Capítulo 14

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A noite avançou, e eu estava dormindo profundamente na cama de JungKook, cercada pelo luxo da suíte. No meio da madrugada, acordei com a garganta seca, ansiando por um gole de água. Com cuidado para não o acordar, levantei-me silenciosamente da cama.
Meus passos eram silenciosos enquanto eu me dirigia à pequena cozinha da suíte. Acendi a luz baixa para não perturbar o sono do rapaz, que ainda estava no sofá. Me direcionei ao armário para pegar um copo, mas percebi que ele estava colocado em um lugar alto demais para que eu alcançasse confortavelmente.
Esticando-me o máximo que pude, meus dedos roçaram o vidro do copo, mas ainda estava fora do meu alcance. Frustrada, eu me contorci um pouco mais, tentando alcançá-lo. Foi então que senti uma mão quente e firme tocar a minha, envolvendo os dedos e, gentilmente, alcançando o copo.
Virei-me surpresa, meu olhar encontrando o de JK, que estava parado de pé atrás de mim, muito próximo. A pouca distância entre nós fez meu coração acelerar, fazendo com que uma tensão elétrica percorresse meu corpo.
- JungKook... - murmurei, minha voz fraca.
Ele estava olhando fixamente para mim, seus olhos escuros e intensos. Seu rosto estava a centímetros do meu, e eu podia sentir sua respiração quente contra minha pele. Não sabia o que dizer ou fazer naquele momento, e o silêncio pairou entre nós.
Nossos olhares permaneceram conectados, e era como se o tempo tivesse desacelerado. Cada segundo que passava parecia uma eternidade, e minha mente estava em turbilhão. A proximidade de JungKook era avassaladora, e eu me sentia incapaz de romper aquele espaço entre nós.
Finalmente, ele quebrou o silêncio, sua voz suave e rouca enchendo o ambiente.
- Desculpa por assustar você, Alice. Eu só queria ajudar com o copo d'água.
Sua mão ainda segurava a minha, o copo agora firmemente em seu controle. No entanto, em vez de soltar minha mão, ele a segurou com mais firmeza, e sua outra mão acariciou suavemente meu rosto.
Eu engoli em seco, incapaz de desviar o olhar de seus olhos penetrantes. Havia algo ali, algo intenso e inegável, que estava nos aproximando perigosamente. Em um reflexo involuntário, dei um pequeno passo para trás, sem perceber que esbarraria na garrafa de água gelada que eu havia deixado na pia, fazendo-a cair de repente e se estilhaçar no chão.
Olhei para onde os cacos da garrafa de água espalhavam-se como pequenos diamantes brilhantes, refletindo a luz fraca. A situação tinha se tornado ainda mais constrangedora, e eu não sabia como reagir. Minha mente procurava freneticamente por algo para dizer, mas minhas palavras pareciam ter sumido.
JungKook, parecia igualmente desconcertado, quando finalmente soltou minha mão e se abaixou para começar a recolher os pedaços de vidro. A tensão que havia pairado no ar momentos antes parecia ter se dissipado, substituída por um silêncio incômodo enquanto ele tentava lidar com a situação.
- Desculpe por isso, Alice. Eu não deveria ter me aproximado tanto. - Ele falou em um tom baixo, mantendo os olhos fixos no chão.
- Não, a culpa foi minha por ter me movido de repente. Eu que derrubei a garrafa. - Minha voz estava trêmula, e eu me agachei para ajudar a recolher os pedaços de vidro.
Nossas mãos se tocaram por um breve momento enquanto trabalhávamos juntos para limpar a bagunça. Era um contato sutil, mas o seu calor era inconfundível. Eu estava ciente de sua presença ao meu lado, e isso só me deixava ainda mais nervosa.
Finalmente, terminamos de limpar toda a bagunça, e nós nos afastamos um do outro, mantendo uma distância segura. O clima descontraído que tínhamos antes do incidente parecia ter desaparecido completamente e agora eu me sentia como se tivéssemos acabado de nos conhecer.
Caminhando para sala e se ajeitando sobre o sofá, ele me direcionou um olhar vazio, distante quando disse:
- Ainda está tarde, acho melhor voltarmos a dormir – Concordei apenas com um aceno, me sentindo uma idiota por não consegui pronunciar nenhuma palavra e então segui caminha até a enorme cama na qual dividia aquele espaço.
Dessa vez, não consegui pegar no sono tão rapidamente, flashs da noite passavam em minha cabeça. Eventualmente, o cansaço me venceu, e eu adormeci. No entanto, meus sonhos estavam cheios de imagens confusas e fragmentadas, refletindo minha própria confusão interior.
...
A manhã chegou rapidamente, e quando abri os olhos, estava de volta à realidade. Olhei ao redor, lembrando onde estava. Levantei-me do sofá e estiquei o corpo, sentindo-me um pouco dolorida devido ao sono interrompido.
Enquanto caminhava em direção à pequena cozinha, onde supus que encontraria JungKook, tentei preparar mentalmente como abordaria a situação.
Quando entrei no local, o encontrei terminando de colocar o café da manhã que havia pedido sobre a mesa. Ele estava concentrado, mas quando percebeu minha presença, seu olhar se voltou para mim. Havia algo pesado no ar, e ambos sabíamos que precisávamos abordar o assunto.
- Bom dia - ele disse, sua voz um pouco hesitante.
- Bom dia - respondi, tentando manter minha voz firme. - Precisamos conversar, Kookie.
Ele assentiu virando-se para me encarar. Sentamos à mesa, e uma sensação de desconforto pairava sobre nós.
- Sobre a noite passada... - comecei, mas ele me interrompeu.
- Eu sinto muito, Alice. Não deveria ter me aproximado tanto. Fui insensível e inapropriado.
- Não, a culpa não foi só sua. Eu também me movi de repente, e...
- Isso não justifica minha atitude. Eu deveria ter respeitado o espaço entre nós.
Houve um momento de silêncio enquanto ambos absorvíamos o que estava sendo dito. Em seguida, ele continuou:
- Eu entendo se você estiver desconfortável perto de mim agora. Não quero que isso afete nossa amizade.
- Eu só estou desconfortável por que você pareceu ficar...
- Como? – Questionou fazendo um beicinho fofo enquanto falava. Não pude deixar de sorrir.
- Bom, você ficou em silêncio de repente, parecia estar me evitando e depois agiu de maneira fria...
Ele refletiu por alguns segundos e finalmente perguntou:
- Podemos simplesmente esquecer tudo isso?
A pergunta me pegou de surpresa. Sabia que não poderia simplesmente esquecer, já que minha mente estava criando diversas fanfics sobre o ocorrido. No entanto, decidi seguir um caminho mais fácil.
Estendi a mão e peguei uma fatia de bolo, colocando-a em seu prato.
- Claro que sim. Agora coma. Você está muito magrinho – Brinquei com um sorriso, tentando dissipar um pouco da tensão entre nós. Ele sorriu de volta, olhando de mim para o bolo, balançando a cabeça em sinal de aprovação.

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