e foi nesse momento que percebi o machucado em seus nós dos dedos. Um inchaço já começava a aparecer, e sua pele estava marcada pelo soco que ele havia dado para me proteger. Preocupada, estendi minha mão e peguei a dele com delicadeza.
- Kookie, você está bem? Esse machucado parece dolorido.
Ele riu suavemente, mas havia uma ponta de desconforto em seu olhar.
- Não é nada, Alice. É só um pequeno machucado.
Sem pensar muito, inclinei-me e, antes que pudesse perceber, dei um beijo suave no machucado. Suas sobrancelhas se ergueram em surpresa, e eu corri para me explicar:
- Quero dizer, é para melhorar mais rápido, não é? Os beijinhos têm o poder de curar, dizem.
O rapaz riu novamente, mas dessa vez, parecia mais à vontade.
- Obrigado, Alice. Agora, tenho certeza de que vai sarar rapidamente.
...
Conversamos e demos risadas durante o jantar, e eu ficava fascinada ao ouvir as histórias da vida de uma celebridade de primeira mão. As maluquices que JungKook viveu como parte do BTS eram curiosidades que eu estava ansiosa para descobrir, inclusive sobre como foi morar com os outros membros, uma novidade completa para mim.
Depois de nos deliciarmos com a refeição, JungKook fez questão de recolher os pratos e lavá-los, enquanto eu me aconchegava no sofá da sala. Seu apartamento era uma mistura de aconchego e bom gosto masculino, refletindo sua personalidade única.
Enquanto ele lidava com as louças, eu o observava com admiração. Cada gesto, de sua gentileza à preocupação, me fazia sentir que estava em boas mãos.
Finalmente, ele se juntou a mim no sofá, e continuamos nossa conversa. A normalidade e o conforto entre nós eram palpáveis.
- Estou feliz por termos nos encontrado hoje, apesar dos contratempos - ele sorriu gentilmente.
- Também estou feliz, Kookie - respondi com um sorriso.
À medida que a noite avançava, o cansaço se tornava evidente, pesando minhas pálpebras.
- Quer ir dormir? – ele perguntou delicadamente.
- Sim, estou um pouco cansada. Desculpe - respondi com um sorriso sonolento.
- Sem problemas, fique à vontade. Vamos, eu te levo para o seu quarto – ele disse, fazendo menção de se levantar. Porém, num impulso, segurei-o no lugar.
- O sofá está ótimo. – Sorri. Não queria ir para o quarto de hóspedes – Quero ficar perto de você.
Ele pareceu surpreso, mas não protestou. Em vez disso, levantou-se, pegou um cobertor no armário e o estendeu sobre o sofá. Deitou-se ao meu lado, tomando cuidado para não me tocar demais ou me deixar desconfortável. Apesar de tudo, pareceu satisfeito com minha escolha.
O sofá espaçoso oferecia um conforto que nos permitia manter uma certa distância. JungKook, embora próximo, ainda não fazia contato físico, e seu ombro roçava levemente o meu. A respiração dele, sentida em meus cabelos, causava uma sensação estranha, uma mistura de arrependimento e desejo. Essa escolha, de dividir o sofá, poderia complicar as coisas entre nós, e eu não queria arriscar estragar a boa relação que tínhamos.
Por um instante, hesitei. Não seria fácil adormecer com sua presença tão próxima. Queria-o por perto, mas resistia à vontade de tocá-lo. No entanto, era inevitável; para me acomodar melhor no sofá, eu teria que encostar em alguma parte dele.
Enquanto eu mantinha uma postura rígida, percebi que JungKook soltou um suspiro, como se algo o incomodasse.
- Qual é, Alice? Não é como se nunca tivéssemos dormido juntos no sofá, né?
Ele estava certo. Suas palavras fizeram minha mente voltar ao dia em que compartilhamos o sofá na casa de Joon. Lembrei-me de acordar pela manhã com seus braços estendidos em minha direção. Um sorriso involuntário surgiu em meu rosto. O que ele fez por mim naquele dia era algo que permaneceria gravado em minha memória. Foi a prova de que a amizade dele era a melhor conquista dos últimos anos, superando bens materiais ou qualquer outra coisa.
- Você tem razão - concordei, ajustando minha posição enquanto pegava sua mão e a colocava suavemente em minha cintura, como num abraço.
- Uau! Ousada você - ele riu.
- Ah, fique quieto. Só é mais confortável assim - agradeci, aliviada por estar de costas, onde minhas bochechas não eram visíveis.
- Tem razão! - ele concordou, puxando-me para mais perto, nossos corpos se tocando, e descansou a cabeça perto do meu pescoço. - Boa noite, Alice!
Ainda perplexa, sem saber ao certo como reagir, decidi abraçar a situação.
- Boa noite, Kookie!

- Boa noite, Kookie!

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