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Dia 1 .。.:*✧

Eu assisti os jornais, todos falavam sobre a quarentena que devíamos cumprir rigorosamente para evitar o aumento do número de infectados. Lena se manteve a meu lado durante toda noite, no jantar ela se sentou a mesa comigo e me perguntei se ela teria feito o mesmo na hora do almoço, essa é a resposta que não vou ter já que nem almocei.

Depois que o jornal acabou, fui direto para o jardim onde passava maior parte do meu tempo, porque era o lugar favorito de Lena antes dela se distanciar tanto de mim. Observei o lugar espaçoso, a piscina que mandamos fazer, o pequeno parquinho que serviria para os nossos filhos brincarem. Sinto falta de criar planos com ela, de sonhar.

Ouvi passos se aproximando, seu cheiro invadiu minhas narinas e senti a mesma se sentar a meu lado. O silêncio era presente, mas não era um silêncio confortável como de quando ficávamos ali apenas sentindo uma a outra. Até o silêncio havia se tornado doloroso, havia se tornado um peso para mim. Um peso que estou carregando sozinha.

— Você não vai me contar o motivo de estar chorando quando cheguei?

— Não finja que se importa.

— Eu me importo Kara. — Liberei uma risada nasal.

— Não, você não se importa.

— Isso não é verdade.

— Não minta para mim, Lena. Você nem mesmo se lembra que eu existo, só se lembra quando chega em casa e me encontra dormindo. Você não se importa mais comigo, não me ama mais e eu nem mesmo sei onde errei, o que fiz para você se afastar tanto e me deixar sozinha. Isso é o que me fez chorar essa manhã, a solidão que se instalou aqui, o nosso distanciamento, o fato de você não me amar mais e não ter a coragem de me dizer.

Antes que ela pudesse dizer mais alguma coisa, eu saí do jardim sentindo as lágrimas quentes em minhas bochechas, corri pela casa até um quarto de hóspedes onde me tranquei para não ter que ver mais ela. Amar Lena está doendo demais e não sei quanto tempo mais vou aguentar.

Ouvi os passos dela pelo corredor, vi a sombra dela pela fresta da porta, ouvi as três batidas que ela deu na porta e sua voz me chamando. Sua voz estava mais grave, saia arranhada, ela ia chorar e tudo por causa das coisas que falei a ela, por causa do peso que despejei sobre ela.

Levei horas para conseguir dormir, a última coisa que vi foi a sombra de Lena por baixo da porta, ela nem mesmo havia desistido de tentar falar comigo. Talvez ela tenha finalmente se tocado do que está acontecendo com o nosso casamento, talvez ela finalmente esteja querendo mudar tudo, querendo voltar ao que éramos antes de tudo desmoronar.

Talvez um dia a gente se resolva e um dia o nosso amor continue existindo. Talvez. Quer dizer que há possibilidades, mesmo não tendo certeza, há possibilidade dela voltar a me amar como antes, dela voltar a me beijar com tanto carinho, dela voltar a ser a minha esposa, a mulher que partiu sem se explicar, sem se despedir.

Lonely - Karlena Supercorp Onde histórias criam vida. Descubra agora