Lonely - Karlena Supercorp

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A vida nos é uma caixinha de surpresa, sempre revelando coisas inimagináveis, coisas das quais você, ou alguém próximo de você, nunca pensaria. Alguns poucos anos atrás, após perder o meu bebê, eu nunca pensei que descobriria que minha esposa estava com câncer, muito menos que venceríamos essa doença. Bom, quase isso. Ainda temos uma longa caminhada pela frente para garantir que o  câncer não retorne, mas temos vivido cada dia como se fosse o último.

Elizabeth ficou quase um mês no hospital, todos dias eu pedia pela vida da minha filha, para que ela ganhasse o peso necessário para receber alta e que seu corpo ficasse fortinho com todos os nutrientes que estava recebendo. A chegada de Lizzie em casa foi uma alegria única, Alex havia organizado toda nossa sala para chegada dela, ela convidou o pai de Lena e alguns amigos bem próximos.

Minha vida como mãe durante o período que me mantive distante da gravadora, foi a mais gostosa que já vivi, eu tinha uma esposa amorosa e uma filha calminha, que me deixava namorar a mamãe babona dela durante a noite. Mas é claro que nem tudo foi um mar de rosas na maternidade, as cólicas da bebê vieram, ela chorava dia e noite, e parecia que ia estourar suas cordas vocais de tanto gritar.

Mas tudo ficava pior quando Lena não estava, Lizzie gritava duas vezes mais, ficava inquieta e nada a acalmava. As vezes eu tinha que ligar para minha esposa e, literalmente, ordenar que voltasse para casa e fizesse nossa filha se calar. E funcionava. Era só ela ouvir o barulho de chaves que seus berros diminuíam dois tons, quando a voz de Kieran repercutia pelo ambiente, Elizabeth se calava e se aconchegava em meu colo para dormir.

Hoje nossa garotinha completa três anos, três anos que nosso maior sonho se realizou, que eu me tornei completa ao lado de minha esposa e nos tornamos duas mães corujas.

— Elizabeth não pode. — Luthor falou em tom repreensivo, a garotinha sapeca parou no mesmo momento. — O que a mamãe já falou com você?

— Nã podi. — Ela respondeu com as bochechas coradas, Alex sorriu.

— Então obedece a mamãe. — Ela se afastou dos docinhos dispostos na pequena mesa do bolo, minha esposa foi para cozinha.

— Ela está cada dia mais parecida com Lena. — Alex comentou sorrindo. — Até o rostinho fofo de quando Lena faz manha com você, ela tem.

— Estou absolutamente ferrada nas mãos dessas duas. — Lamentei em tom de brincadeira. — Há uns meses atrás ela me perguntou quando poderíamos ter outro filho, ela não quer que a diferença de idade seja grande, quer que eles cresçam juntos, como amigos. Nós até escolhemos o doador juntas.

— E o que você quer? — Mordi o lábio inferior. — Kara?

— Quero outro filho, espero conseguir ter outro. — Minha irmã sorriu. — Mas quero um menininho dessa vez, preciso de alguém para fazer deixar todo estiloso.

— Lena vai gostar disso.

— Do que eu vou gostar? — Minha esposa se aproximou.

— Da lingerie da sua esposa. — Arregalei os olhos para resposta de Alex. — É vermelha.

— Alex! — Resmunguei, minha esposa riu baixinho.

— Vou atrás da nossa mocinha. — Foi tudo o que minha esposa disse antes de sair.

— Você é muito idiota. — Resmungo para minha irmã que ri.

— Como a mãe dela tem te tratado?

— Bem até, mas tudo por causa de Lizzie.

— Entendo.

— Mamain. — Lizzie correu em minha direção, rapidamente deixei a tesoura que estava em minha mão e puxei minha garotinha para o meu colo. — Pepê, pepê.

— Você não mama mais Lizzie. — Murmurei confusa.

— Pepê. — Insistiu, coloquei meu seio para fora e a mesma logo o abocanhou.

— Quando vai fazer a inseminação?

— Na verdade, eu já fiz e Lena foi comigo. Mas não deu em nada porque já tem mais de meses e não senti nenhum sintoma. Nada que indique que estou grávida outra vez.

— Só uma Lizzie estranhamente grudada em você e mamando, sendo que você tomou remédio para secar seu leite. — Comentou rindo. Afasto Lizzie cuidadosamente do meu seio, aperto o mesmo e vejo sair leite.

— Céus, eu estou produzindo leite.

— Você sabe o que isso quer dizer...

— Estou grávida... — Murmurei surpresa.