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Dia 7 .。.:*✧

Hoje eu acordei antes de Lena, mas não me retirei da cama como me acostumei a fazer, muito pelo contrário, eu fiquei deitada com a cabeça levemente apoiada no peito da minha esposa para ouvir seus calmos batimentos cardíacos.

Ao dar oito horas da manhã uma enfermeira entrou no quarto acordando minha esposa, ela ajudou Kieran a se preparar para cirurgia e não demorou muito para minha esposa ser levada e eu ficar sozinha no quarto do hospital com um sentimento angustiante em meu peito.

Eu esperei por horas até ver minha mulher voltar para o quarto ainda desacordada, o médico me explicou alguns cuidados que eu deveria ter com Lena, ele também me disse que uma enfermeira viria para verificar o dreno dela.

Assim que ele saiu do quarto, eu comecei a chorar feito um bebê, um alívio se instalou em meu peito ao ouvir do médico que a cirurgia tinha sido um sucesso e que agora ela só precisaria manter o tratamento para ter total certeza de que estava curada e eu farei de tudo para que minha esposa se cure cem por cento.

Quando nosso casamento começou a cair em ruínas, nunca imaginei que uma das razões seria uma doença tão grave que poderia tirar minha esposa de mim, que me traria para mais perto dela para enfrentar ao lado dela esse momento tão difícil, quase tão difícil quanto o falecimento do nosso bebê.

Mas pensando por um outro lado, tendo uma visão do que estou vivendo nesse momento, a dor da possibilidade de perder Lena se tornou bem mais intensa do que a dor que senti ao perder o meu filho, dói só de me imaginar sair desse hospital sem ela em minha vida, sem a minha esposa.

Por muitos anos imaginei minha vida ao lado dela, idealizei nossa vida de casadas, nossos filhos e a reergui quando achou que tudo estava perdido, quando ela descobriu que não podia engravidar nem mesmo fazendo tratamento, para Lena foi o fim descobrir que era infértil.

Então no dia que ela descobriu, eu a abracei e garanti a ela que nossos sonhos se tornariam reais, esperei por um mês até que ela conseguisse voltar a sua rotina normal e no fim decidi que daria uma pausa em toda minha correria como dona de gravadora para ter o nosso tão sonhado filho.

Porém, o destino não estava ao nosso favor, ele não queria que aquela criança que estava sendo gerada em meu útero há dois meses viesse no mundo. Eu demorei a aceitar isso, demorei a entender que a culpa não foi minha e para que isso acontecesse, eu precisei ler um texto escrito por minha mulher, um texto onde ela se culpava pelo que tinha acontecido.

Precisei descobrir a imensidão de seu sofrimento para compreender que não foi minha culpada, que eu não deveria ter fugido de todas as conversas que Lena quis ter comigo, porque em alguma delas talvez ela tivesse me contado a verdade sobre sua saúde e juntas estaríamos enfrentando esse male bem antes.

Talvez ela não tivesse tido medo de me contar toda verdade, nem mesmo de assinar os papéis da cirurgia, mas eu fui egoísta e pensei somente na minha dor, esqueci que poderia doer duas vezes mais em minha esposa que já tinha perdido um filho e sabia que não poderia me dar um gerado por ela mesmo.

Lonely - Karlena Supercorp Where stories live. Discover now